domingo, 27 de dezembro de 2009

Boas Festas

Três contos curtos, no clima de festividades de final de ano. Boas festas e boas entradas a todos!

O Néctar da Virgem

Poliana era tímida ao extremo. Nunca namorou, não gostava de ficar com os meninos, não ia a baladas e sofria de baixa estima. Poliana se apaixonou por Matheus e teve de ceder. Começaram então a namorar, ela com 17 anos e ele 18.
Matheus era um bom menino. Estudioso, trabalhador, porém como todo menino de sua idade, estava com os hormônios a mil. E Poliana relutava as carícias mais íntimas. Matheus tentou de tudo: beijos no pescoço, carícias nos seios (que eram repudiadas), beijos mais longos, escapadas de mão pelo corpo de Poliana, mas ela não cedia. E por mais carinhoso e amável que Matheus fosse, não adiantava. Poliana era menina virgem, sentia-se insegura com seu corpo.
Um dia Matheus deu o ultimato: “- Ou elevamos nosso grau de intimidade, ou partirei para outra”. Claro que aquilo não era verdade, Matheus amava Poliana. Mas ele precisava suprir suas necessidades.
Era noite de Natal. Eles combinaram de sair após a ceia, para namorarem a sós. Poliana foi tomar banho e se depilar. Decidiu então se masturbar em frente o espelho do banheiro, para saber como ficaria sua cara na hora da transa. Apoiou-se na pia do banheiro, debruçando sobre ela e olhando para trás para ter a visão de sua boceta, afinal ela sabia que os homens gostam de pegar por trás. Acariciava seu corpo e se debruçava cada vez mais, até seus seios tocarem o mármore frio da pia. E ficou ali, esfregando seu clitóris e fazendo caras e bocas para o espelho. Pela primeira vez Poliana sentia aquele líquido escorrendo entre seus dedos. Colocou os dedos na boca, verificou cheiro e gosto e tudo estava aparentemente certo. Poliana se banhou, se depilou, colocou sua melhor lingerie e esperou por Matheus.
Logo após a ceia, eles saíram no carro do pai de Matheus. Poliana estava tão nervosa que suava frio, passava mal e Matheus tentava fazer aquilo parecer natural.
Encostaram o carro num lugar deserto. Matheus não parava de acariciar a boceta de Poliana, que ainda estava nervosa com aquilo. Ele decidiu ser bruto. Agarrou Poliana com força, tirou sua calcinha e caiu de boca naquele lugar ainda não explorado por homem algum. Poliana, apesar de gostar da sensação, ainda estava se sentindo mal. Mas Matheus não parava. Ele deitou o banco do carro, abaixou suas calças e puxou a cabeça de Poliana até o seu membro. Poliana chupava desajeitada, com nojo daquilo. E continuava suando frio.
Matheus percebeu que poderia gozar a qualquer momento. Levantou a cabeça de Poliana e segurou-a pela cintura com força, fazendo-a sentar em seu pau, que estava duro como nunca. Poliana sentiu dor. Ela queria sumir dali. Matheus estava extasiado com tudo aquilo e forçava a menina a subir e descer, num vai-vem frenético. Poliana não agüentou. Por mais que amasse Matheus, não conseguia segurar aquilo, e acabou acontecendo. Poliana se cagou.
Não só se cagou, mas cagou no pau de Matheus. Fezes líquidas, jatos quentes de bosta que jorravam de seu ânus, tão desejado por Matheus.
Poliana estava nervosa. Por mais que quisesse se segurar, sair dali ou tomar alguma atitude, quanto mais ela queria se esquivar, mais merda vinha. Ela começou a chorar descontrolada.
Matheus abraçou Poliana. Para a surpresa de Poliana, Matheus tinha fetiches engraçados e um deles era chuva-negra. Eles se beijaram e meteram a madrugada inteira, dentro do carro todo cagado. Matheus penetrou aquele cu, quente e umedecido pela bosta.
Poliana e Matheus continuaram juntos, se casaram e toda vez que estão no meio da foda, Matheus diz: Amor, cague em mim. Cague.

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Noite Feliz

Ela deixou a meia na janela. A meia luz. Aguardou seu presente sozinha, com uma garrafa de vinho na mão e a lareira como testemunha. O calor era infernal, quente como o chão de Cuiabá, mas ela acreditou que a lareira daria um toque de realismo e atrairia o bom velhinho.
Chegou seu presente. Não se sabe como ele entrou, isso pouco importava. Alto, forte, abdôme definido e cara de safado: tudo que era necessário para aquela noite ser feliz. Sem dizer uma palavra, ele ajudou-a a esvaziar a garrafa de vinho e entre um gole e outro, beijos avassaladores, seguidos de muita luxúria. Já não se sabia se o calor vinha da lareira, do vinho ou dos corpos que não se separavam, num vai-vem frenético. E apesar de não ter feito a tradicional ceia de natal, o frango assado estava delicioso. Já não importava se era um estranho ou se o bom velhinho realmente havia se lembrado dela. O importante naquela hora era aproveitar toda aquela voracidade do rapaz, que a devorava como um macho dominante de verdade.
Ela cochilou no sofá com o corpo suado, melado de uma noite cheia de sexo selvagem. Acordou e estava se masturbando com o pinheiro e duas bolinhas da árvore enfiadas no ânus. O bom velhinho não havia passado por lá.
Ainda bem que havia mais vinho na geladeira.

