tag:blogger.com,1999:blog-50029509580094493552024-02-19T01:24:02.176-03:00Estórias GozadasO lado bizarro, patético, mesquinho e sem heroismo do principal produto há tempos disponível no mercado: o sexo. Divirta-se e colabore com este espaço. Estamos abertos a você. Com trocadilho, por favor.Estórias Gozadashttp://www.blogger.com/profile/08977385254509288424noreply@blogger.comBlogger25125truetag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-76107550561466093872012-07-30T20:28:00.001-03:002012-07-30T20:28:37.426-03:00O fascinante caso dos chocólatras da Bela Vista<i>A Zé Rubem Fonseca e Zé Saramago.</i><br />
<i><br /></i><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Abre a porta de casa e
espanta-se com o ambiente em penumbra. No ar, um aroma perfumado, adocicado, estranho
ao olfato. Percebe, ao pisar o assoalho, que todo o chão da sala e do corredor
está coberto por pétalas de rosas. Caminha lentamente, desconfiado de que
estejam lhe pregando uma peça. Na mesa, velas acesas, taças e uma garrafa de
vinho. Um bilhete, a letra da mulher: “Tire a gravata, tire a camisa, tire as
calças, venha para o quarto”. Ele para, reflete por um instante: há quanto
tempo o relacionamento esfriou? Fazia meses que não transava com a esposa,
talvez um ano... ou mais? Nada daquilo fazia o menor sentido. Mas que saída ele
tinha a não ser pagar para ver? Ainda cogitou andar de lado, feito um
caranguejo, sair de casa e entrar de novo, para ver se tudo aquilo desaparecia como
mágica, e as coisas voltavam à normalidade. Mas não. Pensou melhor: e se fosse
verdade? Lembrou-se dos primeiros anos de casado. A mulher era jeitosa, a vida
sexual era ótima, existia carinho, compreensão, conversas agradáveis. Não havia
o histrionismo dela, a implicância com pequenas coisas - como uma toalha
molhada em cima de cama, os ciúmes irrefreáveis. Chegou ao quarto e encarou a
cena não sem surpresa: estava ali sua esposa, com quem se casara quatro anos
antes. Com o corpo nu, coberto de chocolate. “Ela enlouqueceu”, pensou. O
interessante é que não sentiu o menor tesão. Só gula. Adorava chocolate, e a
mulher ali, coberta de calda de chocolate, com chocolate até o pescoço,
escorrendo pelos seios, braços, ventre, coxas, panturrilhas, indo cobrir-lhe os
dedos dos pés, inundando o lençol. Ele achou que deveria ter nojo, mas sentiu
fome. Aproximou-se da mulher e lhe lambeu o rosto, única parte onde não havia
chocolate. Achou indigno ir direto ao que interessa, chocar a mulher com a
falta de apetite sexual em detrimento ao excesso de voracidade gustativa. Só
então começou a se fartar de chocolate, lambendo euforicamente o pescoço, o
peito e indo até a barriga, onde parou no umbigo. Ali se deteve por mais tempo,
aproveitando a pasta acumulada na cavidade, e então teve um clique! Havia, sim,
uma reentrância onde o chocolate haveria de se acumular mais abundantemente.
Desceu a boca até lá, e lambeu, lambeu e lambeu mais, até sumir o gosto doce e
sentir o salgado da pele novamente. Virou a mulher de bruços e, com um
movimento frenético de língua, bebeu também o chocolate que tinha ido para o
cu. Aos poucos, lambida toda como uma gata, a mulher foi recuperando a brancura
da pele, mas o marido não se saciava, procurava ainda mais doce para sugar,
lambia a axila, a dobra da perna, a nuca, e comia chocolate misturado com
cabelo, com pelo pubiano, com suor, com muco. A mulher, até então impassível,
sem um gemido, riso ou suspiro, esperou que ele terminasse e caísse exaurido ao
seu lado na cama, rolando no lençol achocolatado, empapuçado e feliz. Então ergueu-se,
caminhou lentamente até o banheiro, deixando um rastro marrom pastoso pelo
caminho, lavou as mãos e o rosto que estavam grudentos. Quando voltou, tinha um
objeto pontudo e brilhante nas mãos. Antes de enfiar a faca no peito do adormecido
marido, ainda fez a observação aborrecida:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- Bolas, eu pedi pra você
tirar a roupa! Sangue, merda, urina, chocolate, mais tarde vou ter que queimar
essa porra toda... Paciência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Depois de retalhar o corpo,
com uma machadinha, separou a cabeça para colocar num saco. O rosto do marido
estava inteiramente marrom, como a cabeça de um escravo etíope. Teve um ímpeto,
retrocedeu enojada. Mas acabou não resistindo: num solavanco, como se aquele
desejo fosse mais forte do que ela, deu uma demorada e sôfrega lambida na cara
achocolatada do marido decapitado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Por Rafael Gimenez.</span></div>
<br />
<i><br /></i><br />
<i><br /></i>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-85246724961927667552012-04-30T01:03:00.000-03:002012-04-30T01:08:10.533-03:00O troco<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Trezentos reais. Era esse o valor
da comanda que Carla e eu gastamos na balada. Pedimos o extrato: cervejas
importadas, vodca com energéticos, mojito... Realmente, tudo o que tínhamos
consumido. Mas, trezentos reais???</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Tudo bem, Carla. Eu passo no
cartão. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu disse isso antes de perceber
que estava sem meu cartão de crédito. Havia trocado de bolsa e tinha apenas
oitenta e seis reais que, somados aos quarenta e dois reais de Carla,
totalizavam cento e vinte e oito reais. Sequer a metade do valor devido.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Foi quando observei que o
segurança da boate não parava de me olhar. Um negro forte, aparentando seus
vinte e cinco anos de idade. Decidi chorar para ele que, em vez de se comover,
apenas fitava meus seios. Foi quando abri o primeiro botão da blusa, para ver
se ele cedia a meus encantos. Apesar de quase babar em mim, ele permaneceu
irredutível. Disse que se não pagássemos o que era devido, sairia do bolso
dele, além de lhe custar o emprego. Cheguei mais perto dele, roçando meus seios
em suas mãos. Ele gostou, mas mesmo assim não liberou nossa saída.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Carla já estava desesperada. Foi
quando lembrei que eu tinha uma folha de cheque dentro de minha CNH, para uma
emergência. Assinei o cheque, com a intenção de sustá-no no próximo dia útil,
pagamos e saímos. Quando cruzei a porta, fui puxada para trás com violência, ao
encontro daquele membro de piche rijo. Ele me pediu para esperá-lo dez minutos,
que estava saindo.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Conversei com Carla e disse que
toparia sair com ele, mesmo ele não tendo facilitado nossa saída da boate.
Aliás, esse era o principal motivo.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em menos de dez minutos, lá
estava aquele ébano afoito, me guiando rua a fora até o primeiro hotel fuleiro
que encontrou. Mal entramos no quarto, o negro já me arrancou a roupa. Ele
sugava meus seios com força, como se fosse arrancá-los. Chamava-me de cadela
branca e dizia que me deixaria roxa. Ele tirou a calça e me colocou sentada em
seu colo, enquanto me lambia o pescoço e me beijava a boca. E mesmo ele de
cueca, eu sentia seu pau enorme querendo me invadir. Então ele tirou a cueca,
puxou minha calcinha e começou a esfregar aquele mastro delicioso por toda a
extensão de minha boceta. E apesar de eu ser uma mulher grande, não conseguia
dar conta daquele pau enorme. Fiquei de joelhos para chupá-lo. Quase engasguei.
E ele, sem dó, puxava minha cabeça com força.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Então ele me colocou de quatro, o
que era bom, pois assim dava para ele enfiar aquela pica negra inteira sem
sofrimento, porém eu temia que ele quisesse meu cu. Para minha sorte, ele se
limitou a enfiar o dedo, enquanto me penetrava com voracidade. Ele quis que eu
ficasse por cima, agachada em seu mastro. E ritmava as estocadas, me puxando
pelo quadril. Foi quando ele gozou em mim, melando minhas coxas com aquela
porra quase que infinita. Ele próprio deu conta de lamber, enquanto me chupava
fortemente.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Enquanto tomávamos banho, ele
ainda me comeu, apoiada no vaso sanitário. Terminamos o banho, exaustos.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Trezentos reais, eu disse. </span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ele riu. </span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu repeti:</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Trezentos reais. É o que você
me deve.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O negro fechou a cara, e eu
completei.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Sou garota de programa. Você
saiu comigo porque quis e, se não me pagar, não saio do hotel. E ficaremos os
dois aqui.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ele argumentou que não tinha
dinheiro, mas isso não era meu problema. Ele consumiu e teria que pagar para
sair.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O negro abriu a carteira e contou
todo seu dinheiro, inclusive as moedas. </span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Cento e oitenta e três reais e
cinqüenta centavos.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Tá bom, faço um desconto.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Cento e oitenta reais?</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Cento e oitenta e três reais e
cinqüenta centavos.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Mas eu não tenho a grana do
ônibus, vadia!</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Não é problema meu.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Saímos do hotel. Ele pagou com
cartão de crédito, rezando para aprovar. Desceu a rua sem olhar na minha cara.
Eu entendi, afinal deve ser longa a caminhada do centro de São Paulo até o
Capão Redondo.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu segui meu caminho. De táxi. </span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Por Sara Augusta</i></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-1091786186442161512011-03-03T13:04:00.003-03:002011-03-03T13:19:53.362-03:00Iracema<div align="justify"><em>“Iracema, meu grande amor foi você.”, Adoniran Barbosa.</em> </div><div align="justify"><br /><br />Ardia em febre. Seus sonhos eram alucinações e acordava banhado em suor. Lembrou-se do irmão mais velho lhe ensinando o macete: “Primeiro você cospe nos dedos e enfia no buraquinho. Ela nem berra. Depois, quando tiver duro o negócio, você enfia bem devagarinho. Deixa um pouquinho lá dentro e tira de novo. Dá uma cuspida no pau e enfia traveiz. Aí o negócio vai de jeito”. Ele teve um pouco de nojo na primeira vez. O ânus de sua parceira era quente, úmido, meio melado. O cheiro era muito ruim. Depois de gozar, saiu correndo desabaladamente em direção ao matagal e durante dias não saiu pra brincar fora da casa. Sentia-se humilhado na presença dos colegas, na escola. Era como se todos soubessem. O mais velho da turma, Galego, já comia mulheres de verdade. Pelo menos era o que dizia. Sentia-se sufocado, precisava compartilhar com alguém aquela dor que o desconsolava. Galego comia a sopa rala da merenda, isolado num canto do pátio, na cabeceira da longa mesa. Numa atitude ousada, veio sentar-se perto dele. </div><div align="justify"><br /><br />“Galego, posso sentar aqui?” </div><div align="justify"><br /><br />“Se for pra me aporrinhar, não.” </div><div align="justify"><br /><br />Não sabia o que dizer. Ficou soprando a sopa enquanto o outro comia. </div><div align="justify"><br /><br />“Como é que é com mulher de verdade?” </div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify">“Quê?” </div><div align="justify"><br /><br />“O sexo. Como é? É bom?” </div><div align="justify"><br /><br />O outro o encarou, surpreso. </div><div align="justify"><br /><br />“Depende.”<br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">“Depende de quê?” </div><div align="justify"><br /><br />“Depende da mulher e da nossa vontade. Por que você quer saber, seu merdinha?” </div><div align="justify"><br /><br />Olhou Galego novamente sem saber o que dizer. Sabia onde queria chegar, mas não sabia o caminho. Resolveu falar duma vez: </div><div align="justify"><br /><br />“Você já transou bicho?” </div><div align="justify"><br /><br />Espanto maior do outro. Este sorriu interiormente. </div><div align="justify"><br /><br />“Não. É bom?” </div><div align="justify"><br /><br />“Não sei. É diferente...” </div><div align="justify"><br /><br />“Conta aí. Como é?” </div><div align="justify"><br /><br />Sentiu um alívio. Galego lhe pedia, interessado, para dividir a experiência. A cadeia tinha sido invertida. Narrou com pormenores seu coito com Iracema, a cabra. Conforme contava, sentia como se aquilo de repente se tornasse um feito digno. Molestara o animal com sua virilidade nascente, tivera coragem para aquilo. Valentia que nem o temido Galego teria. Contraiu os lábios ao falar do gozo, forçou as expressões para se passar por um legítimo malandro. Eram iguais, Galego e ele. Homens. Quando terminou, Galego lhe disse: </div><div align="justify"><br /><br />“Amanhã vou lá. Quero ver como é”. </div><div align="justify"><br /><br />O baque lhe pegou de surpresa. Não esperava que alguém quisesse ver. Foi tomado de pânico súbito. Saiu correndo do pátio, escondeu-se no banheiro. Lá ficou até o momento de ir embora. Em casa, apresentou-se taciturno. Depois de terminada a refeição, pediu permissão pra brincar no curral. </div><div align="justify"><br /><br />“Vá, meu filho. Mas não se suje”. </div><div align="justify"><br /><br />Aproximou-se de Iracema, que calmamente cheirava um arbusto. Sentiu uma febre que lhe devorava as entranhas e seu primeiro impulso foi o de correr de volta à casa. Lembrou-se, porém, de ter impressionado Galego com seu relato da tarde. Pensou na sensação quente e protetora que vinha do cu da bichinha. Olhou para os lados, puxou Iracema para detrás do celeiro. Gozou mais rápido do que da primeira vez, com um pregador de roupa lhe tapando as narinas. Limpou-se numa peça de roupa do varal, voltou para o quarto e ficou lendo “Memórias de um sargento de milícias”, que a professora tinha dado. </div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="center">***</div><div align="justify"><br /><br />O irmão lhe advertiu: </div><div align="justify"><br /><br />“Você não pode ir todo dia. Pai vai perceber”. </div><div align="justify"><br /><br />Olhou-o com um esgar de choro: </div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify">“Eu parei com essa nojeira”. </div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify">“Parou uma porra! Pensa que não sei que todo dia que você some à tarde, você vai lá pro fundão do sítio? Pai um dia vai ver o cu da cabra alargado e vai dar em nós! Se eu entrar por sua causa, eu arrebento você”. </div><div align="justify"><br /><br />O menor se enfureceu. </div><div align="justify"><br /><br />“Arrebenta? Pois se você me ensinou essa porra! Eu tava muito bem de punhetinha! Essa putaria é invenção sua!” </div><div align="justify"><br /><br />“Invenção minha e que mal não faz. Mas tem que saber a hora de fazer, sua mula”. </div><div align="justify"><br /><br />Calaram-se ao ver o pai se aproximando. Este achegou-se, fez um cafuné no menor. </div><div align="justify"><br /><br />“Tá cabreirinho? Que foi?” </div><div align="justify"><br /><br />“Nada não pai, bença”, e saiu correndo. </div><div align="justify"><br /><br />“O que tem seu irmão?” </div><div align="justify"><br /><br />“Sei não, pai. Esse bicho aí é muito arredio demais.” </div><div align="justify"><br /><br />“Seu irmão anda estranho. Mas vou descobrir o que é”, disse o velho, coçando o queixo.