domingo, 20 de dezembro de 2009

Uma estória verídica que se passou com o amigo de um amigo meu

Uma estória verídica que se passou com o amigo de um amigo meu (contada em primeira pessoa para dar o tom de veracidade que a fonte duvidosa rouba) e que me foi contada pelo casal, em uma mesa de bar.


UM LADO


Era para ser um fim de semana anormal, visto que há tempos não nos encontrávamos e uma certa falta de entrosamento poderia rolar. Mas foi normal, pois tudo o que acontece quando encontro meus amigos da faculdade aconteceu. Álcool, mulheres, coma-alcoólico, glicose, samba e uma chácara no interior do estado.


As irmãs, primas e mãe do anfitrião confraternizavam com as namoradas dos nossos amigos (os que levaram) e com as prostitutas à paisana que o irmão do mesmo convidara. A banda de pagode era muito bem remunerada com dinheiro e cerveja. Mas a mesa de sinuca estava vazia e eu sem ter com quem jogar.


Já estava desanimado, mas quando vi o sujeito chegar, a coisa mudou. Sabem quando embaralham as cartas e redistribuem? Então, o jogo ganhou nova cara. Descrição: tênis preto, jeans, camisa preta, óculos escuros. Cumprimentou o irmão (o cara das putas) e se pôs num canto, bebendo cerveja só quando o serviam. O fato de usar óculos escuros mesmo debaixo do grande quiosque me chamou a atenção. Peguei uma garrafa e fui servi-lo. Conversa foi e fomos jogar sinuca. Sinuca vai e ele falou que iria ao banheiro. Ok. Perguntou se eu curtia. Mandei tomar no cu. Pirlimpimpim, porra! Ok, vamos. Sai com os olhos acesos, peitos de sargento e, na boca, um gosto amargo e pequenas bolinhas que vieram do sistema respiratório.


Comentei com alguns amigos que o João Estrela estava na balada e a mesa de sinuca ficou com vários times de próximo, assim como a de pebolim e tênis de mesa. Um mais elétrico que o outro.

OUTRO LADO


Mesmo eu me opondo, minhas amigas insistiam para que saíssemos para nos divertir. Essa cidade é um porre. Todo mundo que interessa se conhece. Os que não interessam não interessam e ponto. Duas casas noturnas e alguns bares (barzinhos, como dizem) e ficamos iguais bola de sinuca, cada hora em uma caçapa. Odeio. Mas Zorra-Total tira qualquer uma de casa. Não que eu estivesse entediada, carente de alguém realmente interessante, alguém que não estivesse nas barras do pai doutor ou industrial e da mãe “torta-de-maçã”. Ou estivesse, popularmente, com vontade de dar.


Fomos.


Quando estávamos entrando para pegarmos as comandas, um bando de homens se fez notar rindo, se apontando o dedo e brincando como filhotes de leões. Não eram da cidade. Isso me impressionou.


Já dentro, deixei as meninas seguirem para a pista e fiquei perto da entrada, esperando alguém que não conhecia.


Tempo depois eles passaram, com a mesma euforia da entrada. Já no primeiro posto (à minha frente) pegaram cerveja e nem brindaram, como é de costume por aqui. Foram bebendo para a caça, exceto um, que ficou parado, concentrado em virar uma longneck. Quando parou, encheu o peito de tal maneira que me roubou o ar. Notou-me o notando e jogou sobre mim um olhar e um meio sorriso safado de uma força sutil... Baixei os olhos, sorrindo. Esperei um pouco para subir e olhá-lo e quando o fiz ele já não estava mais lá.


Caí para a festa introspectiva, mas não encontrava as meninas.


No balcão da cerveja sofri um esbarrão. Quando me virei para reclamar eram os olhos e o meio sorriso novamente. Desculpa, escutei. Sorri. Se tem uma coisa que me dá tesão, continuou, é mulher com unhas pintadas de negro; se for pálida assim, então, dá combo; e se for loira de luzes, outro combo. Então tenho... tenho... quatro pontos. E ganhou. Dê-me o prêmio. Beijou. Pegamos as cervejas e fomos para um canto. Vamos tomar um pouco primeiro, senão vou te deixar molhadinha, me falou. Tomamos. Beijamos infinitamente e tinha um gosto meio amargo e anestésico e durante isso não conseguia pensar em nada, era como se eu não existisse. Momento iogue.


Ele não era um cara grande e forte. Do meu tamanho e nem gordo nem magro. Mas seu abraço me possuía de tal maneira, me envolvia em seu campo-de-força que dava a sensação de proteção e plenitude que não sei explicar. E nem o conhecia ou já sabia tudo o que precisava saber sobre ele para poder roçar minha bunda em seu pau sem constrangimentos. E a história da unha, pele e cabelo ficara em mim: ele era totalmente o oposto.