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Dando aos pobres

Ah o espírito natalino! As ruas decoradas, luzinhas piscantes, caixinhas de natal, gestos solidários... Nada é mais lindo neste mundo!
Hoje decidi fazer uma boa ação: alegrar o Natal de um morador de rua. Porque as pessoas que estão num patamar (bem) mais baixo, também merecem uma noite feliz. Dar o que comer é tão démodé.
Pense na carência dessas pessoas. Moradores de rua sequer têm um quarto ou banheiro para bater aquela punhetinha gostosa, onde você senta na mão pra ela adormecer e goza pensando que outra pessoa está lhe tocando. Depois tomar um banho demorado e dorme nu.
Sim, vou dar para um mendigo. Vou escolher aquele mais barbudo, dos calcanhares grossos e negros, unhas sujas e cabelo com bolinhas de cobertor. Claro, tem que ter no máximo quarenta anos. Se bem que é difícil adivinhar a idade dessas pessoas sofridas, mas não pode ser um senhor de idade avançada. Mendigo velho só quer saber de pinga.
Coloquei um vestido preto curto, sobre uma lingerie vermelha, sandálias de amarrar na perna e maquiagem pesada. Fui em busca do escolhido.
Andando pelas calçadas do centro da cidade só encontrei garotos viciados em cola. Até que avistei meu macho sentando na escadaria da igreja, conversando com um cão vira lata.
Pele escura, descalço, cabelos encaracolados pela sujeira, barbudo, mãos grandes e roupas sujas. Era ele mesmo. Me aproximei do alvo oferecendo um cigarro. Todo morador de rua fuma. Ele aceitou. Não falava coisa com coisa, acho que a rua o deixou débil, ou já era antes, não sei. O que sei é que aquele cheiro de comida azeda e aquela voz rouca me deixavam excitadíssima.
Convidei-o para jantar e levei a um hotel, desses do centro que não pedem documentos na porta. Pedi dois lanches e algumas cervejas. O homem estranhou o fato de estarmos num quarto, mas como ofereci comida isso pouco importava. E eu também não queria muito diálogo. Sentei no colo dele e beijei aquela boca encoberta pela barba crespa e suja. Despertei um monstro.
Sua língua áspera explorava meio sem jeito minha boca. Arranquei o vestido e o sutiã e ele sugava meus seios desesperadamente, como se aquilo fosse alimentá-lo. E eu enroscava meus dedos em seus cabelos embaraçados. Tirei aquela roupa suja que ele trajava e vi seu membro pulsando, peludo e ensebado. Não quis saber de nojo ou pudor. Suguei com maestria aquele pau grande e asqueroso. Ele gritava. Não sei o que cheirava pior, se era o pinto ou a boca. Mas também não me importava.
Tirei a calcinha e sentei de uma vez, num encaixe perfeito. Cavalguei como louca. E ele parecia não acreditar. Teve um orgasmo duplo.
Paramos para o lanche. O homem comeu em menos de cinco minutos os dois lanches, tomou uma cerveja e estava pronto para outra. Colocou-me de quatro na cama e sem cerimônias me penetrou por trás. Comeu meu cu feito louco. A cada estocada era um palavrão, nada que me ofendesse, mas era engraçada aquela reação. Gozamos como dois animais.
Para nossa surpresa não havia água no hotel. Saímos de lá sem tomar banho. Ele voltou para a escadaria e eu voltei para casa, feliz por ter realizado uma boa ação.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Uma estória verídica que se passou com o amigo de um amigo meu

Uma estória verídica que se passou com o amigo de um amigo meu (contada em primeira pessoa para dar o tom de veracidade que a fonte duvidosa rouba) e que me foi contada pelo casal, em uma mesa de bar.


UM LADO


Era para ser um fim de semana anormal, visto que há tempos não nos encontrávamos e uma certa falta de entrosamento poderia rolar. Mas foi normal, pois tudo o que acontece quando encontro meus amigos da faculdade aconteceu. Álcool, mulheres, coma-alcoólico, glicose, samba e uma chácara no interior do estado.


As irmãs, primas e mãe do anfitrião confraternizavam com as namoradas dos nossos amigos (os que levaram) e com as prostitutas à paisana que o irmão do mesmo convidara. A banda de pagode era muito bem remunerada com dinheiro e cerveja. Mas a mesa de sinuca estava vazia e eu sem ter com quem jogar.


Já estava desanimado, mas quando vi o sujeito chegar, a coisa mudou. Sabem quando embaralham as cartas e redistribuem? Então, o jogo ganhou nova cara. Descrição: tênis preto, jeans, camisa preta, óculos escuros. Cumprimentou o irmão (o cara das putas) e se pôs num canto, bebendo cerveja só quando o serviam. O fato de usar óculos escuros mesmo debaixo do grande quiosque me chamou a atenção. Peguei uma garrafa e fui servi-lo. Conversa foi e fomos jogar sinuca. Sinuca vai e ele falou que iria ao banheiro. Ok. Perguntou se eu curtia. Mandei tomar no cu. Pirlimpimpim, porra! Ok, vamos. Sai com os olhos acesos, peitos de sargento e, na boca, um gosto amargo e pequenas bolinhas que vieram do sistema respiratório.


Comentei com alguns amigos que o João Estrela estava na balada e a mesa de sinuca ficou com vários times de próximo, assim como a de pebolim e tênis de mesa. Um mais elétrico que o outro.

OUTRO LADO


Mesmo eu me opondo, minhas amigas insistiam para que saíssemos para nos divertir. Essa cidade é um porre. Todo mundo que interessa se conhece. Os que não interessam não interessam e ponto. Duas casas noturnas e alguns bares (barzinhos, como dizem) e ficamos iguais bola de sinuca, cada hora em uma caçapa. Odeio. Mas Zorra-Total tira qualquer uma de casa. Não que eu estivesse entediada, carente de alguém realmente interessante, alguém que não estivesse nas barras do pai doutor ou industrial e da mãe “torta-de-maçã”. Ou estivesse, popularmente, com vontade de dar.


Fomos.


Quando estávamos entrando para pegarmos as comandas, um bando de homens se fez notar rindo, se apontando o dedo e brincando como filhotes de leões. Não eram da cidade. Isso me impressionou.