<br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="center">*** </div><div align="left"><br /><br /><br />Comia o macarrão-parafuso com uma colher mal lavada quando sentiu a presença de alguém a seu lado. Era Galego. </div><div align="justify"><br /><br />“E então, garanhão? Quero ver aquela cabra lá!” </div><div align="justify"><br /><br />“...” </div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify">“Como é? Veio me contar o negócio só pra me deixar na vontade? Me leva lá hoje.” </div><div align="justify"><br /><br />“Vá à merda”. </div><div align="justify"><br /><br />Ficou surpreso da própria coragem. O outro mudou de expressão, parecia que o mundo havia parado de girar até que se desenrolasse o conflito. Mas Galego riu: </div><div align="justify"><br /><br />“Tá brabo, comedor de cu de cabra?”, e completou: “Ou tu me leva, ou conto pra todo mundo que o Guri tá com o pau todo encravado de merda de animal”. </div><div align="justify"><br /><br />O medo lhe fez aceder. </div><div align="justify"><br /><br />“Tá certo. Hoje nós vai lá. Mas ninguém pode saber.” </div><div align="justify"><br /><br />“Segredo de amigo meu eu guardo como se fosse meu”. </div><div align="left"><br /><br />Ser chamado de amigo lhe deu um certo orgulho. Galego não tinha amigos. E ele, também não. Mas quem era amigo de Galego não precisava de amigo nenhum. Não precisava nem de Deus.<br /><br /></div><div align="center"><br />***<br /></div><div align="left"><br /><br />Amarraram Iracema numa corda e foram levando-a. As sucessivas curras tornaram o animal um pouco arredio. Guri, ao não se sentir correspondido, via aumentar sua paixão a cada dia. Agora, tinha ciúmes. Mas não sabia dizer se de Iracema ou de Galego, que olhava a bichinha fixamente, com intensa curiosidade. Chegaram ao fundão. Galego apenas disse: </div><div align="justify"><br /><br />“Como é que faz?” </div><div align="justify"><br /><br />“Você pega ela assim e...”<br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">“Não, vai você primeiro que eu vou depois”.<br /><br /></div><div align="justify">Abaixou as calças e viu seu pênis diminuto completamente mole. Já estava com vergonha do outro. </div><div align="justify"><br /><br />“Não consigo. Na sua frente não dá”. </div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify">“Ah, finge que eu nem tô aqui”. </div><div align="justify"><br /><br />Cuspiu na mão, começou a se masturbar. E nada. Aquilo ia durando um bom quarto de hora e Galego assistia, divertido. De repente, aproximou-se. Abriu o cinto, baixou a calça jeans. Guri ia resmungar que ele tinha dito que ia depois, até que se sentiu dominado. Galego passou-lhe uma rasteira que o jogou ao chão, virou-o de costas para ele. Desesperado, ele percebeu que não teria forças para reagir. Galego ia introduzindo-se quando ouviram um tiro ao longe. Foi o tempo de correr e enfiar-se no mato, deixando as calças para trás. O pai chegou instantes depois, enfurecido. </div><div align="justify"><br /><br />“Que viadagem é essa aqui?” </div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify">“Pai, eu... Pai...” </div><div align="justify"><br /><br />As palavras lhe engasgavam, um turbilhão de sílabas querendo sair por uma boca só. Sentiu fraqueza nas pernas. A imagem do pai, espingarda na mão, nublou-se e sua voz parecia vir de léguas além de distância. Quando tudo de apagou, ele teve um segundo para sentir alívio.<br />Quando acordou, o pai lhe contou das providências práticas. Havia chamado um médico, para ver o que ele tinha. E vendido a cabra. Ele teve vontade de gritar, de chorar, de encolher-se até sumir. Mas não fez nada. Prostrou-se numa tristeza e solidão tão absolutas que durante várias semanas a casa adquiriu ares de velório. </div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="center">***</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br />Agora era aquele pesadelo dentro do pesadelo, Galego tirando o pinto pra fora e ora enrabando Iracema, ora correndo atrás dele. Quando acordava, dizia coisas ininteligíveis. O médico chamou os pais, disse baixinho: </div><div align="justify"><br /><br />“Essa febre já dura três dias. Não é tuberculose. Juro que nunca vi uma coisa parecida com isso.”</div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify">“O menino tava tão bem... Ficou assim de repente!”, lamentou-se a mãe. </div><div align="justify"><br /><br />O pai pouco falava, mas carregava uma expressão devastada. Ouviram Guri dizer, em meio a um pesadelo: </div><div align="justify"><br /><br />“Iracema... Iracema...” </div><div align="justify"><bre><br />Somente lá pela quarta semana ele começou a melhorar. A febre ia baixando e já se dizia que estava fora de perigo. Mas nunca mais foi o mesmo. Deixou de ir à escola, ficou trabalhando na roça. Sua alegria se quebrara. Quando estavam no mesmo recinto, evitavam os diálogos ele e o pai. Não se sabia se por vergonha mútua ou se por ódio. Nunca se saberia, também, se Guri perdoara o pai por ter sumido com Iracema. Ou se lhe devia o favor de um grande alívio.<br />O certo é que depois viria a se casar, amar, ser feliz. Mas de algumas coisas nunca se esqueceu. Sobretudo de que o primeiro amor é forte e viscoso. </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><em>Rafael Gimenez.</em></div><div align="justify"><em><br /></em></div><div align="justify"><em><br /></em></div><div align="justify"><em><br /></em></div><div align="justify"><em><br /></em></div>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-88336994201774934532011-02-06T14:01:00.005-02:002011-02-06T14:11:52.262-02:00Bichos Escrotos<div align="justify">Aquele <em>reality show</em> já estava perdendo a graça. Na verdade, já tinha perdido a graça há tempos. O país não agüentava mais aquele formato desgastado de programa, no qual estranhos ficavam confinados em uma mansão, chorando as pitangas para que a população tivesse compaixão e escolhesse o, aparentemente, mais sofrido pra ganhar a bolada de um milhão de reais. Os patrocinadores estavam a ponto de romper contrato. Aquilo que era para ser atração de horário nobre estava perdendo audiência para canais religiosos e de venda de produtos miraculosos, como a cinta que faz você emagrecer 30 quilos em um mês. E corria um boato na emissora que a cabeça de Otelo, o diretor do programa, estaria a prêmio. </div><div align="justify"><br />- Não podemos continuar com esse programa do jeito que está, Otelo! A audiência está despencando, os patrocinadores querem nos comer vivos e ainda falta mais da metade do programa. Ou você arruma uma solução para isto, ou eu demito você e dou um fim nesta porcaria que você chama de <em>reality show</em>.<br />- Também não é assim, há 10 edições que o programa é exibido e sempre fez muito sucesso.<br />- Durante 60 anos eu também fiz muito sucesso, mas chegou uma hora que broxei. O ibope do programa está igual o meu pau. Não há Cristo que o faça subir.<br />- Senhor, até o final do programa a audiência vai subir mais que rojão em festa de São João.<br />- Pois trate de arrumar um Viagra logo pra essa audiência, caso contrário a única coisa dura aqui será o meu pé na sua bunda. </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"><br />Otelo saiu da sala do chefe cabisbaixo, pensando em como conseguiria mudar o formato do programa e reconquistar a audiência. Pensou em colocar os participantes num ônibus e fazer um programa itinerante pelo país, mas isso já havia sido feito por outra emissora. Pensou em colocar alguns famosos juntos na casa, mas isso também já havia sido feito. Pensou até em colocar alguns animais, mas nada era novidade. A televisão estava saturada. E Otelo também estava ficando saturado de tudo aquilo. <br /><br />Chegou em sua casa e se trancou no quarto, procurando uma alternativa nunca antes utilizada na TV brasileira. Sua atual esposa Mariana, 20 anos mais jovem e participante da primeira edição do programa, pouco poderia lhe ajudar. Mariana era desprovida de plenas faculdades mentais. Era incapaz de mascar chiclete e passear com seu cachorro pela orla da praia, ao mesmo tempo. Otelo sofria com isso, mas gostava de exibir Mariana nas festas importantes.<br /></div><div align="justify"><br />- Otelo, você nem falou comigo. Te esperei pra jantar e você se tranca no quarto?<br />- Mariana, estou trabalhando. Pode jantar que depois eu como alguma coisa.<br />- Por quê? Você comeu na rua, é? Otelo, você está me escondendo alguma coisa? Quem é a galinha?<br />- Mariana, a única galinha que eu como é a que a Dora cozinha aqui em casa. Ele pensou em dizer - E você, mas achou que aquilo acarretaria uma discussão de relacionamento não apropriada para aquele momento.<br />- Tá bom então. Vou sair com a Ju, a Cá e a Bia. Qualquer coisa me liga.<br />- Ok. Outras galinhas. Onde fui me enfiar, pensou Otelo.<br /></div><div align="justify"><br />Por outro lado, ele gostava de comer aquela galinha. Como ele mesmo dizia, quem gosta da mulher por causa do cérebro é zumbi. Mas ele precisava esquecer por um momento a galinha da Mariana e retomar o pensamento no <em>reality show.</em> Foi então que Otelo teve uma idéia:<br />- Já utilizaram animais em <em>reality shows</em>. Também já utilizaram mulheres vulgares e apelos eróticos. Agora, nunca utilizaram a combinação de um com o outro.<br /></div><div align="justify">Otelo ligou seu notebook e redigiu um email para seu chefe, com a alegria de uma criança que acabara de descobrir que seus dedos enrugam no banho.<br /><br />- Otelo, você deve estar louco!<br />- Não senhor Armando. Os telespectadores que estão loucos. Estão loucos por novidades. Tudo já foi mostrado na televisão em horário nobre: beijo gay, pinto, bunda, boceta, chupeta, entre outras coisas. Porém, nunca antes na história da televisão mundial foi mostrado relações de amor com animais irracionais.<br />- Zoofilia, não é?<br />- Olha chefe, não propriamente dita. Pode ser só a insinuação. Por exemplo, na prova do líder, ganha aquele que conseguir masturbar um porco e fazê-lo gozar por mais tempo. Na prova do anjo, vence quem agüentar mais bicadas de galinha nas genitais, e por ai vai.<br />- Você é maluco! Realmente acha que isso dará certo?<br />- Chefe, procure na internet por vídeos assim. Você verá que o número de acessos é muito maior que os números de vídeos pornôs convencionais. Como eu disse, tudo já foi mostrado. Agora é isso ou pedofilia.<br />- Credo e cruz, nem me diga esta palavra! Otelo, vamos fazer um teste. Você coloca uma prova dessas daqui dois dias, que é dia de prova do líder. Se o ibope aumentar, você continua com esta sandice até o final. Se continuar igual, você é demitido. Se cair, eu te mato. Entendido?<br />- Chefe, o senhor não vai se arrepender.<br />- Espero que nem você.<br /></div><div align="justify"><br />Otelo só tinha um desafio agora: convencer o patrocinador de que aquilo daria certo.<br />- Mas Otelo, nós somos os maiores distribuidores de frangos do país. Isso vai queimar nossa imagem.<br />- Claro que não. Você ainda pode criar o slogan “Nossa galinha é tão boa que dá pra comer mesmo sem fome”, o que acha?<br />- Preferimos não correr o risco.<br />- Então façamos assim: daqui dois dias, na prova do líder, vocês não divulgam a marca e eu arco com as despesas. Se o ibope subir, vocês continuam o restante do programa.<br />- O dobro do ibope ou nada?<br />- Fechado.<br /></div><div align="justify"><br />Eis que chega o dia da prova do líder:<br />- Salve salve meus grandes heróis da nave mãe!<br />Em uníssono, como grandes marionetes, todos respondem ao apresentador:<br />- Oi Pascoal, boa noite.<br />- Tudo pronto para a prova do líder?<br />- Siiiiim.<br />- Então bora lá pro lado de fora da casa!<br />Do lado de fora, camas montadas, luz baixa e pétalas de rosas. Cada cama com o nome de um participante respectivo. Ao lado da cama, gaiolas com diversos animais: galinha, cachorro, gato, cabra e porco.<br />- Cada um em sua cama e eu vou explicar como funciona a prova.<br />Cada participante já estava em seu posto, apreensivo com aquela que era uma das provas mais importantes do programa, que garantiria mais uma semana na casa.<br />- A prova é a seguinte: Cada um de vocês tem aí ao lado uma galinha, um cachorro, um gato, uma cabra e um porco. Você tem que escolher um desses animais para dividir a cama com vocês. Não pode deixar o animal escapar e nem trocar com o colega. Aliás, não pode ter contato algum com os outros confinados, apenas com os animais. Vale qualquer coisa para manter o animal na cama com vocês. Só não pode deixá-lo escapar. Cada vez que tocar o sinal, vocês terão que trocar de animal. Aquele que deixar o animal escapar ou tiver contato com outro participante, é desclassificado.<br />- Pascoal, posso fazer uma pergunta?<br />- Claro Dany.<br />- Vale qualquer coisa mesmo para manter o animal com a gente?<br />Risos.<br />- Sim Dany. Se bem que com um mulherão destes, nem o mais burro dos animais escaparia.<br />Mais risos.<br />- Então vamos começar? Ah, estava me esquecendo... Logo mais a noite teremos mais surpresas ao longo da prova. Até já!<br />Corta.<br />- Agora, vamos dar uma olhadinha?<br /></div><div align="justify"><br />Dany, a mais serelepe, pegou o gato. Enroscou-o em suas pernas e ficou brincando com ele. Junior, um baiano forte que dava aulas de capoeira, se arriscou com a galinha. Ju e Carol também escolheram os gatos. Nathy tentou o porco, mas não conseguiu dominar o bicho por 15 minutos e foi desclassificada. Carlão pegou o cachorro, afinal tinha um canil e seria fácil dominar o bicho, Cris apostou na cabra, que no primeiro instante já cagou na cama toda e Lucas, não muito esperto, também pegou a sua cabra que já havia cagado na jaula, mas se esqueceu que ela não sabia limpar a bunda e por isso também teve parte de sua cama suja de bosta de cabra.<br /><br />A prova começou tediosa, os participantes não podiam conversar entre si e estavam brincando mudos com os animais. Apenas Dany, a mais safada de todas, deixava o gatinho arranhar sua calcinha e recriminava-o, como se o gato tivesse ciência do que fazia. Não demorou muito e o ibope do <em>pay per view</em> começou a subir. Foi quando Otelo disse: - É a hora.