terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Das fantasias de cada um

Nunca tive uma postura vulgar. Sou uma mulher culta. E sempre tive inteligência acima da média. Gosto de leitura, poesia, teatro e tenho pensamento crítico. Sei falar de política também. Gostar de sexo, mesmo que seja muito, nunca fez de mim uma puta.

Sexo pra mim sempre foi lugar-comum. Minha mãe falava abertamente comigo, muito antes de eu me tornar “mocinha”. Minha irmã, sete anos mais velha, expunha de maneira lúdica assuntos como menstruação, reprodução, beijo de língua, entre outros. E eu, sempre muito precoce, não só entendia como queria cada vez mais experimentar aquelas sensações. Aos 11 anos de idade menstruei. Aos 11 também comecei a descobrir os prazeres da masturbação, inclusive através de estimulações anais. Não demorou muito para que eu começasse a experimentas as sensações oferecidas pelo sexo oposto, iniciando pela felação até, finalmente, ser desvirginada aos 15 anos. De lá pra cá experimentei de tudo. Não tive mais pudores quanto ao sexo, salvo algumas exceções. Gosto de sexo viscoso, de troca de fluidos. Gosto de sexo selvagem, quente, bruto. Gosto de transar menstruada, de me sentir dominada por um sujeito viril, que me faça escrava a seu bel prazer. Já experimentei todos os tipos de relações, com todos os tipos de pessoas, muitas delas ao mesmo tempo. Inúmeras vezes me vi sorvendo um membro com toda destreza, enquanto outro me penetrava com volúpia. E, como boa hedonista, me sentia realizada. Sempre quis mais, sempre tive mais.

E no meio desta vida regada a orgias e troca de líquidos, eu o conheci. Tínhamos um amigo em comum, um dos poucos amigos com quem eu ainda não havia me deitado. Um amigo do meu lado culto, não do lado devassa. E ele era lindo. Desde o momento que o fitei, senti um enorme desejo carnal, uma vontade louca de me entregar por completo, deixá-lo explorar todos os lugares do meu corpo e me penetrar de todas as formas possíveis. Porém, o rapaz em questão era virgem. E tímido. Como me entregar para uma pessoa assim, sem parecer vulgar? Pois o segredo das mulheres que gostam de sexo está em não expor isso rotineiramente, ou seja, sua postura no dia a dia não pode ter algo a ver com seu desempenho na cama. Mesmo que déssemos alguns beijinhos freqüentemente, eu precisava guiar sua mão até meu seio para que ele avançasse o sinal, e mesmo assim não era um grande avanço. O máximo que consegui até então foi lamber seu membro. Sim, ele tinha ejaculação precoce e antes mesmo que eu o abocanhasse inteiro, senti aquela viscosidade em minha boca. Um misto de frustração e sensação de incompetência.

Até que um dia conversamos abertamente. Perguntei se eu não o agradava, se ele não me desejava ou se poderia melhorar eu algo, e ele me confidenciou que tinha uma fantasia. Aquilo me deixou excitadíssima. Contive minha euforia e procurei explorar um pouco o assunto. Ele me disse que era complicado, pois achava que nenhuma mulher aceitaria, e tentei mostrar-me o mais compreensiva possível, rezando apenas para não se tratar de zoofilia ou sexo escatológico. Conversamos a semana inteira a respeito do assunto e resolvi pedir que ele me contasse qual era a fantasia, para que pudéssemos realizá-la junto. Assim eu me sentiria mais confiante e ele teria muito mais prazer. Ele achou por bem não me contar, mas consentiu em realizá-la comigo no final de semana. E eu não agüentava mais de excitação.

Ele chegou a minha casa com uma mala de viagem. Percebi que a fantasia em si era realmente uma fantasia, que necessitava de apetrechos. Sentia-me eufórica, excitada, completamente molhada. Ele tímido, parecia se arrepender de ter me contado. Eu não via a hora de descobrir qual era a tal fantasia. Ele vendou meus olhos com muita delicadeza, me deu um beijo terno e me agradeceu. E eu só pensava em tirar aquela venda e descobrir a tal fantasia secreta. Já sentia meu prazer escorrendo por minhas pernas. Não lembro quanto tempo levou, mas enfim ele chegou perto de mim. Senti seu corpo quente, em seguida sua boca subindo por minhas pernas e enfim sua língua de encontro a minha. Um beijo forte, que ele nunca havia me dado. Ele tirou a venda.

Para minha surpresa, ele não estava mais lá. Estava ali comigo Saint Seiya, dos Cavaleiros do Zodíaco. Contive o riso, fiquei de quatro com o rosto abaixado, quase enfiado no travesseiro e pedi para que Saint Seiya depositasse em mim toda a cólera do dragão (sim, eu confundi os personagens e fui corrigida por ele). Ele parecia gostar daquilo, demorou mais para gozar, cerca de cinco minutos. E no ápice da penetração, ele trocou o gemido por um grito excêntrico: “Me dê sua força, Pegasuuuuuus...” e caiu de lado, desfacelido. Ao acordar ele me agradeceu. Fiquei feliz por realizar sua fantasia, mais feliz ainda por descobrir que eu o amo, mesmo com essa esquisitice.

Esta noite eu serei a Pucca e ele o Garu.

10 comentários:

  1. Desculpa mas o texto é muito longo pra essa hora da manhã...depois eu volto e leio com calma, prometo.

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  2. SAUHDUHASHahsuuhashuasASHUUHASASUHhusahuashu

    Esse aí foi melhor que o último, fui ás lágrimas de tanto rir, garota você é, droga não sei uma palavra pra descrever, acho que esse blog a partir de agora é de visita obrigatória!
    até!

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  3. Verdade que escreve bem...mas pra casa do caralho o português!meu, tu é muito corajosa em expor-se desse jeito!Infelizmente as pessoas,vestidas de todos os pudores e preconceito possíveis,tratam certas posturas como "imorais" ou inaceitaveis",são umas hipócritas!!!
    Adorei teu blog e com certeza voltarei
    me visita
    www.conversacommeusbotoes.blogspot.com

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  4. Obrigada pelos comentários. Só gostaria de esclarecer duas coisas:
    1- Este blog não é meu, é uma parceria com um amigo, Rafael Gimenez. Porém nós contamos com a colaboração de todos que queiram enviar suas estórias.
    2- Não sou corajosa, Bruno. O texto em questão é totalmente fictício. Eu sou bem covarde... rs

    Obrigada

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  5. Muito bom o Blog, como um todo. Já tinha passado por aqui e não havia comentado! Era a história do Corinthiano, adorei e chorei de rir aqui.

    Espero novas boas histórias
    Abraços

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  6. O pessoal já pensando que a Lili se veste de Saori Kido entre quatro paredes, hahaha...

    Mas conto bom é assim, o pessoal pensa que é autobiográfico. Parabéns!

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  7. O tema sexo sempre foi um tabu quando eu procuarava algo para ler. Deixei esse tabu de lado e comecei a ler livros com sexualidade em cada linha.
    Adoro pequenas introduções.
    E essa que li, me fez querer ler mais e mais.

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  8. esse personagem tinha o que conhecemos como "diferencial"
    rsrsrs

    Muito bom, jovem!

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  9. Caralho,esse foi um dos melhores textos que eu já li! ^^

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  10. Eu achei FANTÁSTICO!!!
    Mto bom!
    Visitas diárias já marcadas...
    =P

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