Já dentro, deixei as meninas seguirem para a pista e fiquei perto da entrada, esperando alguém que não conhecia.


Tempo depois eles passaram, com a mesma euforia da entrada. Já no primeiro posto (à minha frente) pegaram cerveja e nem brindaram, como é de costume por aqui. Foram bebendo para a caça, exceto um, que ficou parado, concentrado em virar uma longneck. Quando parou, encheu o peito de tal maneira que me roubou o ar. Notou-me o notando e jogou sobre mim um olhar e um meio sorriso safado de uma força sutil... Baixei os olhos, sorrindo. Esperei um pouco para subir e olhá-lo e quando o fiz ele já não estava mais lá.


Caí para a festa introspectiva, mas não encontrava as meninas.


No balcão da cerveja sofri um esbarrão. Quando me virei para reclamar eram os olhos e o meio sorriso novamente. Desculpa, escutei. Sorri. Se tem uma coisa que me dá tesão, continuou, é mulher com unhas pintadas de negro; se for pálida assim, então, dá combo; e se for loira de luzes, outro combo. Então tenho... tenho... quatro pontos. E ganhou. Dê-me o prêmio. Beijou. Pegamos as cervejas e fomos para um canto. Vamos tomar um pouco primeiro, senão vou te deixar molhadinha, me falou. Tomamos. Beijamos infinitamente e tinha um gosto meio amargo e anestésico e durante isso não conseguia pensar em nada, era como se eu não existisse. Momento iogue.


Ele não era um cara grande e forte. Do meu tamanho e nem gordo nem magro. Mas seu abraço me possuía de tal maneira, me envolvia em seu campo-de-força que dava a sensação de proteção e plenitude que não sei explicar. E nem o conhecia ou já sabia tudo o que precisava saber sobre ele para poder roçar minha bunda em seu pau sem constrangimentos. E a história da unha, pele e cabelo ficara em mim: ele era totalmente o oposto.


Entre amassos, cervejas e esfregações foi-se a noite mais feliz desse meu ano até então sem-graça e siririquento.


Vamos para um motel, propôs. Hum... Beijo. Vamos. Chamei uma das meninas que vieram de carona comigo, apresentei meu homem. Mas vendo a situação, ela alegou já ter outra pessoa para deixá-la em casa. Na saída, cada um pagou a sua comanda e demos muitos beijos dentro do carro antes de partir (ele até me masturbou enquanto beijava, sensação única, essa).


No caminho ele não tirou a mão das minhas pernas, apertando e acariciando... eu não me agüentava mais... e, quando ele me pediu para estacionar numa rua de pouco movimento para metermos ali mesmo, resisti um pouco, afinal, sou uma mulher jovem e não posso...


Tá bom, vai, mas só umazinha, hein? Ele foi o maestro, como deve ser. Primeiro me fez chupá-lo e ele alisava minha cabeça e minhas costas com uma delicadeza bruta, de massagista. Puxava os cabelos e escorria dos dedos pela face e bochechas (que hora e vez recebia pancadas vindas da parte de dentro).


Único.


Depois me beijava e sua mão se movimentava com destreza entre minhas virilhas lisas e viscosas. Já me tirava gemidos. Tomei a iniciativa de cavalgá-lo. Pulei para o banco do passageiro. Meter e beijar ao mesmo tempo, me falou, é a vantagem dessa posição. E posso sentir o poder do peitoral junto ao meu, acrescentei.


Quando eu estava quase lá, ele decidiu que queria mais cerveja. Pedi para que esperasse um pouco e chamei-o de amor. Vamos lá agora, depois te fodo mais no motel. Péra... péra... e intensifiquei a velocidade e tentei beijá-lo, mas esquivou-se. Vamos logo, caralho, depois te dou mais pinto. Brochei. Abracei-o, beijei o seu pescoço e tirei o celular do seu bolso, jogando-o para o bando de trás.


No banco do motorista novamente me vesti e toquei o carro. Silêncio sepulcral. Estaciono na Conveniência 24 hrs. Heineken para você também? Silêncio. Ok, se quiser ir para a sua casa de Barbie, vá. Já poderei contar que te meti mesmo. Sai.


Dou marcha ré e saio. Lágrimas esparsas caem.


Quero ver como esse paulistano filho da puta vai se virar para achar a chácara dos seus amigos imbecis, sem o celular.


A MOEDA


“Mesmo em casa, não tirei o telefone dele do bolso. Sou idiota e esperei a ligação sem conseguir me concentrar nos estudos para as provas finais. Estava amando, já, e ainda sentia o gosto agridoce do beijo vigoroso daquele homem. Essa palavra, agridoce, foi a que ele usou quando o indaguei sobre o gosto e se tornou um gatilho para a sua imagem em minha mente.”


“Demorei um pouco a ligar. Estava receoso, afinal, uma das poucas lembranças que eu tinha ao sair de casa era de ter levado o celular. Liguei e ela atendeu, né amor? Pedi desculpas. O que conversamos exatamente não interessa agora, mas no fim de semana seguinte voltei parta a cidade dela e começamos.”


“Foi mais ou menos assim...”


“É, mais ou menos...”


“Só não contem com tanto detalhes para a Maria Rita ou Ricardo, quando um deles nascer!”