<br />No telão instalado no quintal da casa começou a passar vídeos de sexo explícito. Isso estava excitando os participantes. Foi quando a sirene tocou. Danny logo trocou seu gato por um cachorro que, sentindo a excitação de Danny, passou a cheirar sua boceta. Aquilo provocou tamanha excitação na moça, que não hesitou em afastar a calcinha para sentir aquele focinho gelado. Ju optou pelo porco e Carol arriscou com a galinha. Junior trocou a galinha pela cabra. Ele sabia da fama das cabras no interior, mas permaneceu discreto, como se nada tivesse acontecendo. Carlão trocou o cachorro pelo porco, Cris pegou um cachorro e Lucas apostou no gato. Foi quando o apresentador Pascoal entrou ao vivo, causando surpresa nos participantes excitados.<br /></div><div align="justify"><br />- E aí meus guerreiros, estão mais a vontade?<br />- Pascoal, essa cabra cagou na minha cama, disse Cris.<br />- Cris, as cabras fazem isso mesmo. Se quiser uma cama limpa é só sair da prova e entrar na casa.<br />- Não Pascoal, tá bom aqui.<br />- E você Dany, gostou mais do cachorrinho.<br />- Ah Pascoal, você sabe que eu gosto de um cachorro, né?<br />- Sei sim... Então meus queridos, a partir de agora, vale tudo. Só não vale deixar o animal escapar e nem conversar com o colega. De resto, estão liberados. Fui!<br /></div><div align="justify"><br />Sai Pascoal, e voltam as cenas de sexo explícito. Agora, intrigando ainda mais os participantes. Dany já tinha se acostumado com o focinho do cocker em sua boceta, e como valia tudo, ela decidiu afastar ainda mais a calcinha, deixando toda a boceta à mostra. O cachorro passou a lamber a boceta de Dany. Na velocidade em que ele cheirava e lambia aquela boceta carnuda, o ibope subia. Nisso, Junior já estava alisando a bunda da cabra. Pobre cabra! Aquele baiano de 1,95 metros tinha fama de ser bem dotado. Com uma mão ele alisava a bunda da cabra, com a outra segurava seu mastro, ainda por baixo da bermuda. Carlão também se acostumou fácil com o porco, porém segurava o pinto do porco fazendo-o gemer. E aquilo parecia que excitava Carlão, muito mais do que ver as meninas rebolando pela casa. O cachorro de Cris já estava excitado vendo aquilo. E ela, vendo aquele membro vermelho, começou a masturbar o cachorro. Lucas, tímido, só deixava o gato lamber seu dedo.<br /><br />Foi quando o ibope começou a subir como nunca. 62 pontos naquele horário era um marco histórico. Otelo mal se agüentava de tanta felicidade, e teve a brilhante idéia: - Toquem a campainha ininterruptamente.<br /><br />Os participantes não sabiam o que fazer. Todos queriam a liderança e o 1 milhão de reais. Colocaram todos os animais ao mesmo tempo na cama.<br />Era a Dany segurando a galinha e o gato, enquanto o cachorro comia o porco. E ela ainda chupava a cabra. Carlão deixou a galinha escapar, mas não foi desclassificado. Otelo queria mesmo ver o circo pegar fogo. A essa altura, Carlão já metia seu pau na cabra, segurando o gato em um braço e uma mão no pau do cachorro, enquanto o porco mandava ver. Ju e Carol tentavam ajudar uma a outra, com a certeza de já estarem desclassificas, mas o que valia era a farra. Foi quando o (in)esperado aconteceu: Cris saiu de sua cama e beijou Lucas, que comia o cachorro. Dany saiu de sua cama e levou junto o gato, que lhe lambia a boceta, enquanto ela enfiava o dedo no cu de Carlão. Junior chamou a eliminada Nathy para a festa e fez ela ficar de pernas abertas e boceta a mostra para que seu cachorro a penetrasse, enquanto ele enfiava a geba no cão. Ju e Carol já estavam em um 69 sincronizado, com os cachorros tentando de alguma forma boliná-las. Uma sodomia instaurada naquilo que era pra ser mais uma prova sem graça de liderança, no <em>reality show</em>.<br />E o ibope subia, provocando em Otelo muito mais gozo que em todos os participantes do programa juntos.<br /></div><div align="justify"><br />O celular de Otelo tocou. Era o Senhor Armando.<br />- Parabéns seu puto. Eu sabia que você era doente, mas nem tanto.<br />- Qualquer coisa pelo ibope, chefe,<br /></div><div align="justify"><br />Otelo voltou pra casa feliz. Amanhã era dia de pensar em outra novidade para o <em>reality</em>. Mas, por hora, ele só pensava em uma coisa: Comer sua própria galinha, a Mariana.<br /><br /><br /><br /><br /><br /></div>Liliane Akaminehttp://www.blogger.com/profile/00686636286260788836noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-73682822601388794102010-12-25T22:25:00.006-02:002010-12-25T23:15:43.823-02:00O casulo<div align="justify">Chamava-se Butterfly. Quem lhe deu o pitoresco nome foi o pai, um excêntrico engenheiro, projetista de aeronaves, que sumiu no mundo quando ela contava cinco anos de idade. Um ano depois, a mãe suicidou-se. Foi criada pelos tios desde então. Tornou-se uma jovem esquiva, pouco comunicativa, que ficava boa parte do tempo trancada em seu quarto lendo, ouvindo música e divagando em elucubrações. No dia em que completou dezesseis anos, formou-se um conselho de família. Tio Heitor, grave como o tuberculoso histórico que era, decretou: “Deve se casar. Casando, se endireita!” </div><div align="justify"><br /><br />Ela, miúda, magrinha, rosto muito pálido, jamais dera pelota ao sexo oposto. É bem verdade que foi mantida reclusa durante toda a infância, estudando em internatos de meninas e criada sob os olhares de mordomos, babás, motoristas. Mas agora, diante dos partidos que se apresentavam, demonstrava a mais patética e aterradora indiferença. Com um rapaz loiro, de rosto corado, filho de um industrial, chegou a ser taxativa: “Agradeço seu interesse, mas as coisas que você me diz definitivamente não me importam”. </div><div align="justify"><br /><br />Tal comportamento, que parecia resoluto e definitivo, desesperou a família. Tia Cassilda, a mais progressista daquela família conservadora, propôs o que lhe parecia uma solução, após fazer suas constatações: “Prendemos demais a menina. Acho que chegou a hora de deixá-la caminhar com as próprias pernas”. Na falta de saída melhor, resolveram “entregar nas mãos de Deus”. Organizou-se uma agenda social para Butterfly. Passou a freqüentar festas, inicialmente na companhia das primas. Cortejada pelos rapazes, continuava a esnobá-los, porém agora com encenada simpatia e divertida curiosidade. Permitia sua aproximação, dançava com eles, para depois desprezá-los, aturdi-los e humilhá-los com um requintado ar de desinteresse. </div><div align="justify"><br /><br />O tempo foi passando, a família já aceitava a idéia de mandá-la a um convento. Um dia, saiu para passear com as primas, caminhavam pela orla da praia. Viram, caído na calçada, um mendigo. Seu rosto adquirira um tom esverdeado, os cabelos eram cinzentos e imundos, os trapos esfarrapados que cobriam seu corpo pareciam estar se desfazendo. As primas, com asco, apertaram o passo, mas ela se deixou ficar, fascinada, olhando aquele pobre homem. Foi preciso que a puxassem e ela, já longe, ainda virava o pescoço para trás, olhando aquela criatura como se fosse um anjo que a chamasse. Nos dias seguintes, se apresentou mais silenciosa do que já era. As tias julgaram que perdera de vez o juízo. Num sábado, quebrou o silêncio: “Quero exercer minha verdadeira vocação. Quero ajudar as pessoas”. Não se opuseram. Comprou-se um grande carro, alugou-se uma casa. Escolheram o nome, que mandaram gravar numa placa: “Lar de Desvalidos ‘São Judas Tadeu’. Ia pessoalmente ver os internos, pessoas sem família que recolhiam das ruas, onde antes viviam doentes, esfarrapadas, fodidas. </div><div align="justify"><br /><br />Mudou. Tornou-se, desde então, radiante. Os tios se chocaram quando, durante um jantar, contou uma anedota. Era uma coisa inimaginável, logo ela, que nunca sorria, que não achava graça em nada. Achavam, positivamente, que ela tivera sua epifania na caridade. Deixaram de importuná-la com preocupações de casamento. Todas as tardes ela passava no abrigo e, um dia, chegou à casa acompanhada por um rapaz, muito alto e distinto. Os tios a tudo assistiram pela janela. Perguntaram quem era e ela respondeu: “Um amigo. Tem me ajudado no abrigo”. Não fizeram mais perguntas. Todos os dias, porém, o amigo a trazia em casa e, um dia, foi convidado a entrar e jantar com a família. Acharam-no formidável, educadíssimo. E nitidamente apaixonado por Butterfly. Contrariando todas as expectativas, quando lhe sugeriram que ele daria um bom marido, Butterfly acedeu. E noivaram. Um ano depois, se casaram com todas as pompas esperadas. Não partiram para a lua-de-mel: Butterfly não queria se afastar do abrigo. Achando que ela progredira demais, que era outra mulher, preferiram não discutir. O próprio marido, um anjo de candura, concordou. Faria-lhe todas as vontades. </div><div align="justify"><br /><br />Foram da igreja para casa, e ela causou-lhe a primeira frustração: alegando muito cansaço, deitou-se na cama e dormiu. Apaixonado e paciente, ele não insistiu. Teriam a vida toda. No dia seguinte, a mesma coisa: “Trabalhei o dia todo, atendemos um leproso no abrigo. Não tenho cabeça para isso”. Na terceira noite, ele se doeu. Alguma coisa não lhe cheirava bem. Deitou-se junto a ela, tocou-lhe o seio. Ela deu um berro aterrador, que lhe paralisou: </div><div align="justify"><br /><br />“Não me toque! Eu te proíbo! Você não me tocará nunca, está ouvindo? Nunca!” </div><div align="justify"><br /><br />Ele entrou em desespero. Não sabia o que fazer. No dia seguinte, trancou-se à chave com Tio Heitor, Tia Cacilda, Tia Amélia. Relatou-lhes o que acontecera aos recém-casados. Tio Heitor resmungou um palavrão. Dirigiu-se a ele: </div><div align="justify"><br /><br />“Tenha santa paciência! Você dorme com a minha sobrinha na mesma cama e não consegue despertar nela o menor desejo? Que tipo de homem é você?” </div><div align="justify"><br /><br />Quase botou-lhe pra fora, aos pescoções. No fundo, não queria mais nem ouvir falar daquela sobrinha. A partir do momento em que disseram “sim” no altar, aquele pepino deixara de lhe pertencer. Tia Cacilda, sempre mais sensível aos problemas dos outros, foi ter com ele à porta: </div><div align="justify"><br /><br />“Calma, Carlos. Minha sobrinha é diferente das outras moças, você bem sabe. Trabalha com ela no abrigo, deveria saber já disso...” </div><div align="justify"><br /><br />Ele a interrompeu, surpreendido: </div><div align="justify"><br /><br />“Trabalho com ela no abrigo? Quem lhe disse isso? Jamais estive nesse tal abrigo. Conheci Butterfly na rua, quando despencou do céu um aguaceiro e eu corri a acudi-la com meu guarda-chuva.” </div><div align="justify"><br /><br />Só então Tia Cacilda deu-se conta: conheciam muito pouco aquele rapaz, e a pequena mentira contada por Butterfly sobre a origem da relação dos dois não lhe cheirava bem. O que a garota poderia esconder? Tia Cacilda finalizou a conversa dizendo que tudo ia se resolver e voltou para o interior da casa, com o rosto muito grave, pensando numa série de possibilidades.<br /><br /></div><div align="justify">---------------------------------------------------------------------------------</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">Irritado com a infrutífera conversa que tivera na casa da família da esposa, Carlos esperou que ela se recolhesse. Como todas as noites, no escuro, ela despiu-se e vestiu a camisola. Deitou-se. E então aconteceu: Carlos a agarrou, arrancou suas roupas e as dela. Aquele rapaz, sempre tão cortês, doce, transfigurava-se no monstro. Ela quis gritar, uma mão sufocou sua boca. Em seguida, empurrou sua cabeça em direção ao baixo-ventre, obrigando-a a iniciar a felação. Uma péssima idéia. Butterfly, bicho feroz, mordeu-lhe o pau. Ele soltou um grito lancinante, sua visão ficou turva. Ela aproveitou para correr e trancar-se no banheiro. Lá ficou a noite toda. O incidente demoveu Carlos de futuras tentativas. Com o caralho inchado e dolorido, passava os dias parado na repartição em que trabalhava, o olhar perdido, a mente longe. Amava Butterfly com todas as suas forças, mas agora tinha certeza de que a recíproca não era verdadeira. Tinha para si, agora, que fora usado para fins escusos, para ludibriar a família, a sociedade, o diabo. Resolveu ir ao abrigo comunicar à esposa que não toleraria aquela situação. </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">-------------------------------------------------------------------------------</div><div align="justify"><br /><br />Era tarde quando chegou ao lar dos desvalidos. Todos os funcionários haviam partido. Porém, ele tinha uma cópia das chaves, que mandou fazer à revelia de Butterfly e que um dia poderiam ser úteis. Foi abrindo as portas que davam acesso à ala dos internos. Ouviu, do corredor, gemidos. Imaginou que um casal de mendigos estivesse fornicando, embora as alas dos internos fossem separadas por sexo. Curioso, dirigiu-se para o lado onde ouvia as vozes e estacou, petrificado. Reconheceu a voz de um dos gemidos. Por um instinto mórbido, quis se certificar. E viu, pela janelinha da “cela”, deitados na cama, Butterfly e um homem. Devia ter mais de sessenta anos. Tinha os cabelos desgrenhados, barba grande, o corpo de uma coloração bege-escura. Carlos colou o rosto naquela passagem e viu, nítido, o grosso cacete ensebado e cheio de marcas do ex-morador de rua invadindo a delicada vulva de sua mulher. Ficou sem ar, caiu de joelhos, ofegando. </div><div align="justify"><br /><br />Em casa, na companhia da mulher que agora sabia adúltera, ficou taciturno. Não dirigiu-lhe palavra. Dormiam em quartos separados desde a tentativa de castração. Vez por outra, durante o jantar dessa noite, fitava-a com ódio. Ela captou sua fúria, mas não tinha coragem de lhe dizer nada. </div><div align="justify"><br /><br />------------------------------------------------------------------------------------------- </div><div align="justify"><br /><br />No dia seguinte, pediu a um amigo de confiança que lhe indicasse um detetive. Queria saber tudo o que a mulher fazia: onde recolhia os mendigos, se mantinha relações com eles apenas no abrigo, se tinha outros amantes na rua. O detetive, daqueles de estórias em quadrinhos (só faltavam-lhe a lupa e o cachimbo), tinha seu marketing mais forte justamente no esteriótipo. Apareceu duas semanas depois com os resultados. Disse ao contratante: </div><div align="justify"><br /><br />“Amigo, eu já vi de tudo nessa vida, nessa minha profissão. Mas sua mulher me deixou besta. Já diria o profeta: o sertão vai virar mar, o mar vai virar sertão. Acho que o apocalipse está chegando aí, pra transformar as putas em santas e as santas em putas”. </div><div align="justify"><br /><br />Estendeu-lhe um envelope com fotos. </div><div align="justify"><br /><br />“Deposita o restante na minha conta. E, precisando de algo mais, pode me procurar”, frisou o investigador, antes de apertar-lhe a mão e sair. </div><div align="justify"><br /><br />Sozinho na repartição, ele tinha medo de abrir o envelope. Seu coração ia à boca. Afinal tomou coragem, quase rasgou o invólucro, alucinado, febril. As imagens, num turbilhão, invadiram seus olhos com matizes de pesadelo. Eram fotos de sua mulher, sua linda, pálida e pequena mulher, com os tipos mais esdrúxulos. Mendigos da mais decadente precariedade. Um mecânico negro, caolho, sujo de graxa. Um tipo esquálido, com cara de retirante, avental de uma peixaria. Um perneta. Um jovem com síndrome de down. Um anão. As primeiras fotos eram flagras dela passeando publicamente com os sujeitos, entrando ou saindo de edifícios. As últimas, que o detetive astutamente deixou para o final naquela seqüência, como se fora um álbum de terror, eram provas cabais: sabe-se lá como, fotografou Butterfly no coito com alguns dos amantes. </div><div align="justify"><br /><br />Ele ficou um tempo paralisado, o olhar perdido no nada. Então voltou a si. Tirou da gaveta o revólver. Da rua, ouviu-se o estampido.