Entre amassos, cervejas e esfregações foi-se a noite mais feliz desse meu ano até então sem-graça e siririquento.


Vamos para um motel, propôs. Hum... Beijo. Vamos. Chamei uma das meninas que vieram de carona comigo, apresentei meu homem. Mas vendo a situação, ela alegou já ter outra pessoa para deixá-la em casa. Na saída, cada um pagou a sua comanda e demos muitos beijos dentro do carro antes de partir (ele até me masturbou enquanto beijava, sensação única, essa).


No caminho ele não tirou a mão das minhas pernas, apertando e acariciando... eu não me agüentava mais... e, quando ele me pediu para estacionar numa rua de pouco movimento para metermos ali mesmo, resisti um pouco, afinal, sou uma mulher jovem e não posso...


Tá bom, vai, mas só umazinha, hein? Ele foi o maestro, como deve ser. Primeiro me fez chupá-lo e ele alisava minha cabeça e minhas costas com uma delicadeza bruta, de massagista. Puxava os cabelos e escorria dos dedos pela face e bochechas (que hora e vez recebia pancadas vindas da parte de dentro).


Único.


Depois me beijava e sua mão se movimentava com destreza entre minhas virilhas lisas e viscosas. Já me tirava gemidos. Tomei a iniciativa de cavalgá-lo. Pulei para o banco do passageiro. Meter e beijar ao mesmo tempo, me falou, é a vantagem dessa posição. E posso sentir o poder do peitoral junto ao meu, acrescentei.


Quando eu estava quase lá, ele decidiu que queria mais cerveja. Pedi para que esperasse um pouco e chamei-o de amor. Vamos lá agora, depois te fodo mais no motel. Péra... péra... e intensifiquei a velocidade e tentei beijá-lo, mas esquivou-se. Vamos logo, caralho, depois te dou mais pinto. Brochei. Abracei-o, beijei o seu pescoço e tirei o celular do seu bolso, jogando-o para o bando de trás.


No banco do motorista novamente me vesti e toquei o carro. Silêncio sepulcral. Estaciono na Conveniência 24 hrs. Heineken para você também? Silêncio. Ok, se quiser ir para a sua casa de Barbie, vá. Já poderei contar que te meti mesmo. Sai.


Dou marcha ré e saio. Lágrimas esparsas caem.


Quero ver como esse paulistano filho da puta vai se virar para achar a chácara dos seus amigos imbecis, sem o celular.


A MOEDA


“Mesmo em casa, não tirei o telefone dele do bolso. Sou idiota e esperei a ligação sem conseguir me concentrar nos estudos para as provas finais. Estava amando, já, e ainda sentia o gosto agridoce do beijo vigoroso daquele homem. Essa palavra, agridoce, foi a que ele usou quando o indaguei sobre o gosto e se tornou um gatilho para a sua imagem em minha mente.”


“Demorei um pouco a ligar. Estava receoso, afinal, uma das poucas lembranças que eu tinha ao sair de casa era de ter levado o celular. Liguei e ela atendeu, né amor? Pedi desculpas. O que conversamos exatamente não interessa agora, mas no fim de semana seguinte voltei parta a cidade dela e começamos.”


“Foi mais ou menos assim...”


“É, mais ou menos...”


“Só não contem com tanto detalhes para a Maria Rita ou Ricardo, quando um deles nascer!”

6 comentários:

  1. Heeey...Adorei se blog e muito legal essa história , se alguem ler ela sem sua explicação acaba achando que foi inventada!!
    =)

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  2. Querida amiga avassaladora...Bem, se tudo isso acenteceu de verdade ... Voce tem uma vida bem interessante e vence o personagem de "A casa dos budas ditosos" de João Ubaldo.Se não leu, leia. Vai entender.

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  3. Não sei se a estória é verídica ou não Avassaladora, mas este blog não é só meu. É meu e do Rafa Gimenez (www.sonhosecliches.blogspot.com), porém contamos com a colaboração de outras pessoas, inclusive do Wellington Fernandes (www.hiper-link.blogspot.com) que foi quem escreveu o conto. Ele sim tem uma vida bem interessante, agora se é ou não verdade... fica a dúvida. rs...
    Obrigada pelos comentários!

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  4. kkkk
    Postagem legal, só achei meio confusa, numa hora parece que ele conta a história, na outra que é ela ..
    Mas entendi o desenrolar. Legal ;)

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  5. Olás!

    Uma sugestão que tenho é a de colocar o nome do autor logo abaixo do título do texto, assim já fica claro ao leitor quem o escreveu...

    No mais (na qualidade (ou não) de autor do conto) me utilizo de um ditado: "toda brincadeira tem um fundo de verdade!" rsrsrs

    Obrigado pelos elogios e à Lili a ao Rafa, obrigado por terem colocado aqui! rsrrs

    Abraços!

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  6. W, muito legal seu conto, curti muito!!!

    Um grande abraço!

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