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Garotos de Aluguel

Meu nome é Samira. Sou uma bem-sucedida empresária do ramo de laticínios. Meus desafetos dizem que sou uma devoradora de homens, mas não é verdade. Considero-me apenas uma caçadora. Vislumbro um alvo para saciar minhas necessidades e não sossego enquanto não o conquisto. Querem ver? Vou exemplificar contando uma situação recente pela qual passei: estava em casa assistindo televisão – tevê a cabo, entenda-se, odeio noveletas, programinhas populares e demais bobagens da tevê aberta – quando vi um comercial de creme dental que me chamou a atenção. Jovens jogando frescobol num lago, dando mergulhos, exibindo o frescor e o vigor dos seus vinte e poucos anos. Um dos rapazes me deixou fascinada: era lindo, loiro, um corpo perfeito. Tive uma vontade incomensurável de ser possuída por ele de todas as maneiras possíveis. Daria para ele de quatro, e ele fruiria cada centímetro do meu corpo sólido e bem torneado. Devo acrescentar que, não obstante ter transposto a barreira dos quarenta anos, tenho o corpo modelado por exercícios físicos diários e me cuido muito bem, controlando minha alimentação de maneira espartana. Jamais darei as mulheres de minha idade, que freqüentam a academia, os salões e as festas da high society, o gostinho de poderem dizer, pelas minhas costas, como é do feitio dessas vagabundas, que minha bunda está enorme, que sou um pudim de celulite ou que as estrias já estão tomando conta de mim.


Creio que fujo do assunto. Bom, o fato é que fiquei loucamente obcecada pelo rapaz da publicidade de pasta de dentes e comecei a mexer os meus pauzinhos para mexer o pauzinho dele. Uma mulher da minha idade que não possuísse o meu dinheiro, inteligência e vitalidade, se entregaria a devaneios e sonhos eróticos com esse homem, acordando no meio da noite toda molhada, mas se contentando em apagar o fogo da xana com o marido ou namorados machistas e inexpressivos, sempre nessa velha e mesquinha frigidez que tira todo o sentido da vida. Mas eu não. Eu corro atrás do que quero. Chequei qual agência foi a responsável pela criação e telefonei, pedindo o contato do modelo. Aleguei, para não ficar malvista, que pretendia contratá-lo para uma campanha da minha empresa. Foi moleza. Forneceram-me o número de celular dele. Liguei para o Renato, esse era o nome dele. Utilizando ainda o pretexto de seleção de casting para uma campanha da minha empresa, marquei um almoço com ele para o dia seguinte. Creio que ele tenha entendido minhas segundas intenções, pois uma empresária de grande porte como eu possui um departamento de marketing eficiente para cuidar de assuntos desse tipo. Mas nos encontramos enfim num dos melhores restaurantes da cidade e tive uma pequena decepção: achei-o mais baixo do que na propaganda de tevê. De resto, era mesmo um deus: além dos dentes perfeitos, requisito básico para um modelo como ele, o corpo era todo sarado, os olhos brilhantes e invasivos e, ao contrário da maioria dos homens que trabalham nesse ramo, Renato possuía grande cultura, inteligência e educação. Fiquei, além de transtornada de tesão, encantada com aquele homem. Mas, como é do meu estilo, fui direta. Disse: “Quero ir para a cama com você”. Ele não se mostrou surpreso, nem ofendido, tampouco constrangido. Ficou calado por alguns instantes e me disse, finalmente: “Samira, peço desculpas, mas não faço michês. Além do mais, tenho uma noiva”. Eu retorqui que jamais tinha passado pela minha cabeça que ele fizesse michês – embora muitos deles façam – mas que eu tinha uma necessidade impetuosa de que ele transasse comigo. Para enfatizar isso, por baixo da mesa, rocei minha perna na dele. É importante dizer que eu, para ter sucesso na minha empreitada, vesti meu melhor e mais provocante vestido, com um decote generoso e curto o suficiente para que ele visse minhas lindas pernas. Estava também perfumada e, quando falava, colocava no tom de voz a ênfase necessária para deixar com que aquele homem entendesse claramente todas as minhas intenções. Ficamos um bom tempo conversando, eu ousando cada vez mais, sugerindo que saíssemos dali diretamente para um motel, que eu faria tudo que ele quisesse, sacanagens que o deixariam completamente louco, que ele usaria e abusaria de todo o meu corpo. A resistência dele ia sendo vencida, afinal de contas ele era um homem e não existe nem nunca existiu um homem que pudesse resistir a uma mulher como eu. Então eu joguei a cartada final: “Vem bobinho. Vou fazer com você tudo que sua noiva não faz”. Devo admitir que foi um golpe ousadíssimo de minha parte: se ele amasse muito a noiva, poderia se ofender e tudo iria por água abaixo. Mas minha perspicácia jamais me traiu. Ele me disse, entre envergonhado e excitado: “Nunca fiz sexo anal. Minha noiva não gosta e as minhas namoradas anteriores não permitiram”. Fiquei tão comovida que tive vontade de chorar. Com esforço para não deixar transparecer minha emoção, respondi: “Então vamos. Vou dar o meu cuzinho pra você. Bem gostoso”.


Quando chegamos ao motel, foi bom. Não foi nada de outro mundo e, pra falar a verdade, já tive fodas muito melhores. O rapaz era mesmo tímido e, para minha surpresa, inexperiente. Deixei que ele fizesse o que quisesse, e ele fez um esforço descomunal para não gozar com todas as coisas que eu fazia para ele. Primeiro chupei seu pau demoradamente e com esmero, utilizando toda a técnica que possuo, engolindo até o talo, passando a língua em toda a sua extensão, da glande até a base, e depois nos testículos. Quando ele estava no ponto, deitei com as pernas bem abertas e disse: “Vem”. Enquanto ele me fodia, falava sacanagenzinhas no ouvido dele, chamava-o de “meu garanhão”, de “fodedor” e de “meu homem”. Notei que ele ficava particularmente exaltado com essa última expressão, e comecei a usá-la mais. Depois de uns vinte minutos, variando as posições, dei para ele o que lhe prometi: meu ânus. Eu também tenho a técnica perfeita para a prática do sexo anal e, quando ficava nítido que ele iria ejacular, segurava um pouco os movimentos para prolongar seu prazer. Depois de menos de dez minutos comendo meu cu, ele não agüentou mais e sinalizou que iria gozar. Pedi que ele ejaculasse na minha boca. O sêmen dele era levemente adocicado, senti vontade de engolir, mas achei que era prêmio alto demais para um rapaz que me deu um grau médio de prazer.