<br /><br /></div><div align="justify">----------------------------------------------------------------------------<br /><br /><br />Ao saber do ocorrido, Butterfly correu ao hospital. Os tios a olharam com nojo: tio Heitor tinha no bolso o envelope com as fotos, encontrado sobre a mesa do suicida. Ela se dirigiu ao quarto, na porta encontrou um médico, que lhe explicou: </div><div align="justify"><br /><br />“A bala atravessou-lhe a têmpora. Não morreu por milagre. Mas... nunca mais será o mesmo. Lamento”. </div><div align="justify"><br /><br />Invadiu o quarto. Chorou diante do infeliz marido. Ficou ao lado dele durante todo o período em que ficou em coma. Muitas semanas depois, levou-o para casa, numa cadeira de rodas. Estava em estado vegetativo, babava. Ela lhe dava banho, lhe dava de comer, limpava seus excrementos, com um lenço ia recolhendo a saliva que lhe escorria pelos cantos da boca. Enfim o amava. </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="right"><strong>Por Rafa Gimenez.</strong></div><div align="right"><strong><br /></strong></div><div align="right"><strong><br /></strong></div>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-59684539102171594152010-10-26T12:02:00.002-02:002010-10-26T12:04:35.893-02:00Corpo a Corpo<div align="justify">Um Romeu e Julieta dos novos tempos. Com menos glamour, uma família mais numerosa, formada por correligionários, mas o pano de fundo nos remete ao romance Shakesperiano.<br />Nilma, uma mulher forte, autoritária e viúva. Bem nascida, ingressou na política durante o Golpe Militar e tomou gosto pela coisa, se tornando referencial no país. João, um homem pacato, casado e pai de dois filhos adultos. De origem pobre, se tornou militante estudantil na década de 60, quando ingressou na faculdade. E lá a conheceu.<br />Viveram um romance tórrido. Entre um protesto e outro, a ditadura endurecia mesmo. Ficaram conhecidos como “casal do golpe de 69”.<br />Quando as coisas ficaram difíceis para os jovens políticos, ele foi para a Itália. Ela, que sempre teve uma personalidade mais forte, ficou no Brasil e acabou sendo presa. Trocaram seus nomes, perderam o contato e nunca mais se ouviu falar no “casal do golpe de 69”.<br />O tempo passou e, 30 anos depois, o destino deu conta de promover o reencontro, porém em lados opostos da política. Agora já era tarde: partidos rivais, líderes inimigos e ideais diferentes. Estavam tão diferentes que, a primeira vista, não se reconheceram. Porém o insensato destino guiou-os pelo caminho da eleição presidencial e promoveu o reencontro no primeiro debate em TV aberta. Nilma não acreditou no que seus olhos viam. O olhar cansado e a careca lustrosa em nada lembravam aquele jovem João de 30 anos atrás. E João, fitando os olhos naquelas ancas largas e seios fartos, não acreditava que a Nilminha que deixava a dita-dura estava ali, na sua frente. Lembraram dos tempos de militância juvenil, que sempre terminava em sexo. De companheirismo e reciprocidade política e sexual. E agora estavam ali, em lados opostos, buscando um prazer individual.<br />Cumprimentaram-se com um beijo seco, mais um toque de bochechas que propriamente um beijo. Afinal, o que seus companheiros de partido fariam se soubessem que eles tiveram um caso de amor? Limitaram-se ao discurso pronto, com farpas para todos os lados. Mas não deixaram de pensar um no outro, nem por um minuto. Entre uma réplica e uma tréplica, João se lembrava daquela menina rebelde rebolando no seu pau e gritando palavras de ordem. Nilma era uma porra-louca mesmo, ele sabia disso. Da mesma forma que era politicamente ativa, o era no sexo. Ela tomava as decisões e manuseava seu pau como ninguém. Assim como protestava altivamente no microfone, chupava com maestria o microfone de João. Ele, meio tímido, mas não menos ativo, também gostava de dominar a situação. Puxava Nilma pelos cabelos para trás de qualquer palanque e fodia intensamente, como se aliviasse ali sua revolta com o sistema.<br />E agora estavam frente a frente, sem poder se tocar. João mal conseguia se concentrar nas perguntas e, antes do final do primeiro bloco do debate, já estava com seu membro rijo, em ponto de bala. Nilma lançava-lhe um olhar perverso, que ele conhecia muito bem, e o instigava cada vez mais. As respostas começaram a sair desconexas, os membros dos partidos não entendiam como aquele debate tinha descambado para assuntos pessoais e fora do contexto. Nilma sabia bem como provocar João, só não sabia que o tempo fora do país o tinha tornado um homem mais selvagem que aquele garoto de trinta anos atrás. Foi quando no terceiro bloco de perguntas, o inacreditável aconteceu. Cada candidato faria uma pergunta com tema livre. Trinta segundos para a pergunta, um minuto e meio para a resposta, um minuto para réplica e um minuto para a tréplica. Segundo sorteio realizado, João começaria perguntando: </div><div align="justify"><em>- Nilma, em um minuto e meio, você é capaz de me fazer gozar como antes? </em></div><div align="justify">Todos estarrecidos na bancada. O cronômetro zerou os trinta segundos. Contagem regressiva para um minuto e meio. Nilma, com toda sua classe, chegou à frente de João, baixou suas calças e começou a chupar com maestria. A platéia se calou. Nilma lambia, enchia a boca e largava rápido, olhando para o cronômetro. Zerado o um minuto e meio, João confessou que a candidata quase cumpriu seu papel, mas era hora da réplica. João colocou-a de quatro na bancada e começou a comê-la ali. Puxava seu cabelo e enfiava com força, como não fazia há tempos. Na hora da tréplica, Nilma se lembrou de como eram conhecidos na época da Ditadura: “Casal do Golpe 69”. Um minuto de meia nove e um país inteiro estarrecido. </div><div align="justify"><br />A emissora de televisão saiu do ar e ambos foram expulsos dos partidos, não por terem fodido em rede aberta, mas por se esquecerem que era pra ter fodido com o povo Brasileiro. </div>Liliane Akaminehttp://www.blogger.com/profile/00686636286260788836noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-19828748160780834192010-09-10T15:55:00.006-03:002010-09-10T21:39:26.828-03:00Sexo Tradicional*<div align="justify"><em>* O conto que você lerá a seguir é de autoria de Letícia Soares, autora convidada que o "Estórias Gozadas" agora apresenta. Para ter seu texto publicado neste espaço, envie e-mail para o endereço: </em><a href="mailto:estoriasgozadas@gmail.com"><em>estoriasgozadas@gmail.com</em></a><em> </em></div><p align="justify"><br /></p><p align="justify">---------------------------------------------------------------------------------------</p><p align="justify">- E daí, que era tudo fantástico assim, sabe? Era uonderful, como ela dizia. Às vezes gostava de falar essas coisas em inglês, sei lá o por quê disso. Gritava uns “Fãqui mi, Fãqui mi rard”, que eu não entendia era bulhufas, mas me dava um tesão filhadaputa. E eu comia de tudo que era jeito. Metia na frente, atrás, de lado, por cima, de costas, menstruada, no cio, de tudo o que era jeito. E ela implorava “ieeees, iesss, mais, móri, móri”, e eu ficava pensando: Quem vai morrer sou eu... E gozava. Fiz coisas que nunca antes fazia. Sério mesmo. Um dia, cheguei em casa e a peguei pelada na cama lambendo outra mulher. Gritei: Meu Deus, que é isso? E ela levantou a cara toda lambuzada, deu um sorriso maroto e disse: “Desculpa, não deu pra te esperar, mai Love”. A mulher era perfeita. Tudo o que existe em matéria de trepar, ela sabe fazer. E eu acabei aprendendo foi tudo. Até hoje não sei como uma mulher assim, das finas, foi querer ficar comigo. Acho que esse meu jeito brutão meio que atrai as fêmeas. Sei lá. Só sei que nunca mais na minha vida vou comer algo como ela... Um cuzinho tão perfeito, uma boca tão perfeita, o jeito mais perfeito de ficar se remexendo debaixo de mim. Todo homem que se diz homem de verdade, precisa e muito de uma mulher daquelas... Achei até que estava me apaixonando. Até que tudo aconteceu... </p><div align="justify"><br /><br />- O quê? Tudo o quê? Sério, cara, você me conta de uma foda maravilhosa dessas e espera que eu compreenda por que não está mais com ela? A mulher topava tudo! </div><div align="justify"><br /><br />- Tem razão, tudo mesmo. Fizemos sexo de tudo que é jeito. Transamos até dentro do porta-malas do carro. Mas daí aconteceu... De um dia, eu chegar no apartamento dela e ter um jantar lindo e tudo mais assim. Umas comidas super engraçadas, um tal de charuto de repolho. Fiquei meio sem graça de comer, porque aquilo parecia mais um cacete, mas no fim, era gostoso e eu comi uns sete. E depois do jantar, ela me acariciou debaixo da mesa e me chamou pra fazer a digestão no quarto. </div><div align="justify"><br /><br />- Ai, que maravilha, ainda sabe cozinhar? E você não está mais com ela???? </div><div align="justify"><br /><br />- Não mesmo e o problema foi mesmo o tal jantar. Daí que claro, topei a tal digestão a dois na hora. Falei: vou colocar meu supositório pra você se aliviar, e ela deu uma risada rouca “ieess”. E no meio do vai e vém, aquela coisa maravilhosa, comecei a sentir assim uns arroubos no estômago. Acho que era pedir demais para sete coisas com repolho se mexendo vigorosamente dentro de você não fazerem efeito, né? Tentei me concentrar o máximo que pude nos seus gemidos, na sua bundinha empinada, no suor e algo mais escorrendo pelas pernas dela, mas numa certa hora, não deu mais. Soltei um pum. Mas não foi um punzinho não... Foi um peido fedorento daqueles mais feios que bater na mãe em dia de sexta-feira da paixão. Não tinha nem como disfarçar. Eu praticamente me caguei. </div><div align="justify"><br /><br />- Puuutz, cara... Compreendo tudo agora. Nossa, que merda, hein? Literalmente. Foi por isso, claro, que ela te deixou. </div><div align="justify"><br /><br />- Não, não... Fui eu que decidi largar dela. </div><div align="justify"><br /><br />- O quê???? Quer dizer que ela ainda conseguiu perdoar toda a bosta, literalmente, que você fez?</div><div align="justify"><br /><br />- Não só perdoou como, na hora que sentiu o cheiro, se inclinou toda pra trás e gritou: “ISSO, MAI LÓVE, AGORA CAGUE EM MIM, CAGUE... IEEEES...” E foi daí que eu decidi acabar tudo. Porque sei lá, acho que pra mim, algumas coisas tem que seguir o tradicional, saca? Eu sou meio antiquado... </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="right"><em><strong>Por Letícia Soares</strong></em> </div><div align="right"><a href="http://www.diariodebordoesquecido.blogspot.com/">http://batomecintaliga.blogspot.com/</a></div><div align="right"><br /></div><div align="right"></div>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-57604661876437136132010-06-19T15:24:00.002-03:002010-06-19T15:37:36.465-03:00Pega no drops do tio!<div align="justify"><em>Dedicado ao amigo André Diniz.</em><br /><br />Oliveira senta-se à mesa, acende um cigarro, está louco para que aconteça uma merda que o tire dali. Negócio é sair em diligência, nem que seja pra recolher presunto de chacina. Nessa altura da vida, a adrenalina já se tornou costume e o tédio é o pior inimigo. Entra Alencar: </div><div align="justify"><br /><br />“Oliveira, você foi designado para participar da Operação Homem do Saco. Os federais vão dar apoio. Vamos sair em cinco minutos!”<br /><br /><br />-------------------------------------------------------------------------------------------</div><div align="justify"><br /><br />A Operação Homem do Saco é a maior já montada no estado para o combate à pedofilia. Conhecida informalmente também pelos nomes de “Operação Michael Jackson” e “Pega no drops do tio”. Dezenas de suspeitos investigados, algumas prisões programadas. Nada muito espetacular, apenas uma resposta à sociedade. “A pedofilia é a grande praga desse século”, diz Alencar. “Já existia antes, mas as pessoas só ficam chocadas com isso agora. Lembra do caso do pedagogo?” </div><div align="justify"><br /><br />Oliveira se lembrava. A polícia recebeu denúncia, prendeu o responsável por um educandário, devassou a vida do homem, exposição pública, humilhação, vergonha. Depois, descobriram, era inocente. Tarde demais. Com a vida destruída, deu um tiro nos cornos. </div><div align="justify"><br /><br />“Lembro. Qual é o procedimento hoje?” </div><div align="justify"><br /><br />“Estamos indo nos encontrar com um informante. Codinome Garotinho. Na verdade, ele estará envolvido na operação. Tentou entrar pra corporação, mas não tinha altura suficiente. Tem quase trinta anos, aparenta doze”. </div><div align="justify"><br /><br />“Siga”. </div><div align="justify"><br /><br />“Se passando por garoto de doze anos, marcou encontro com um sujeito conhecido como Raul Gil. Golpista. Diz que trabalha como olheiro pro apresentador homônimo, seduz os pais com proposta de fama rápida pros guris, leva os meninos pra casa, papa eles”. </div><div align="justify"><br /><br />“Compreendido. Siga”. </div><div align="justify"><br /><br />“Garotinho quer uma chance no programa, por isso aceitou o encontro. Vai dizer pro Raul Gil que é emancipado”. </div><div align="justify"><br /><br />“O cara não vai cair”. </div><div align="justify"><br /><br />“Vai cair. É deficiente mental. Acredita mesmo que é empresário de talentos”. </div><div align="justify"><br /><br />“Siga”. </div><div align="justify"><br /><br />“Quando o Garotinho estiver na casa com o pedófilo, estouramos e damos o flagrante. Esse elemento é suspeito de mais de trinta crimes”. </div><div align="justify"><br /><br />“Não entendo uma coisa. Se ele é deficiente mental e já papou mais de trinta meninos, como não pegaram o cara antes? Não devia estar já num sanatório?” </div><div align="justify"><br /><br />“É protegido de um figurão. O cara sempre tira ele. Só fazendo esse esporro vamos conseguir engaiolar o cara”. </div><div align="justify"><br /><br />“Garotinho vai estar armado?” </div><div align="justify"><br /><br />“Vai. Uma 9 mm. Mas a gente não vai esperar ele usar. Há um sinal combinado. No sinal, a gente entra e faz o serviço. Tudo tranqüilo, a baba do boi”. </div><div align="justify"><br /><br />“Baba do boi”, pensou Oliveira. “Sempre que é baba do boi, dá merda”.<br /><br /></div><div align="justify">------------------------------------------------------------------------------------------</div><div align="justify"><br /><br />À paisana, do lado de fora do restaurante, Oliveira fuma um cigarro. No carro, está Alencar. Mais dois veículos nas proximidades, com policiais paisanos. Dentro do restaurante, numa mesa próxima a do suspeito, mais um policial. O tempo demora a passar. “O tédio é o pior inimigo”, lembra Oliveira. Começa a divagar. O corpo de Laura, alvo, branquíssima brancura. Ela tira a blusa, olhando nos seus olhos, passando a língua nos lábios. Mexe lentamente os quadris, sua cintura de cobra coral rastejante, esguia. “Larga essa vida e vem viver comigo”, pedia. Laura não dava atenção, “vem meu policial gostoso, pega a tua putinha de jeito”. O pau de Oliveira fica ereto dentro da calça, ele sente repulsa. Nunca se distraiu numa operação. Além do mais, Laura estava fodendo com um colega do departamento. Vadia”. </div><div align="justify"><br /><br />Vê o sinal irritado de Alencar, olha para a entrada do restaurante. Garotinho vai saindo, seguido por Raul Gil. Disfarçadamente anda na direção do carro, entra. Raul Gil e Garotinho entram num carro, saem. </div><div align="justify"><br /><br />“Não vamos seguir, pra não dar brecha. O endereço do puto é conhecido, já tem gente nossa lá. Vou pegar outro caminho”.<br /><br /></div><div align="justify">-----------------------------------------------------------------------------------</div><div align="justify"><br /><br />Recebem uma mensagem de rádio:<br /><br />“Alencar, o suspeito está desconfiado. Parou o carro num posto a duzentos metros do local do restaurante. Desceu do veículo, ficou olhando ao redor. Depois saiu com o veículo retomando a rota. Por enquanto, segue a rota pro local de domicílio. Estamos no encalço. Entendido?” </div><div align="justify"><br /><br />“Soares, mudança na operação. Sai daí. Não quero mais ninguém seguindo o cara. Estou a dez minutos do domicílio dele, tenho certeza que ele vai pra lá. Manda nosso pessoal sair de lá e ficar na rua transversal. Não quero ninguém seguindo o veículo. Repito: não sigam o veículo. Entendido?” </div><div align="justify"><br /><br />“Positivo, Alencar”. </div><div align="justify"><br /><br />“Alencar, isso tá esquisito”, Oliveira. </div><div align="justify"><br /><br />“O cara vai pra casa dele, e a gente pega ele lá. Tudo dentro do plano”.<br /><br /></div><div align="justify">-------------------------------------------------------------------------------------</div><div align="justify"><br /><br />Cortando caminho, chegam antes do suspeito e estacionam próximos à casa. A casa é um barracão com quintal, numa rua escura. É noite. </div><div align="justify"><br /><br />“Porra, é aqui que o cara mora? Que merda, hein?” </div><div align="justify"><br /><br />“A fachada do sujeito só vai até o carro e o cartão de visitas.” </div><div align="justify"><br /><br />“E o tal figurão, que protege o elemento?” </div><div align="justify"><br /><br />“Tá pouco se fodendo. Devia favores pro cara, deu o carro. Dá uma grana mensal, que o puto gasta nos almoços e jantares com os pais dos moleques. Tira ele da cana sempre que o cara vacila, porque tem o rabo preso e sabe que o papa-anjo pode dar com a língua nos dentes”. </div><div align="justify"><br /><br />“Incrível como é fácil enganar otário”, pensa Oliveira. “No entanto, eu seria um bom pai, mas nunca botei filho no mundo”. Pensa novamente em Laura. Laura é uma puta, mas ele queria ter um filho com ela. Alencar corta suas elucubrações: </div><div align="justify"><br /><br />“Caralho... Estão lá tem quinze minutos, nada do sinal”. </div><div align="justify"><br /><br />“A baba do boi, né? Filho da puta”, pensa Oliveira. “Segura a onda”, diz em voz alta. </div><div align="justify"><br /><br />“Vai tomar no cu, Oliveira. Segura a onda o caralho!” </div><div align="justify"><br /><br />Uma tensão começa a surgir entre os dois, mas logo é cortada por outro carro que se aproxima. Oliveira abre a porta lentamente e se esgueira para fora da viatura. </div><div align="justify"><br /><br />“Oliveira!”, sussurra Alencar. “Volta, porra!” </div><div align="justify"><br /><br />Oliveira segue se esgueirando, engatinha e se oculta na sombra de um muro. Está próximo do carro que chegou. Dentro dele, um casal. Consegue ouvir seus sussurros. Sente a presença de alguém, é Alencar atrás dele: </div><div align="justify"><br /><br />“Filho da puta!” </div><div align="justify"><br /><br />Oliveira faz um sinal com as mãos, mandando Alencar se calar. Os dois observam o carro estacionado. Os sussurros aumentam. Veem claramente: ele, um homem jovem, vinte anos no máximo. Ela, uma mulata. Estão pegando fogo. A mulher já está sem a blusa, tem seios volumosos. Palavras obscenas facilmente são compreendidas pelos policiais. Ambos se esquecem, por alguns minutos, do que foram fazer ali.<br /><br /></div><div align="justify">-------------------------------------------------------------------------------</div><div align="justify"><br /><br />Garotinho se debate, tentando escapar das garras de Raul Gil. Este é meio mulato, forte, enorme, e o subjuga com facilidade. Com os joelhos, segura as pernas de Garotinho no chão. Prensa seu corpo contra o dele, se esfrega. “O tio não vai te machucar, meu menino”. Garotinho se revolve e urra. “Você vai ser uma estrela, menino”. Garotinho sente a enorme pica de Raul Gil penetrando seu ânus, e uma dor lancinante quase o faz desmaiar. Quer gritar, mas sente o vômito lhe tomando conta da garganta e subindo pra boca. “Ah, ah ah, meu menino”, Raul Gil repete, arfante.<br /><br /></div><div align="justify">---------------------------------------------------------------------------------------<br /><br /><br />O casal prende a atenção dos policiais, até que ouvem tiros. Correm, cercam a casa. Alencar arromba a porta, se assusta com o que vê: Raul Gil crivado de balas, Garotinho sentado, nu, com o rosto entre os joelhos, mais garotinho do que nunca. Ergue a cabeça, vê os policiais:<br /><br /></div><div align="justify">“Seus filhos da puta! Onde vocês estavam, porra? O cara comeu meu cu! O cara comeu meu cu! O cara comeu meu cuuuuuuuuuuu, porraaaaaaaaaaaaaa!” </div><div align="justify"><br /><br />Oliveira se aproxima, dá um tapa no rosto de Garotinho, que volta a si. Silêncio durante alguns segundos. Depois murmura, choroso: “o cara comeu meu cu...” </div><div align="justify"><br /><br />“A baba do boi”, pensa Oliveira.<br /><br /></div><div align="justify">“Minhas sentidas desculpas, Garoto. Você passou o acusado, mas pega nada pra ti. Vai nessa que a gente limpa a barra”, disse Alencar. Garotinho o olhou com ódio: </div><div align="justify"><br /><br />“É o mínimo, né? O cara comeu meu cu”. </div><div align="justify"><br /><br />“Vira o disco, porra”.<br /><br /></div><div align="justify">-------------------------------------------------------------------------------------</div><div align="justify"><br /><br />Oliveira chega em casa, molha o rosto, lembra-se do casal fazendo sexo na rua escura e do pobre Garotinho chorando depois da curra. “Chega dessa merda”, pensa. “Amanhã peço baixa”. Decide procurar Laura, tirá-la da vida, ter um filho com ela. Dorme com o 22 na mão esquerda, desamparado na poltrona. Sonha com Laura e sua branquíssima brancura. </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"> Por Rafael Gimenez.</div>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-26299243362847049522010-06-12T09:26:00.013-03:002010-09-10T16:23:59.830-03:00Dois em Um<div align="justify">Só de pensar que conheci o Lucas em um chat, mesmo eu não sendo adepta a entrar nessas coisas, me faz acreditar cada dia mais que é coisa do destino. Entediada e sem dinheiro, num fim de semana chuvoso, e lá estava ele com o Nick “grudado em você”. Começamos a conversar sobre futilidades e vimos que tínhamos muita coisa em comum.<br />Faz mais de seis meses que nos falamos, seja por MSN, Orkut, SMS e raras vezes por telefone. O ruim de falar com ele por telefone é que ele tem um irmão muito, mas muito mala que fica gritando ao fundo. Aliás, não entendo bem essa relação dele com o irmão. Parece-me que eles são muito unidos, são gêmeos, mas o irmão é completamente diferente. Se chama Matheus. Um cara excêntrico, pelo que Lucas diz, mas ele não fala mal diretamente. Deixa as coisas um meio subentendidas.<br />Lucas é doce, atencioso, gosta de literatura, cinema e diz coisas coesas. Só é muito tímido. Sabe, em seis meses de conversa ele nunca me chamou pra sair. Eu tive que insistir muito para que a gente se conhecesse. E até hoje ele me mandou uma única foto, 3x4. Ele é lindo. Nunca cobrei uma foto de corpo inteiro, mas acho que já estou apaixonada e nada fará eu deixar de gostar dele, mesmo que ele tenha uma barriga enorme, ou pés chatos, ou talvez não tenha uma das pernas.Enfim, acho que encontrei minha cara metade.<br /><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">- Eu conheço essa história de cabo a rabo! Tome cuidado, Luana. Você sabe muito bem que, hoje em dia, os loucos estão por ai na internet, se fazendo de bonzinhos. São lobos em pele de cordeiro. Ontem mesmo passou no jornal o caso da moça que foi conhecer o namorado virtual de 3 anos, três anos de namoro virtual, imagine. E ele matou a coitada estrangulada, cortou os pedaços com um canivete e colocou dentro de um saco de dormir, ainda mandou para os pais pelo correio.<br />- Credo e cruz, Cris. Deus é mais!<br />- Sério, tome muito cuidado com essas coisas. Além disso, tem aquela conversa do irmão dele, que é estranho... Aliás, o irmão dele vai?<br />- Não tive coragem de perguntar, Cris. Pelo que ele me disse, eu acho que sim. Eles são muito unidos mesmo. Aquela estória lá que o irmão dele freqüenta orgias e tem práticas sexuais incomuns, não sei viu, me deixou com a pulga atrás da orelha. Apesar do Lucas abominar essas coisas que o irmão dele faz.<br />- Então Lu. Vai que são dois maníacos sexuais. Quer que eu vá junto?<br />- Não Cris, obrigada. Acho que é um momento meu. Nunca estive tão apaixonada. E se o irmão dele não for, melhor pra gente né? Eu tiro aquela timidez em cinco minutos.<br />- É nem adianta eu ir, o irmão dele é gay, né?<br />- Bissexual, Cris.<br />- Mas dá a bunda. Logo, é viado.<br />- Cris... que coisa! Ele me contou que o irmão dele gosta sim de dar a bunda, mas isso num ménage a trois. Ou seja, o irmão dele também come.<br />- E se a gente chamasse os dois pra uma festinha?<br />- Não começa, Cris. Você sabe muito bem que a gente faz festinha sempre, mas não com meu príncipe. Você vai ser sempre a minha gostosa. Sempre. Mas ele pode ser o homem da minha vida, o pai dos meus filhos.<br />- Então vem aqui um pouquinho pra sua gostosa, seu príncipe nem vai perceber. Tá cheirosa gatinha, to ficando com ciúme.<br />- Só um pouquinho vai. E lambe tudo porque daqui cinco minutos eu to saindo. </div><div align="justify"><br /><br />***</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><br /><br />- Tchau princesa, qualquer coisa me ligue.<br />Não sei ao certo o que acontece, mas estou realmente apaixonada. Se fosse só sexo eu ficaria com a Cris. Moramos juntas há três anos, desde que vim pra esta cidade e ela é melhor do que muito homem. Mas o Lucas é diferente e, além disso, a gente tem que ter um namorado pra apresentar a família.<br />Estou tão ansiosa que cheguei uma hora antes do combinado.<br />- Cris, cheguei no shopping. Liguei pro Lucas e o mala do irmão dele tava falando, acho que vem junto.<br />- Quer que eu vá ai, Lu?<br />- Não amiga. Vai que o irmão dele se toca e sai né? Mas poxa, ele disse que era muito unido ao irmão, não pensei que fosse tanto.<br />- Vai ver rola um incesto ali.<br />- Cris...<br />- Tá bom, nem falo nada. Bom encontro pra você.<br />- Acho que são eles vindo ali, beijinho. </div><div align="justify"><br /><br />***</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><br />- Oi.<br />- Ois.<br />- Então Lu, tudo bem com você?<br />- Não. Quer dizer, sim. Quer dizer, não sei.<br />- Esse é meu irmão, Matheus.<br />- Então essa é a gostosa? Prazer, Matheus seu criado.<br />- Matheus, cale a boca.<br />- Olha Lucas, acho melhor a gente conversar outro dia. Hoje não estou muito bem, não sei ao certo.<br />- Desculpe Lu. É sempre assim. Por isso não gosto de conhecer as pessoas.<br />- Entendo.<br />- Entende porra nenhuma! Tá ai toda assustada com a gente. É mais uma vaca.<br />- Matheus, cale a boca.<br />- Não Lucas, essas putinhas são todas iguais. Querem dar pra você e ficam todas assustada, só porque somos siameses, porra!<br />- Olha Lucas, eu vou embora. A gente se fala outro dia.<br />- Lu, espere. Eu te amo.<br />- Ama nada, metade do coração é meu. Ele só quer te comer, gatinha. Eu vejo quando ele vê suas fotos e fica se masturbando, e com a minha mão. E a outra enfiando no cu. Porque você sabe né, eu sou bi, mas nós temos um cu só. Logo, meu irmão também gosta de levar na bundinha, assume po!<br />- Pra mim chega. Tchau Lucas, Matheus, seja lá o que vocês forem.<br /><br />***</div><div align="justify"><br /><br />- Já chegou?<br />- Cris,me abrace.<br />- O que aconteceu?<br />- Me abrace, forte. E promete pra mim que nunca vai se grudar em mais ninguém.<br />- Prometo.<br /><br />***<br /><br />- Lu, você leu o jornal essa manhã?<br />- Ainda não, o que está escrito?<br />- Uma notícia bizarra: “Gêmeo siamês dá um tiro na cabeça do irmão, e depois se mata”. Que coisa mais tosca. E se chamavam Lucas e Matheus.<br />- Cris, me abrace. Forte. </div><div align="justify"><br /></div><div align="right"><strong>Por Liliane Akamine</strong></div>Liliane Akaminehttp://www.blogger.com/profile/00686636286260788836noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-64167928319675096442010-06-05T16:02:00.002-03:002010-06-05T16:09:22.248-03:00Silêncios Constrangedores<div align="justify">- E então...<br />- Pois é.<br />- E o São Paulo?<br />- Joga na semana que vem.<br />- Acha que eles tem alguma chance?<br />- Se largarem mão de ficar usando aquele pinheiro como pivô, pode ser.<br />- Acho que vão mantê-lo.<br />- Que coisa.<br />- Mas e aí, foi ver 2012?<br />- Não achei tudo isso não. Forçação de barra. Mensagens religiosas a torto e direito. Arca de Noé, Cristo Redentor caindo, Capela Sistina rachando na Criação.<br />- Mas a parte do avião foi legal, admita.<br />- Do pequeno ou do grande?<br />- Dos dois. Aquele Antonov russo gigantesco é muito louco.<br />- Vi há alguns dias Pulp Fiction. Nunca tinha visto.<br />- E o que achou?<br />- Diferente. Interessante. Gostei.<br />- Coisas boas sempre ficam. Deveria ver Jackie Brown.<br />- Fica a dica.<br />- Então, qualquer coisa com a geografia, dá um toque e eu passo minhas anotações pra você por e-mail.<br />- Tudo bem. Eu vou indo tomar um banho.<br />- Eu vou indo nessa, eu sei o caminho.<br /><br /><br />***<br /><br /><br />Saul e Ezequiel acabaram de colocar as roupas. O ar ainda estava pesado com o cheiro de sexo na sala de televisão, com o videogame ainda em pausa. O que haviam compartilhado naquele momento de impulso, lascívia e descoberta reverberava como carrilhões em suas cabeças.