Quando saímos do motel, perguntei onde ele queria que eu o deixasse e, no caminho, conversamos de forma descontraída sobre vários assuntos. Chegamos ao prédio dele, ele perguntou se eu não queria subir, eu respondi que não. Então Renato perguntou-me quando nos veríamos novamente. Respondi que nunca mais. Tive um rápido momento de ternura para com ele quando me perguntou por quê, se ele tinha feito algo que eu não gostara. Argumentei que não era nada daquilo, apenas não achava prudente que nos víssemos, eu sou uma mulher conhecida, recém-divorciada, e ele tem uma noiva. Foi apenas uma aventura, nada mais. Ele balançou a cabeça afirmativamente, beijou-me no rosto e desapareceu pela porta do edifício.


Voltando para casa, me senti estranha. Mais uma vez eu tive o que queria, da forma como queria. Venci mais um jogo, era uma mulher poderosa, capaz de conquistar quem e o que quisesse. Então por que não conseguia parar de pensar em Renato, tirá-lo da minha cabeça? Tomei um banho, jantei, e fiquei na cama assistindo tevê. Quando Renato apareceu, submerso naquelas águas puras, limpas e refrescantes, não consegui conter as lágrimas. O que diabos estava acontecendo comigo?


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O gosto de uma conquista é saboríssimo, porém efêmero. Uma vez conquistado um prêmio, você já quer outro. Colecionei, ao longo da vida, namorados de todos os tipos. De todas as classes sociais. Dos mais diferentes ramos de atividades. Para alguns, dei já no primeiro encontro. Outros, cozinhei em banho-maria, para deles tirar mais vantagens e maior proveito. Com a idade que tenho, com o vigor e determinação que carrego em mim, considero-me uma mulher única, capaz de ter tudo que quero, da forma que quero.


E tive, efetivamente, tudo o que quis até então. Mas faltava uma coisa. Fui, com o passar dos anos, cedendo a um desejo voraz, até que ele se tornasse uma obsessão. Eu queria... Não sei se serei compreendida, creio que serei até discriminada ao fazer essa confissão. Mas já há algum tempo, tenho tido uma vontade incontrolável de dar para o Zé Ramalho. Não posso mais ouvir aquela voz de trovão, rascante, dizendo “pague meu dinheiro e vista sua roupa” que fico todinha molhada. Compreendi que era necessário encontrar um meio de dar para ele, sem demora. E que isso naturalmente seria mais difícil do que foi com o rapaz da propaganda de pasta de dentes. Acionei meus contatos, pessoas influentes do meio artístico. Uma delas prometeu-me um encontro com o Zé. Tratava-se de Esther, amiga de longa data e proprietária de uma casa de shows. Encontrei-me com ela em seu escritório.


“Menina, me explica essa coisa do Zé Ramalho. O que você quer com ele?”
“Você promete que não vai ter um troço?”
“Diz logo”
“Quero dar para o Zé”.


Esther encarou-me com olhar divertido e apalermado, como se achasse que eu estava brincando. Enfatizei que era sério. Que eu vinha sonhando todas as noites com Zé Ramalho, imaginando-o roçando aquela barba no meu púbis, me dizendo as coisas mais sacanas e sugerindo-me as maiores loucuras, aventuras, viagens. Era sexo, era transcendência, psicodelia, musicalidade, tesão. Tudo misturado.


“Olha, já vi gostos estranhos, fantasias bizarras e fetiches não-convencionais. Aliás, na idade em que estamos e com a vida que levamos, nada mais nos surpreende. Mas, amiga, mesmo assim estou bege!”, me disse Esther, enquanto discava um número no aparelho de telefone.
“Pra quem você está ligando?”, perguntei um pouco incomodada.


Ela não respondeu. Minutos depois, alguém atendeu e ela disse:


“Zé, tudo bem? Tenho uma amiga aqui que é uma grande fã sua. Chama-se Samira. Ela gostaria de lhe falar.”


E a filha da puta me estendeu o fone. Gesticulei desesperada. De repente, toda a segurança que sempre tive me faltou. Porra, era o Zé Ramalho! O que eu iria dizer? O que iria fazer? Esther me sussurrou “vai boba, fala com ele”.


“Alô...”
“Alô, Samira. Como vai? Esther me disse que você é minha fã. Amanhã estarei por aí. Posso lhe pagar um almoço?”


Só consegui responder que sim. Não consegui dizer mais nada. Travei, minha boca ficou seca. Era o Zé Ramalho, era aquela voz inconfundível, aquele sotaque. E eu estaria frente a frente com ele no dia seguinte. A noite toda não pude dormir. Entre nervosa, ansiosa e excitada, só me acalmei depois de me masturbar. Ouvindo, na minha cabeça, Zé Ramalho cantando só para mim: “Eu vou te jogar num pano de guardar confetes...”


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Cheguei com antecedência ao restaurante no qual combinei me encontrar com o Zé e, para minha surpresa, ele já me esperava degustando um vinho. Quando me aproximei, ele me abraçou e comentou algo sobre a minha exuberante beleza. Um galanteador. Não sei se pelo vinho ou pelo carisma que emana dele, mas o fato é que eu já não estava mais apreensiva. Conversávamos sobre música, sobre sucesso, sobre dinheiro, sobre viagens. Ele era tudo que eu esperava dele e um pouco mais. Contou-me que tinha alguns shows programados na cidade no próximo mês, disse que eu seria sua convidada de honra. E então começou a cantar sua música mais recente. Não pude me conter: lágrimas caíam de meus olhos aos borbotões. Ele se assustou e, todo solícito, estendeu-me um lenço – que eu guardaria por toda a vida – e perguntou-me o que havia. Contei-lhe tudo: que era apaixonada por ele – uma mentira calculada para chegar logo ao meu objetivo, que era dar para ele – e que desde criança sonhava com aquele dia. Pagamos a conta e fomos para o seu apartamento. Ele serviu-nos mais uma dose de vinho, colocou no toca-discos um vinil de Cole Porter.