<br /><br /><br />Nenhum dos dois havia sequer pensado naquela possibilidade há menos de meia hora. Em meio a uma partida de futebol virtual, Ezequiel se exaltou durante uma jogada de ataque e escorregou do sofá para o chão, onde Saul tentava manter o empate. O toque involuntário entre ambos, que em condições normais geraria piadas e empurrões mútuos, apenas acabou silenciando-os.<br /><br /><br />Mudaram de jogo. Escolheram um jogo de luta. Vale-tudo. Silenciosamente colocaram suas representações em combate. O olhar que antes era para tentar prever os movimentos do outro na tela começou a ser para reparar feições, reações, posturas. Começaram a se estudar de uma maneira quase incompreensível para qualquer outra pessoa no mundo.<br /><br /><br />Quando Ezequiel foi celebrar a vitória no videogame, foi calado com os lábios de Saul, e foi tomado pela surpresa. Já estivera com meninas e sabia do que gostava. Mas a surpresa e o crescendo de emoções desde aquele contato inesperado naquela sala de televisão. Levantou-se, foi até a porta.<br /><br /><br />- Ezequiel, espera aí!, disse temeroso, sem notar que seu amigo apenas girara a chave na tranca, garantindo que ninguém entraria facilmente. “Vem cá”, disse-lhe enquanto agarrava os ombros de seu amigo e devolvia o beijo. Ambos correram para fechar as janelas da sala enquanto trocavam carícias que acabariam no sofá de três lugares da família de Saul.<br /><br /><br />Com uma naturalidade medonha ambos livraram-se de suas roupas e, sem dizer uma só palavra, exploraram cada centímetro do corpo um do outro com as mãos, olhos, pele, boca e todos os sentidos do qual dispunham.<br /><br /><br />***<br /><br /><br />Colocaram a roupa em silêncio depois do ato consumado, trocaram meras palavras. Saul saiu calado e marcou de juntar a galera para um churrasco no final de semana em sua casa. Ezequiel concordou com a maior naturalidade do mundo.<br /><br /><br />Sabiam que haviam chegado a um ponto de suas vidas onde dificilmente haveria um retorno. E sabiam que nem toda a conversa fiada do mundo iria calar o coral de vozes duvidosas em suas cabeças.<br /><br /><br /><em>Por André Diniz</em></div>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-43687768947406380282010-04-30T22:29:00.006-03:002010-09-10T16:17:25.479-03:00Um mundo perfeito*<div align="justify">* O conto que você lerá a seguir é de autoria de Leshrac, autor convidado que o "Estórias Gozadas" agora apresenta. Para ter seu texto publicado neste espaço, envie e-mail para o endereço: estoriasgozadas@gmail.com<br /><br />---------------------------------------------------------------------------------------<br /><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">Lembro dos meus treze anos na escola. Quer dizer, é estranho lembrar pois não consigo me ver com o pensamento daquela época, é como se desde sempre eu conseguisse ter um pensamento adulto, claro que isso é somente uma armadilha pois eu era uma criança, aliás, eu era uma criança aprendendo a amar, pois foi nessa idade que conheci meu primeiro amor, Viviane. Viviane tinha quinze anos, em uma época que dois anos contam muita coisa, tinha grandes e tristes olhos verdes, quando tive oportunidade de ler Dom Casmurro, já mais velho, entendi o que ele quis dizer com os olhos de ressaca de Capitú, esses eram os olhos de Viviane. Seu cabelo bem escuro e suas sardas lhe davam um ar pitoresco e de destaque frente a qualquer garota daquela escola e eu a amava. Obviamente nunca tive coragem de declarar isso a ninguém, uns cinco anos depois soube que ela virou uma porra-louca bissexual que trepava com qualquer um, mas em minha cabeça sempre ficara aquela imagem virginal pura e imaculada, exatamente por isso tremo de tesão ao vê-la agora agachada chupando meu pau, não a Viviane lésbica, mas a virginal de 15 anos, só para mim agachada a minha frente, e me chupando.<br /><br /><br />Não me pergunte o porque disso ocorrer, se estou sonhando ou não, só me lembro de entrar numa sala e ver uma garota nua em um canto, correu, me abraçou me encarou com aqueles olhos que levam um homem à glória ou à ruína, e começou a tirar a minha calça, e me mamar vertiginosamente. Em meio ao mar de sensações um abraço por trás me aconchega, lambe minha nuca, morde minha orelha e começa a arrancar minha blusa, lembro do cheiro de priscila, minha primeira foda com 15 anos, ela tinha 19 e trabalhava em casa, garota miúda, magra mas com uma bunda inesquecível e um fogo inesgotável, eu a chamo de minha primeira professora, e agora ela estava ali, arrancou minha blusa e enquanto trançava o braço no cabelo de Viviane para forçar mais a chupada me beijou da forma mais voluptuosa possível.<br /><br /><br />O êxtase, Priscila arranca Viviane do meu pau, lhe dá um beijo demorado na boca a deita no chão e me manda lhe foder o cu, como nos velhos tempos, e começa a chupar Viviane, sinto outras mãos me acariciando, Amanda à minha esquerda, Kátia à minha direita, atrás de mim Carol, meu triunvirato de namoradas, minha História de vida dos dezesseis aos vinte e sete anos, elas me beijam, acariciam me veneram, me ajudam a penetrar Priscila. Vejo vultos de pessoas na sala, todas que eu amei de alguma forma estavam ali, se beijando, se comendo, era como se toda a sala respirasse em um mesmo e cadenciado ritmo, o ritmo das minhas estocadas.<br /><br /><br />Por último chegou a Fabiane, minha esposa grávida de sete meses, me deu os peitos para mamar como uma mãe faz a um filho e senti seu leite em minha boca, ela sentou então nas costas de Priscila, e me mandou fuder sua buceta, parei o que estava fazendo com Priscila e fui foder Fabiane que deitara nas costas da Pri, foi algo intenso, tudo respirava como um único organismo, um mar de orgasmos e gemidos, e quando gozava Fabiane disse: _Goza dentro de mim e batiza sua filha. O mundo explodiu em gemidos e foi o fim, o silêncio e a paz após o esporro.<br /><br /><br />_Puta que pariu, Jairo! Doutor Carlos pediu para suspender os sedativos do paciente 27 novamente? O filho da puta esporrou toda a sala, eu não vou limpar essa merda, quando vim pra cá não me falaram nada de ter que limpar porra de louco. Que merda!<br /><br /><br /><br /><br /><em>Por Leshrac</em></div>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-64153009934495271402010-04-18T21:15:00.003-03:002010-04-18T21:21:56.233-03:00As pernas do Roberto<div align="justify">Ana é uma mulher como tantas outras. Moradora da periferia paulistana, trabalha como doméstica e é apaixonada pelo Roberto Carlos. Seu sonho é ver de perto as pernas dele. A tietagem virou idolatria, a idolatria virou obsessão e Ana passou a perseguir Roberto Carlos onde quer que ele estivesse. Se soubesse que ele desembarcaria em São Paulo, lá estava Ana um dia antes aguardando ansiosamente. E, quando via de longe o tumulto que indicava a presença de seu muso inspirador, Ana gritava: “Roberto, mostre as pernas!”<br /><br />João é um homem como tantos outros. Morador da periferia paulistana, trabalha como pedreiro e é apaixonado por futebol. E por mulheres. Seu sonho é encontrar uma mulher para chamar de patroa. Boa praça que é, João é muito conhecido e respeitado na região de Heliópolis e é este conhecimento que gera a maior parte de seu sustento, pela indicação de conhecidos. Em uma dessas indicações João foi chamado para auxiliar na reforma de uma mansão no Morumbi. Mas não era qualquer mansão, e sim a mansão do jogador Roberto Carlos.<br /><br />João trabalhava muito feliz e ganhava mais do que de costume. Aos finais de semana, João freqüentava o forró Ás de Ouro e em uma dessas idas conheceu uma bela morena que dançava o Arrocha na pista:<br /><br />- Oi buniteza, qual sua graça?<br />- Ana. Disse ela, abrindo um sorriso sincero.<br />- João, seu criado. Nunca te vi por essas bandas.<br />- É que trabalho bastante. Sou doméstica e só dá pra mim vim uma vez por mês, cê sabe né?<br />- Ah, tendeu. Eu sou mestre. De obras. Trabalho na mansão do Roberto. Roberto Carlos, né, mas não gosto de ficar assim me gabando.<br /><br />Neste momento os olhos de Ana brilharam e ela teve a reação mais nonsense de sua vida. Virou-se para João e disse: - Eu te amo.<br />João, sem entender, só teve tempo de agarrar a dama pela cintura e levar até o toillete. Lá ele só se deu ao trabalho de abrir sua braguilha e sentar no vaso. Ana já havia tirado a calcinha por baixo da saia e sentou com força naquele membro rijo, fazendo movimentos frenéticos, talvez excitada por ter ouvido o nome de Roberto Carlos. Os gritos de gozo foram abafados pela banda de forró que gritava no palco e em menos de dez minutos eles já estavam de volta à pista, aos abraços e beijos.<br /><br />Os dias foram passando e o casal estava cada vez mais apaixonado. Eles se encontravam às sete da noite todos os dias, em frente ao boteco do Bigode e lá João contava como tinha sido seu dia na mansão de Roberto e dava detalhes da casa, enquanto Ana se imaginava lá dentro, com o próprio Roberto Carlos. A conversa sempre acabava em sexo, onde quer que fosse. Um tesão incontrolável tomava o corpo de Ana e ela nem esperava chegar em casa, já começava a se esfregar em João no meio da rua. Certa vez, de tão excitada que estava, Ana chupou João dentro do ônibus, no último banco. João percebeu que o cobrador viu e nunca mais deixou Ana andar sozinha naquela linha.<br />Próximo a completar um mês de namoro, João queria fazer uma surpresa a Ana. Queria algo grandioso, que marcasse aquela data e mostrasse a ela o quanto ele desejava tê-la como “patroa”.<br /><br />João teve uma idéia: apresentar Ana a Roberto Carlos. Mas como? Não queria que o chefe percebesse que ele era um paga pau dele, pois pegaria mal. Também não queria comprometer seu trabalho, afinal faltava menos de um mês pra ele receber a outra metade do dinheiro da reforma. João passou uma noite em claro, pensando em como presentear sua amada e teve uma idéia. Ligou logo cedo pra Ana:<br /><br />- Coração, sábado a gente faz um mês junto né? Vou te levar num lugar que você nunca vai esquecer.<br /><br />Chegado o grande dia. Às seis e meia, João pegaria Ana em frente o boteco do Bigode. Era sábado e João trabalharia até o meio-dia. Naquele dia Roberto Carlos chegaria cedo dos treinos, pois não jogaria no final de semana. João terminou seu trabalho, tomou banho e deu início ao plano mais bizarro já arquitetado por um apaixonado. Ele sabia que aos sábados, depois que ele e seu colega pedreiro saíam, as únicas pessoas que permaneciam na casa era o segurança, a cozinheira e dois cachorros enormes, além do próprio Roberto. João começou rendendo o segurança com uma gravata, e como o mesmo reagiu, não teve outro jeito: João feriu o homem com uma facada nas costas. Os cachorros começaram a latir e logo João teve que dar um fim neles também. Faltava a cozinheira. João foi até as dependências dos empregados e Dona Célia estava tomando banho, aí foi moleza. Em poucos minutos o corpo da senhora de quarenta e poucos anos fazia companhia ao do segurança.<br /><br />João ainda aguardou na guarita e, quando Roberto Carlos chegou, fez questão de abrir o portão automático. Logo foi até ele e, com uma punhalada, o deixou desacordado, o que permitiu que João o levasse até o quarto e o algemasse na cama.<br /><br />Seis e meia e João estava no boteco do Bigode, esperando sua amada. Ana chegou perfumada e com o batom vermelho que comprara especialmente para aquela ocasião. João fez questão de ir de taxi até o local da surpresa. Quando chegou à mansão, João vendou os olhos de Ana e a guiou até o quarto de Roberto Carlos, onde o mesmo estava algemado na cama. A intenção de João era que sua amada conhecesse o ídolo e ficasse tão excitada que fizesse qualquer coisa por ele naquela noite.<br /><br />Quando entraram no quarto, João tirou a venda dos olhos de Ana. E lá estava a cena: João querendo impressionar sua amada, Roberto Carlos amordaçado e algemado na cama, e Ana estarrecida.<br /><br />- Quem é este careca, bem?<br />- Ué coração, seu ídolo, Roberto Carlos. Esta é a surpresa: eu, você e o Roberto olhando a gente se amar. E eu deixo você sentar na perna dele viu? Hoje a noite é sua.<br />- Não, bem, você não entende. Eu não sei quem é esse careca. Olha meu senhor, peço desculpas pelo acontecido. Meu sonho é sentar na perna do Roberto Carlos, o rei, o cantor.<br />- O cantor?? Porra, Ana, ele tem perna mecânica! Você sabe o que eu fiz pra te fazer essa surpresa?<br />- Desculpa bem, mas você nunca me perguntou. E sinceramente, eu nunca vi esse careca aí, nem sei se ele sabe cantar “As Curvas de Santos”.<br />- E esse careca aqui, você viu? Disse João, tirando o pau pela braguilha e balançando.<br />- Esse careca aí eu conheço, conheço bem. Nunca vi cantando,mas o dono dele sempre me canta.<br />- Então vem dançar pra ele, minha gostosa.<br />Ana e João começaram a se esfregar ali, no quarto de Roberto Carlos, enquanto o jogador permanecia algemado e amordaçado na cama. E Ana disse:<br />- É “seo” careca, é assim, o côncavo e o convexo, nosso amor no sexo. </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><em> Por Liliane Akamine</em></div>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-9303503027924527982010-03-30T22:16:00.004-03:002010-03-30T22:29:13.258-03:00Lágrima<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisFiFKcAgLUc1yfQPrw0IfRwZ82CG-S59AwUut5MeHb_xFfCXo_jPtPwI-39JA5uC_B3TQCn5fn-ONaQU1iumVf7fEeyIj27oyNbX76Cm3F0f7SI60Fwba-If9-ToqR-IYXs_TSwKshec/s1600/3711307745_3a467199c0_b.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 303px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5454600961800273762" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisFiFKcAgLUc1yfQPrw0IfRwZ82CG-S59AwUut5MeHb_xFfCXo_jPtPwI-39JA5uC_B3TQCn5fn-ONaQU1iumVf7fEeyIj27oyNbX76Cm3F0f7SI60Fwba-If9-ToqR-IYXs_TSwKshec/s320/3711307745_3a467199c0_b.jpg" /></a> <em>Crédito da foto: http://www.flickr.com/photos/coitadacassia - imagem meramente ilustrativa. </em><em></div><div align="justify"><br /></em><br />Hannelore – moça canadense, vinda do intercâmbio, com seus 17 aninhos, 11 meses e 30 dias – deitava na cama. A minha cama, de solteiro. Aninhava-se em mim para ouvirmos juntos a trilha de Beleza Americana no computador, enquanto eu estava tentando enrolar meu primeiro baseado.<br /><br />Por alguma presepada quando fui montar a pasta dos MP3, entra Massive Attack depois de ‘Choking The Bishop’, aquela música onde o Kevin Spacey toca uma pensando que está entrando no banheiro e encontra a Mena Suvari – loirinha, ninfeta e biscate – numa banheira cheia de pétalas de rosas. Dei o trago e passei para a mocinha branquela e com olheiras de urso panda, enquando dedilhava por suas coxinhas magrelas.<br /><br /><em>Love, love is a verb<br />Love is a doing word<br />Fearless on my breath</em><br /><br />Além do cheiro de incenso e fumo, sentia o cheiro do perfume em seu pescoço (sempre digo pescoço, mas o povo costuma chamar de “cangote”. Não gosto dessa palavra, me lembra a novela da Tieta, Deus sabe o motivo).<br /><br />Ela já entendia um pouco de português, então fui dizendo bem ao pé do ouvido dela, com minha voz sacana e numa mistura de português e inglês com sotaque indiano, sobre como eu achava aquele cheiro a tradução do paraíso. A desgraçadinha me olhou e disse: “Let’s do it”.<br /><br />Meu passaporte para o inferno estava pronto. E eu ia tocando piano. Igual ao Jerry Lee Lewis.<br /><br /><em>Gentle impulsion<br />Shakes me makes me lighter<br />Fearless on my breath</em><br /><br />A música continuava tocando solta enquanto eu descia pelo abdome dela, liso e com marcas de sol. Demorei-me um pouco alisando as costelas dela enquanto beijava e passava a língua de leve em seu umbigo. Fiz um passeio por seu ventre (ainda por cima da calcinha), e segui beijando e acariciando suas pernas longas e lisas como um lençol de cetim. (Deus abençoe o Ocidente e seus padrões estritos de beleza) até chegar a seus pés.<br /><br />Sempre tive esse fetiche por pés, e sempre me colocava numa posição que me permitia vê-la como Moisés viu a Terra Prometida antes de morrer. O rosto semiiluminado pela noite de lua cheia, o sorriso leve no rosto, aqueles dois suspirinhos apontados para cima. Aquilo era a prova de que Deus existia. E como queria tomar aquilo tudo para mim.<br /><br />Eu poderia, naquele instante, em que eu já estava pronto, ter simplesmente a comido como qualquer outro talarico faria. Ela, na minha opinião, merecia um pouco mais de brincadeiras. Ainda mais quando notei que ela ainda era virgem. Jackpot, como dizem lá na gringa. Acertei no milhar.<br /><br />A calcinha dela estava bem longe quando tomei seu quadril para mim e coloquei-o ao alcance do meu rosto. O reflexo inicial mostrava que ela ainda não tinha pleno conhecimento do seu corpo, e pensava comigo mesmo “Isso não pode ser verdade”. Pensar enquanto se prova do licor de uma ninfeta é o pior pecado que existe, pior que tomar vinho do Porto com gelo no copo de plástico. Recobrei-me dos meus pensamentos e continuei sentindo aquele cheiro e aquele gosto adocicado.<br />Sabia que daquele ponto em diante, pelo menos para mim, não teria retorno. Mas dependia exclusivamente dela. Quando subi e comecei a beijar, acariciar e brincar com os seus mamilos, notei uma pequena lágrima no canto do olho dela. Acho que eu a assustei. Para quem oficialmente era virgem, a primeira base tinha ficado há alguns quilômetros para trás.<br /><br />- Se quiser parar, é só dizer.<br />- Get on with it. Continua. Está bom.<br /><br />Water is my eye<br />Most faithful mirror<br />Fearless on my breath<br /><br />Coloquei-a sobre mim, com todo o cuidado do mundo. Sabia que qualquer erro iria colocar todo o trabalho a perder. Deixei-a se acostumar. Relaxar. Curtir a viagem. Ela pegou o baseado, acendeu-o de novo e deu uma tragada enquanto estava em cima de mim. Senti-a se revolver dentro de si. Como se deixasse algo dentro dela fluir, sair, tomar conta. Ela descobrira alguma coisa naqueles quinze segundos em que eu estava debaixo dela, vendo-a nua, descabelada. Foi como ver o paraíso dessa vez.<br />Subindo o ritmo, pouco a pouco, colocando-a em contato com o Diabo, fazendo-a ter um orgasmo de verdade. O pecado da vaidade de pensar em fazê-la gozar me fazia ir em frente. Me inspirava, me deixava mais em ponto de bala ainda.<br />-Feliz aniversário, Hanners.<br /><br /><em>Teardrop on the fire of a confession<br />Fearless on my breath<br />Most faithful mirror<br />Fearless on my breath</em><br /><br />Passei alguns dias andando nas nuvens. Aquela tinha sido a minha primeira boa trepada em meses de seca absoluta. Um retorno digno de Elvis Presley. Algumas semanas depois, eu a vi chegando da escola. Dez minutos depois, um moleque com cabelos espetados chegou em casa. Ela subiu direto para o quarto.<br /><br />Ouviram Massive Attack a tarde inteira. Sozinhos. No quarto. Pingo é letra, e música sob portas fechadas é roteiro para coisas na mente de qualquer um.<br />Hannelore Saiu do quarto pouco antes do jantar, me abraçou com carinho e me beijou a testa, quanto estava um patamar mais baixo. “Obrigada”, ela sussurrou com uma voz quase em pedido de perdão.<br /><br />Foi ali que eu descobri que, durante todo o lance, em nenhum momento estive no comando da situação. E nunca estaremos.<br /><br />You're stumbling a little...<br /><br /><br />****<br /><strong>- Meus mais sinceros pedidos de perdão a Dalton Trevisan.</strong> </div><div align="left"><br /><br /><br /><em> Por André Diniz.<br /> blog: http://thecokeinc.blogspot.com/</em></div>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-50086221574456807012010-03-27T16:42:00.004-03:002010-03-27T16:52:40.445-03:00Cooper feito<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sempre, todas as manhãs (seja ela de sábado, domingo, ou feriado) como o meu sagrado meio mamão macho e bebo um copo de leite semidesnatado e vou ao parque que fica próximo à minha casa correr. Faço um severo alongamento igual a um que vi no youtube, feito por bailarinas da antiga União Soviética. Dei um jeito de fazer o download, pois manjo muito de informática, e decorei os procedimentos. Tem até uns velhinhos lá no parque que discretamente me imitam, mas, modéstia a parte, eles não me acompanham quando estico minhas pernas até os meus pés ficarem acima da cabeça, apoiados numa barra, e assim permanecer por um minuto e meio cronometrado. Também faço exercícios de massa muscular como barras, flexões variadas, abdominais. Vou pra lá correr e ver mulher, mas delas falo já <span style="mso-spacerun:yes"> </span>– como mestre de cerimônias que se preze, tenho que começar pelo trivial, ambientar o leitor ao diálogo e depois pumba!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Dias atrás, quando eu ainda era um desempregado. Sim, hoje me considero um profissional liberal mesmo que sem ter firma aberta. Quando eu ainda me considerava um frustrado socialmente (não que eu fosse desses babacas depressivos, não). Frustrado porque o que eu gostava de fazer não me dava dinheiro e, por isso, trabalhava por algum tempo num emprego-diurno, com dizem os americanos... até juntar dinheiro para ficar outro tempo fazendo somente o que eu gosto. Dinheiro para comprar mamão, leite semidesnatado e carne. O que é uma vida sem prazeres, afinal? É o mesmo que nada – se você não sente prazer é porque você não dá prazer, e de que serve um homem se não dá prazer a ninguém?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nesse dia aí, do qual eu ia falar antes de ficar divagando, fiz tudo como de costume. Tomei o café da manhã, corri até o parque, me alonguei trocando olhares com as mulheres, depois fui para a corrida. No alongamento de depois do Cooper feito foi que vi as duas: uma sentada no banco e a outra deitada, com a cabeça no colo da primeira. Eram mulheres jovens e, certamente, estavam matando aula, pois usavam uniforme de uma escola particular que fica próxima daqui. Não eram lá muito bonitas, mas intimidade e isso me enfeitiça. Não titubeei, postei bem em frente a elas e comecei minha sessão de alongamento e olhares fugazes que, depois, tornaram-se voluptuosos. <span style="mso-spacerun:yes"> </span>Elas começaram a dar risadinhas, mas o ponto alto no flerte foi quando a que estava sentada começou a acariciar a barriga da deitada. Não agüentei.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">“Vocês têm horas?”. “Tenho sim, peraí” “dez e seis”, a outra respondeu. “Obrigado, é que meu relógio quebrou...”. Silêncio e olhares. Elas seguravam o riso, mas não deixavam de me encarar. Nunca fui muito bom de xaveco, dessas conversas moles que os homens desenvolvem para mostrar às mulheres que são capazes de lhes dar proteção e prazer (nesta ordem). Agachei-me e apoiei o cotovelo no joelho da que estava sentada, sem tirar os olhos de seus olhos. “Você está todo suado!” “suado e salgado” respondi. Sei que foi idiotice, mas menos idiota que ficar calado. “Credo!” “ah, outro dia você disse que eu estava salgada e se lambuzou toda” interveio a deitada, “pare de falar assim com o moço!”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ah, nessa hora meu coração foi a mil. E olha a adrenalina não costuma fazer muito efeito no meu corpo, ainda mais após um treino puxado como foi o de hoje, mas dessa vez fiquei fervendo mesmo. “Quero as duas”, eu disse, sem piscar. Elas se riram. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Resumindo, me passaram o endereço da casa de uma delas e marcamos para o dia seguinte, às três da tarde, pois é hora que a doméstica do apartamento vai embora. Era só chegar à portaria e falar que era o técnico de informática. Elas queriam que eu falasse que era o encanador, mas não tenho nem cara nem idade de encanador e, se tem uma coisa que faço que se aproxime de uma profissão, essa coisa é trabalhar o físico e a mente de computadores.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No outro dia peguei leve no treino para ter energia para as duas. Já fiz isso antes, mas é sempre uma missão bolivariana conquistar dois continentes de forma satisfatória. Arrumei-me, coloquei a camiseta regata da sorte e fui. Na portaria falei o combinado, “sou Aldebaran, técnico de informática”. “Já estava avisado que chegaria, pode subir.” Essa foi fácil, pensei, mesmo usando meu nickname. Mas quando estava passando em frente à cabine, ele ainda me perguntou sobre a pasta com o material de trabalho. Nunca respondo nada rápido, mas dessa vez fui ligeiro e me alegro até hoje por ter falado que era apenas um orçamento de análise de hardware. Quanto mais difícil a resposta, mais entendida ela é, disso sempre eu soube e não importava que troquei software por hardware – que se dane.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Conferi o número do apartamento antes de tocar a campainha, estava ok. Respirei fundo e pumba! Mas aí começou minha confusão mental: por que diabos uma senhora de meia idade, vestida de roupão, abriria a porta, sorrindo? Três já é demais, pensei. Que fosse isso... mas elas poderiam ter me avisado que entrou mais uma na jogada. “Entre, por favor”. “Com licença”. “O <i style="mso-bidi-font-style:normal">computador</i> fica lá no quarto, você prefere consertá-lo lá ou aqui na sala mesmo?” Não esperava essa pergunta, então escolhi o quarto, depois de hesitar um pouco. “Vocês cobram adiantado, não é? O dinheiro está aqui em cima, pode pegá-lo e guardá-lo. Mas se solte um pouco mais, até parece que nunca consertou um <i style="mso-bidi-font-style:normal">computador </i>antes!” O sorrisinho faceiro dela e a entonação que dava à palavra computador me deixavam ressabiado. Resolvi, então, perguntar “e as meninas que chamaram os meus <i style="mso-bidi-font-style:normal">serviços... </i>acho que precisarei delas para arrumar o <i style="mso-bidi-font-style:normal">computador”</i> .“Ah sim, elas estão no cursinho pré-vestibular. Mas o <i style="mso-bidi-font-style: normal">computador</i> que precisa de reparo é o meu”. Daí a ficha realmente caiu. Não estava querendo acreditar mas era fato, as danadinhas (e a danadona) me deram um golpe. Eu era, definitivamente, um puto. Estava já me voltando para ir embora, indignado, quando vi as três onças em cima da mesa. ‘Afinal’, pensei, ‘de que serve um homem se não dá prazer pra ninguém?’.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Enchi o peito de ar e fui para cima da <i style="mso-bidi-font-style: normal">La Vecchia Signora</i>. No quarto, a primeira coisa que fiz foi fechar a janela, afinal, o que os olhos não veem o pau não recusa. Mas ela tratou de acender a luz para “ver esse seu corpão que, durante uma hora, será meu”. E foi mesmo. Ela é alucinante. Tem um domínio técnico apurado que promove uma transa sistemática com tudo sob controle – causa e consequência.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No quesito libertinagem, as mulheres mais experientes dão um banho nas mais mocinhas. E isso fascina todo homem que sonha reproduzir todas as sacanagens acumuladas em anos de filmes do gênero. E o buraco símbolo dessa distinção entre as idades femininas é o ânus. Uma mulher pode se considerar amadurecida quando tem segurança o suficiente para compartilhar esse laço estreito com o homem que escolheu para ser seu naquela noite. Não é questão de ser promíscua, e sim de aceitar toda forma de prazer sem ter a preocupação maior do que os outros irão pensar a seu respeito. E nesse quesito, meus amigos, essa dona daria aula de pós-graduação devido ao trabalho em pesquisa teórica e de campo que sua técnica exige. O controle muscular da cavidade e a sintonia com os movimentos do corpo me fez nunca desejar que o gozo chegasse e parte de mim caísse fraca, flácida, encolhida em si mesma. Mas, quando esse ponto chegou e eu não pude segurar, a capacidade altruísta dessa senhora foi tamanha que essa mesma parte de mim nem sentiu o baque da energia dissipada no momento máximo do futebol e agüentou outra partida sem tempo técnico.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Enfim, o cu perfeito.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Quando estava esgotado, ela me avisou que havíamos passado da hora cheia, que é de praxe nesses serviços. “Como é a primeira vez que arrumo seu computador, a prioridade é a satisfação da cliente.” Ela sorriu e pude prestar atenção à sua face rechonchuda e aos dentes manchados de nicotina e, mesmo nessa situação, de puto de uma dona de casa infeliz, sorri de volta. Afinal de que vale um homem se não...</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Vestindo-me, perguntei qual era a jogada com as meninas. “Pedi três vezes para elas me arrumarem um garanhão nas academias da redondeza. Mas, das duas vezes, vieram saradões que tinham, por assim dizer, disfunção erétil de origem emocional e não cumpriram bem o proposto. O outro não quis fazer o serviço. Então, dessa vez, pedi que elas fossem ao parque estadual.” “Mas quem são elas?” “Ah, elas moram aqui no condomínio. Em troca desse favor deixo que elas usem um dos quartos para <i style="mso-bidi-font-style:normal">brincarem</i> em paz.”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Deixei meu telefone com ela e pedi que me indicasse para amigas. Já me acostumara com a idéia – o<span style="mso-spacerun:yes"> </span>ser humano se adapta a tudo, dizem. Como ela dissera que não tinha amigas na mesma situação, então falei que tudo bem. O dinheiro que ganhei nessa tarde investi em propaganda, afinal, essa é a alma do negócio, não? E deu certo, foi assim que arrumei uma profissão que me permite fazer o que mais gosto. Só adicionei amendoim e catuaba à minha dieta.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight:normal"><br /></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight:normal">E serei eternamente grato àquele cu perfeito.</b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight:normal"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal; "><b><br /></b></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;">Sobre o autor:</p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;">Wellington Souza é poeta, contista e aspirante a tecnocrata.