“Então, minha pequena, me diga o que você quer de mim”, me disse, olhando nos olhos.


Pedi que ele me chamasse de “baby”, e ele cantarolou:


“Baby, baby, baby... uou ô ô ô ô…”


Fiquei alucinada. Pulei sobre ele, enlacei minhas pernas em sua cintura.


Quanto tempo falta para lhe esquecer
Quanto vale um homem para amar você?



Zé é, devo dizer, muito bom de cama. Nenhum homem me levou a um nível tão místico no sexo quanto ele. Não sei se era o homem real de carne e osso que ali estava ou se o mito que em torno dele se construiu que me levaram àquela loucura toda. E, evidentemente, o pinto dele era enorme. Fizemos, repetimos, conversamos, repetimos novamente, fumamos, demos outra. Depois eu queria mais, mais ele disse que não seria capaz nem com pílula azul.


“A idade é uma praga, meu amor”, me disse.


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No dia seguinte, eu estava nas nuvens. Sentia-me a mais poderosa e amada das mulheres da face da Terra. Era como um garotinho que depois de encher um álbum de figurinhas todo, tirava a última que faltava, mais brilhante, especial e premiada. Minha figurinha era o Zé Ramalho. Eu tinha dado para o Zé Ramalho. Estava em casa, rememorando tudo o que havia se passado, quando Esther me ligou:


“E então, amiga? Como foi com o Zé?”
“Ma-ra-vi-lho-so, Esther! Que homem perfeito! Tive uma noite inesquecível!”
“Hum, que bom. Mas você não notou nada de diferente?”, me disse Esther, entre risos.
“Como assim?”, perguntei já antevendo a desgracenta revelação que se seguiria.
“Samira... Eu te sacaneei. Aquele não é o Zé Ramalho. É o Duda Ramalho, o maior sósia do Zé Ramalho no Brasil. O verdadeiro Zé tá numa turnê em Portugal! Ha ha ha. Não acredito que você caiu...”


Desliguei o telefone na cara da cretina. Tomei um porre de Prozac, só acordei no dia seguinte. Filha da puta, tomara que morra. Que morra!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Eu tenho Fé

Era uma quarta-feira de outono, mas não fazia frio por incrível que pareça. Ele pegou seu carro e começou a procurar o que fazer na noite paulistana. Ele começou a rodar pelo centro da cidade, olhando com o rabo do olho a fauna noturna para ver se tinha algo a ser feito. Precisava ser feito, aquela era uma noite especial para ele. Antes que se desse conta, havia começado um pequeno engarrafamento nos arredores da Haddock Lobo. Discutia negócios com uma moça de pernas grossas e cabelos loiros, escondida em um canto não-iluminado. A voz sedosa e os seios fartos foram o elemento vencedor no negócio. Kátia. No caminho para o motel-abatedouro, cantarolava na cabeça a música de Fausto Fawcett, imaginando como seria uma calcinha que afundasse um navio de guerra inglês na Guerra das Malvinas.
Mas outra coisa acabou chamando a atenção no caminho até o ponto onde a noite se consumaria: no sorriso da moça, ele notou um queixo prolongado que a escuridão encobria. Passou a mão em sua coxa esquerda como parte da preliminar, para aquecer os motores. Sentiu uma aspereza não muito comum naquela área, mesmo porque ele nunca ouviu falar de uma prostituta que usasse meia-calça no exercício da profissão. Sabia disso porque primeiramente, nunca viu uma puta de meia-calça. E porque se lembrava daquele episódio da Família Dinossauro onde o réptil-pai dizia que a punição para a mulher entrar nas regras morais de sociedade seria a meia de nylon.
Conforme os semáforos iam passando, o sorriso e a lascívia do motorista mudavam para uma expressão taciturna, compenetrada, como se estivesse no lugar daquele piloto do Top Gun do começo do filme onde ele tenta guiar seu F-14 para a pista do porta-aviões no meio da tempestade na alvorada. Ela sentiu a vibração e também refreou-se em seus comentários. Ambos entraram no piloto automático e seguiram para seu inexorável destino.
Chegando no quarto, que se resumia a uma cama e um criado mudo (além do emblemático televisor com circuito fechado de pornografia), ele teve uma chance melhor de ver o que havia alugado por alguns momentos. Ela era morena, tinha a pele bronzeada de sol. Uma tatuagem de beija-flor na omoplata direita. E um pênis. Não havia se assustado. Sabia desde o momento em que passou a mão nas coxas dele/a que havia comprado gato por lebre. A barreira do susto inicial de se deparar com outro pênis na sua vida senão o dele foi superada e ele tentou acionar o seu lado criativo e designer.
Tentou tocá-la depois que ela saiu do banho, mas sem sucesso. Ela não aceitou nenhuma carícia, sequer tocar em seus seios. Limitou-se a empinar a bunda de bruços na cama de casal e dizer “vai, estrupa”, com um português desgraçado. Respirou fundo, pensou na noite que se seguia e fez o que devia. De meia e camiseta, montou em cima de “Kátia”. A ação toda durou pouco mais de sete minutos, tempo mais do que suficiente para o que pretendia.
“Kátia” recebeu seu pagamento pela noite e saiu antes do motel. Ele ficou um pouco mais para honrar a meia-hora padrão dos abatedouros no centro da cidade. Tomou um ar, acendeu um cigarro e limpou o pinto na pia do motel. Dirigiu tranqüilo para casa, desviando das rotas que levavam ao estádio de futebol. Chegou em casa, ligou a tevê. Era a final da Taça Libertadores da América de 2005. Pênalti para o Atlético Paranaense.
- Peguei um travesti sem saber e consegui cumprir o meu ‘dever’. Se eu consegui, ele consegue pegar esse pênalti. Eu tenho fé.
Rogério Ceni pulou no canto e apanhou a bola. O São Paulo Futebol Clube ia para o Japão. E ele nunca mais andou pela Haddock Lobo, fosse de dia ou de noite.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Das fantasias de cada um

Nunca tive uma postura vulgar. Sou uma mulher culta. E sempre tive inteligência acima da média. Gosto de leitura, poesia, teatro e tenho pensamento crítico. Sei falar de política também. Gostar de sexo, mesmo que seja muito, nunca fez de mim uma puta.

Sexo pra mim sempre foi lugar-comum. Minha mãe falava abertamente comigo, muito antes de eu me tornar “mocinha”. Minha irmã, sete anos mais velha, expunha de maneira lúdica assuntos como menstruação, reprodução, beijo de língua, entre outros. E eu, sempre muito precoce, não só entendia como queria cada vez mais experimentar aquelas sensações. Aos 11 anos de idade menstruei. Aos 11 também comecei a descobrir os prazeres da masturbação, inclusive através de estimulações anais. Não demorou muito para que eu começasse a experimentas as sensações oferecidas pelo sexo oposto, iniciando pela felação até, finalmente, ser desvirginada aos 15 anos. De lá pra cá experimentei de tudo. Não tive mais pudores quanto ao sexo, salvo algumas exceções. Gosto de sexo viscoso, de troca de fluidos. Gosto de sexo selvagem, quente, bruto. Gosto de transar menstruada, de me sentir dominada por um sujeito viril, que me faça escrava a seu bel prazer. Já experimentei todos os tipos de relações, com todos os tipos de pessoas, muitas delas ao mesmo tempo. Inúmeras vezes me vi sorvendo um membro com toda destreza, enquanto outro me penetrava com volúpia. E, como boa hedonista, me sentia realizada. Sempre quis mais, sempre tive mais.

E no meio desta vida regada a orgias e troca de líquidos, eu o conheci. Tínhamos um amigo em comum, um dos poucos amigos com quem eu ainda não havia me deitado. Um amigo do meu lado culto, não do lado devassa. E ele era lindo. Desde o momento que o fitei, senti um enorme desejo carnal, uma vontade louca de me entregar por completo, deixá-lo explorar todos os lugares do meu corpo e me penetrar de todas as formas possíveis. Porém, o rapaz em questão era virgem. E tímido. Como me entregar para uma pessoa assim, sem parecer vulgar? Pois o segredo das mulheres que gostam de sexo está em não expor isso rotineiramente, ou seja, sua postura no dia a dia não pode ter algo a ver com seu desempenho na cama. Mesmo que déssemos alguns beijinhos freqüentemente, eu precisava guiar sua mão até meu seio para que ele avançasse o sinal, e mesmo assim não era um grande avanço. O máximo que consegui até então foi lamber seu membro. Sim, ele tinha ejaculação precoce e antes mesmo que eu o abocanhasse inteiro, senti aquela viscosidade em minha boca. Um misto de frustração e sensação de incompetência.

Até que um dia conversamos abertamente. Perguntei se eu não o agradava, se ele não me desejava ou se poderia melhorar eu algo, e ele me confidenciou que tinha uma fantasia. Aquilo me deixou excitadíssima. Contive minha euforia e procurei explorar um pouco o assunto. Ele me disse que era complicado, pois achava que nenhuma mulher aceitaria, e tentei mostrar-me o mais compreensiva possível, rezando apenas para não se tratar de zoofilia ou sexo escatológico. Conversamos a semana inteira a respeito do assunto e resolvi pedir que ele me contasse qual era a fantasia, para que pudéssemos realizá-la junto. Assim eu me sentiria mais confiante e ele teria muito mais prazer. Ele achou por bem não me contar, mas consentiu em realizá-la comigo no final de semana. E eu não agüentava mais de excitação.

Ele chegou a minha casa com uma mala de viagem. Percebi que a fantasia em si era realmente uma fantasia, que necessitava de apetrechos. Sentia-me eufórica, excitada, completamente molhada. Ele tímido, parecia se arrepender de ter me contado. Eu não via a hora de descobrir qual era a tal fantasia. Ele vendou meus olhos com muita delicadeza, me deu um beijo terno e me agradeceu. E eu só pensava em tirar aquela venda e descobrir a tal fantasia secreta. Já sentia meu prazer escorrendo por minhas pernas. Não lembro quanto tempo levou, mas enfim ele chegou perto de mim. Senti seu corpo quente, em seguida sua boca subindo por minhas pernas e enfim sua língua de encontro a minha. Um beijo forte, que ele nunca havia me dado. Ele tirou a venda.

Para minha surpresa, ele não estava mais lá. Estava ali comigo Saint Seiya, dos Cavaleiros do Zodíaco. Contive o riso, fiquei de quatro com o rosto abaixado, quase enfiado no travesseiro e pedi para que Saint Seiya depositasse em mim toda a cólera do dragão (sim, eu confundi os personagens e fui corrigida por ele). Ele parecia gostar daquilo, demorou mais para gozar, cerca de cinco minutos. E no ápice da penetração, ele trocou o gemido por um grito excêntrico: “Me dê sua força, Pegasuuuuuus...” e caiu de lado, desfacelido. Ao acordar ele me agradeceu. Fiquei feliz por realizar sua fantasia, mais feliz ainda por descobrir que eu o amo, mesmo com essa esquisitice.

Esta noite eu serei a Pucca e ele o Garu.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Corinthians

Por mais que o pai tentasse focá-lo em outras coisas, só pensava em futebol. De pequeno colecionava figurinhas, tinha pôsteres no quarto do Marcelinho, Neto, Tupãzinho, Biro-Biro... Ia a todos os jogos do Corinthians, mas chegara aos 21 anos sem uma namorada que fosse. O pai era do tipo machão e temia que o filho fosse veado. Resolveu fazer o teste.

Calhou de chegar à casa Julieta, uma prima de 16 anos, vinda do interior. Malicioso, Oduvaldo viu que ela tinha grande potencial para a sacanagem e pensou: “Eis aí uma grande chance do Junior perder o cabaço”. Mas Junior, como sempre, só queria saber de uma coisa: Coringão. Mal olhava para a prima e o pensamento estava absorto no campeonato paulista, que chegava aos seus estertores. Domingo, o Palmeiras. O empate é nosso, a taça é nossa, pensava. Julieta, que por ele se interessou logo de cara, provocava. Usava roupas sumárias, aproveitando o mote da menina ingênua vinda da roça. Oduvaldo tentava compor climas, saía com a mulher, deixava os dois sozinhos. À volta, perguntava marotamente: “E então, minha sobrinha? O que vocês aprontaram?”. Fazia cara de choro quando ela dizia que nada, que Junior saíra para comprar ingresso com os amigos da Camisa 12, facção local.

Quando a esperança já estava perdida, aconteceu. Os pais saíram de casa e eles novamente ficaram sozinhos. Era o domingo da final. Julieta, para agradar, vestiu uma camisa do Corinthians do primo, que ficou larga nela. Por baixo, apenas calcinha. Suas pernas brancas e lisas, aparecendo sob o manto sagrado alvinegro, enfim pareceram despertar alguma reação no corintiano. Olhou-a profundamente, fitando longamente os seios, que na ansiedade da prima subiam e desciam num louco resfolegar, o distintivo do clube se movimentando e, enfim... Não mais puderam conter-se. Enquanto Marcelinho aproveitava uma bola que sobrou na área para fazer 1x0, ele a agarrou. Beijaram-se loucamente, avidamente. Ela ia tirar a camisa, ele pediu: “Não. Não tira.” Ela montou em cima dele, ele tirou-lhe a calcinha. Começou a comê-la, mas sentiu, desesperado, que a excitação ia diminuindo-lhe. Ela fingia não perceber, continuava os movimentos, torcendo para que o primo se recuperasse. Mas era um esforço vão. Um gol do Palmeiras, acontecendo naquele momento, terminou com tudo. Broxou. Ela procurou consolá-lo, enquanto lágrimas sinceras desciam por suas faces. “É assim mesmo, meu amor. Todos ficam nervosos na primeira vez”. Como era decidida, não desistiu. Esperou alguns minutos para que ele se recuperasse e voltou à carga. Agarrou seu pênis com as duas mãos e começou a movimentá-lo, ritmadamente. Tinha muita técnica e seu rostinho inocente não denunciava a vasta experiência que tinha atrás de cercas, pomares e igrejas na sua cidade natal. Depois de algum tempo de esforço inútil, viu que os olhos dele estavam cravados na TV, apreensivos. Veio o segundo gol do Palmeiras, a virada. Passou um infindável tempo fazendo de tudo, gastando seu repertório de sacanagens e habilidades manuais e orais. Mas nada, destruído, ele encarava o televisor. Quando Julieta ia agarrar o controle remoto e desligá-lo, uma bola de Ricardinho chegou para que Edílson empurrasse para as redes. Gol. Ele gritou, pulou, a abraçou. E, ato reflexo, pulou pra trás. Estava de pinto duro. Inexplicável, mas ela não perdeu muito tempo tentando entender. Empurrou-o para o sofá e subiu nele de novo. Depois, trocaram de posição. E foram assim, dessa vez sem parar, até que ele gozasse. Gozou no exato momento em que o Capetinha Edílson fez as famosas embaixadinhas e o jogo acabasse em pancadaria e título para o Corinthians. O êxtase era total. Era um homem.


Fato é que essa experiência, com todos os seus elementos, forjou sua rotina sexual. Passou a preferir, para transar, os dias de jogos do Corinthians. As parceiras estranhavam, no motel, que a TV ficasse ligada no futebol. Algumas não agüentaram mesmo a esquisitice e se mandaram. Mas ele seguiu assim durante algum tempo, sem pensar em se tratar e sem contar o fato para ninguém.


Em 2007, começou a namorar Regina. Uma mulher que tinha todas as qualidades, exceto uma: era palmeirense. No início, continuou com sua odisséia sexual: levou-a para motéis e transavam assistindo aos jogos. Explicou-a que só conseguia gozar assim, e ela pareceu entender. Mas a situação se complicou durante o campeonato brasileiro. Cada derrota do Corinthians significava para ele um mau desempenho sexual. A cada gol tomado pelo goleiro Felipe, correspondia uma broxada. A cada gol perdido por Lulinha, Finazzi ou Clodoaldo, outras. A situação não podia ser mais patética. Regina se esforçava, tentava criar fantasias, dizia-lhe: “Vem, me fode. Me fode como você gostaria de foder o Palmeiras”. Ele se animava, mas um segundo depois alguém cruzava bola na área do Corinthians, Betão e Zelão paravam pedindo impedimento, vinha o gol e seu pênis caía, como o Felipe dentro do gol.


Não podia terminar de outro jeito: no dia em que o Corinthians caiu pra Série B, como desgraça pouca é bobagem, Regina lhe abandonou. Ele deixou-se ficar, infeliz, deitado na cama. E pensava consigo mesmo: “Se não tivessem suspendido o Finazzi...”