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;">blog: www.hiper-link.blogspot.com</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><br /></b></p>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-88957165327612633572010-03-13T22:37:00.009-03:002010-03-14T00:58:11.522-03:00Antes que o corpo esfrie<div align="justify">Dona Gertrudes esperava o leite ferver na panela quando caiu dura no chão. Seu filho Belisário encontrou-a morta assim que chegou do trabalho. Pela primeira vez em sua vida viu-se livre da presença opressora e permanente da mãe. Filho único, abandonado pelo pai, foi criado sob mil cuidados e olhares por aquela mulher austera, amargurada, neurótica, possessiva. Tinha agora trinta e dois anos e jamais ficara nu na frente de uma mulher que não fosse a mãe.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">A notícia da morte da velha correu por todos os ouvidos e o velório foi um evento. Boa parte das pessoas, condoídas com a situação do pobre rapaz, compareceram para dar apoio. Outras, contudo, conhecendo o temperamento mesquinho da falecida, foram confirmar se ela realmente havia morrido e gozar a visão do corpo acondicionado no caixão, mantendo a expressão dura que carregou em seu rosto durante todos os anos de sua vida e que agora levaria para o inferno. As velhas do bairro não tinham dúvida: ela iria para o inferno.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">O fato é que Belisário era um rapaz muito querido por todos. Sua timidez e educação cativaram todos os vizinhos, ao longo dos anos. Era diferente dos rapazes de sua idade. Não saía pela vila de madrugada fazendo algazarra, bebendo e desrespeitando as moças. Mais de uma senhora desejara-o como genro, mas dona Gertrudes espantava todas as pretendentes. Os homens achavam que ele era por demais afeminado, que não devia gostar da fruta. E esse era o assunto na casa de Soninha no exato momento em que acontecia o velório. Seu irmão Joaquim tentava em vão convencer a ela e as amigas Lena e Graça de que Belisário era um maricas e que a morte da mãe não mudaria seu comportamento. "Nem mesmo belas mulheres como vocês conseguiriam levá-lo para o bom caminho", disse jocosamente Joaquim. Soninha então ergueu-se e propôs uma aposta. </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Que tipo de aposta?", perguntou Lena.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Nós três tentaremos seduzir o pamonha. Se uma de nós tiver sucesso, Joaquim terá de acompanhar a vencedora do feito ao Baile da Primavera".</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Mas e se você conseguir? Joaquim é seu irmão", lembrou Graça.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Os dois irmãos trocaram um rápido e furtivo olhar.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Não importa", respondeu Soninha. "Ele me recompensará de outra maneira".</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Todos se olharam sérios até que Lena quebrou o silêncio:</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Está bem. Particularmente acho o Joaquim um boçal, mas admito que não há pessoa melhor para me acompanhar ao baile". O desdém de Lena era mal dissimulado e todos sabiam que ela era apaixonada por Joaquim, bem como Graça. </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Estão está decidido. Vamos nos enlutar para o velório", Soninha convocou.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">---------------------------------------------------------------------------</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Quando Soninha, Graça, Lena e Joaquim chegaram ao velório para cumprimentar Belisário, o clima geral foi de escândalo. As três jovens usavam vestidos escuros, porém decotados e provocantes. A boca de Soninha estava pintada de escarlate, e um forte perfume emanava dela e tomava conta do ambiente. Uma velha disse para outra, em tom sarcástico: "a velha Gertrudes vai sacolejar dentro da caixa".</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Meus sentimentos, Belisário", disse Soninha ao ouvido do orfão. E completou, com voz sensual: "Estou ao seu dispor, para tudo o que precisar".</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Sinto por sua mãe. Você está mais bonito nesse terno escuro", tratou de dizer em seguida Lena, para mostrar ao rapaz suas intenções. Foi suavemente empurrada por Graça, que das três era a que tinha o vestido mais decotado, deixando entrever o nascimento de seios firmes e arredondados e o matiz moreno de sua pele lisa e brilhante. Disse-lhe, também num sussurro ao pé do ouvido:</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Livre-se dessa gente e me encontre nos fundos. Vou fazer coisas muito agradáveis para você".</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Belisário a cada um desses cumprimentos mostrou-se surpreso e inibido. Respondia um "muito obrigado" quase inaudível, olhando para o chão e dando a impressão de que iria fugir correndo a qualquer momento. Joaquim, que olhava a cena divertido, aproximou-se.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Pois é, meu camarada. A tua velha morreu, mas você está vivo. Pode contar comigo, Joaquim de Mattos, como o teu mais novo amigo". E virando-se para os presentes, disse em voz alta:</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Peço desculpas aos senhores, mas vou monopolizar a atenção do Belisário por um minutinho". </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">Puxou-o pelo braço, em direção aos fundos da casa.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"É, é isso aí. Isso aí. Você fuma? Não? Pega, é um charuto. É especial para este momento, pega".</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Belisário recusou, mas Joaquim enfiou-lhe o charuto na boca, depois de morder ele mesmo a ponta para cortá-la, e acendeu com um pálito de fósforo. Belisário teve um acesso de tosse e Joaquim o observou sorrindo até que cessasse. Então disse:</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Vou ser direto com você, meu camaradinha. Eu sou um homem de negócios, muito prático, e resolvo as coisas sem muito embaraço. Apostei com essas três aí que você é veado. E sei que você é veado, todo mundo aqui sabe". Ficou em silêncio um instante observando a reação de Belisário, que o olhava assustado, e continuou: "Elas vão me pagar uma garrafa de uísque se tentarem te beijar e você der chilique. Porém, se você mostrar pra uma delas algum sinal da sua, digamos, masculinidade se manifestando, eu vou ter que levar a moça em questão pra um baile idiota e depois papar a 'sortuda'. Só que eu já tenho uma mulher pra papar nesse baile, e ela é muito melhor do que as amigas bobas da minha irmã. Então eu quero que você apenas cumpra com o que sua natureza já conhece: quando elas vierem, uma depois da outra, fazer graça pra você, comece a chorar. Ou então saia correndo. Ou então diga algo como 'o que é isso, senhorita? Pelo que está me tomando?' É boa essa frase, não é? Não é frase de bichona? Ha ha!"</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Belisário continuou olhando assustado para Joaquim, sem dizer palavra. Meneou a cabeça afirmativamente quando este sussurrou com voz dura em seus ouvidos a advertência final de que contava com ele.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">----------------------------------------------------------------------------------</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Assim que voltaram para a sala e Belisário novamente se postou ao lado do caixão, lentamente Graça se aproximou dele. Sentou-se no seu colo e começou a beijar-lhe o pescoço. Todos no recinto, atônitos, observavam a cena. Belisário gaguejou: "A se-senhorita está louca... Estamos no velório de minha mãe..."</div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify">"Eu quero você esta noite. Pouco me importa a puta de tua mãe. Vem, vou te dar meu sexo, depois vou te dar meu ânus, vou te lamber todinho, vamos subir para o quarto que eu vou fazer você esquecer tudo e te dar muito prazer". Graça, enquanto sussurrava essas palavras, pensava em Joaquim, lembrando-se do corpo dele, de seu pênis rijo que ela segurou com as duas mãos, de como ele a obrigou a aplicar-lhe sexo oral, agarrando sua cabeça com força, puxando os seus cabelos. Ela queria passar de novo por aquilo, beber novamente o sêmen de Joaquim, fingindo-se horrorizada quando ele mais uma vez a obrigasse a isso. Mas Joaquim, nos últimos tempos, só a esnobava. Só saía com mulheres mais velhas, geralmente abastadas, que o sustentavam sem que seus pais soubessem. Imaginando Joaquim, Graça enfiou a língua no ouvido de Belisário, que tremia e quase chorava. Foi puxada por Lena, que disse em voz alta:</div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify">"Estás louca? O que está fazendo?", e puxando Belisário pelo braço: "Venha, ela está fora de si. Vou levá-lo para um lugar onde possa recompor-se". Soninha e Joaquim, que olhavam a cena sorrindo discretamente, entreolharam-se e seguiram os dois. </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">-------------------------------------------------------------------------------------</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Lena levou Belisário pelo braço até o quarto, como se faz com uma criança. Lá chegando, antes de abrir a porta e entrar, tirou toda a roupa. Belisário, em estado de choque, deu um passo atrás. Lena pegou sua mão e conduziu-a até seu seio esquerdo.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Pega. Isso. Você gosta? Não é macio?"</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Belisário retirou a mão com força e desceu as escadas correndo. Lena atrás dele. Cruzaram na volta com Joaquim e Soninha, que subiam as escadas para ir ao encontro deles. Surgiram na sala, Lena nua em pêlo. Aquele escândalo insólito gerou um grande burburinho de vozes, gritos e interjeições de espanto. Uma senhora desmaiou com a cena. Outras começaram a deixar a sala. Ficaram apenas Belisário, Lena, Graça, Soninha e Joaquim, e alguns homens soturnos, que observavam a tudo com curiosidade interior. </div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify">Lena avançou na direção de Belisário, que recuou até bater de encontro ao caixão da mãe. Acuado, nada pôde fazer quando a mulher começou a abrir-lhe os botões do paletó, depois a camisa. Graça chegou por trás dele, despindo-se também, e beijando-lhe o pescoço, a orelha, e finalmente a boca, com sofreguidão, fazendo-lhe engolir o beijo como ele outrora engolira a fumaça do charuto. Joaquim observava a cena com expressão libertina e, ao olhar para o lado, viu que a irmã estava sentada próxima, com um dos seios à mostra e a mão por baixo da saia, tocando-se. Disse-lhe: "Verás agora a revelação de que lhe preveni. Ele vai rejeitar as moças, vai mostrar a plenitude de sua veadagem. Veja". E para Belisário: "Meu camaradinha, acabe logo com isso. Diga logo para as damas que você não gosta do que elas tem para lhe oferecer".</div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify">Belisário então desvincilhou-se das duas, que já tinham lhe tirado o paletó, a gravata, as calças e a camisa, deixando-lhe só de cuecas. Virou-se para Joaquim, abaixou a cueca, balançou na sua frente seu enorme pau totalmente duro e disse, com ar raivoso:</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Te parece, idiota, que eu não gosto disso? Você sabe por quanto tempo eu esperei essa putaria?"</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Dirigiu-se em seguida para Graça, que posicionou de costas para ele, com as mãos apoiadas na alça do caixão de dona Gertrudes, e penetrou-lhe com vontade, dizendo em voz alta os maiores absurdos, apertando-lhe as coxas, arranhando-lhe as costas e dando tapas sonoros nas nádegas. Enquanto comia esta, pediu para Lena lhe lamber o cu, o que ela fez prontamente. Soninha vendo tudo masturbou-se com ainda mais vontade, gritando os nomes mais sujos, sentindo-se observada pelo irmão e pelos homens soturnos que tinham permanecido na casa. A essa altura, tanto Joaquim quanto os desconhecidos já se masturbavam calmamente, gozando aquela situação grotesca. Belisário permanecia muito sério e agora mudo. Após fazer Graça gozar, se encarregou de comer Lena, também apoiada no caixão, mas de frente para ele, com as pernas bem abertas. </div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify">Graça foi ao encontro de Joaquim e, de joelhos na frente dele, lambeu-lhe demoradamente o pau. Os homens soturnos rodearam Soninha e se masturbaram ao redor dela, vendo-a masturbando-se. Soninha gritava, Lena gritava, Graça - agora sentindo-se feliz enquanto era enrabada por Joaquim - gritava e apenas Belisário e os homens soturnos permaneciam sérios e mudos. Belisário, sentindo-se aproximar o êxtase do primeiro desabrochar de sua vida, por tanto tempo aguardado em segredo, agarrou Lena pelos cabelos e colocou-a de joelhos em sua frente. Lambuzou-a toda com seu jorro. Ao mesmo tempo, Soninha teve o corpo marcado pelo jorro dos homens soturnos, e seu irmão Joaquim despejava sêmen no abdôme de Graça, após ela ter implorado para recebê-lo na boca. Todos ainda arfavam e mudos imaginavam o que se passava na cabeça de cada um, quando ouviram um barulho no caixão, que se movimentava, seguido de um grito:</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Belisário. O que significa isso?"</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">Soninha, Graça, Lena e Joaquim gritaram de horror ao ver a velha Gertrudes levantando-se do caixão. Os homens soturnos, pela primeira vez até então, sorriram. Belisário disse: "Mamãe, eu posso explicar". Apanhou um candelabro ao alcance de sua mão e bateu-o com força na cabeça da ressurreta, que caiu desacordada no caixão.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">"Velha do caralho. Que vá pro inferno", disse dando um tapinha na nádega de Lena. </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">O velório varou a madrugada e gemidos profundos quebraram o silêncio da noite e da morte.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-76149742078729314402010-03-11T20:58:00.002-03:002010-03-13T20:06:49.754-03:00Colhão de sobra<div align="justify">A minha vida inteira eu fui um cagão. Um bunda-mole. Uma ex-namorada costumava me dizer que eu “gosto das coisas amenas”. Bobagem. Eufemismo tolo pra me chamar de frouxo. Frouxo mesmo? Certamente. Mas é bobagem ficar aqui choramingando. Melhor eu me concentrar em narrar o dia derradeiro da minha vida, o dia em que explodi e resolvi mandar tudo pras picas. Eu estava numa puta má fase. Depois de três anos sendo ininterruptamente sacaneado pelo meu patrão, um sujeito com curso primário, que fala “menas” “vinhemos” e “pobrema”, eu fui para o escritório decidido a pedir as contas. Quer dizer, mais ou menos. Falei: Ou você me dá um aumento, ou eu saio. Tinha fé que o blefe ia dar certo. Que ele ia se sensibilizar com a minha condição deprimente, com o salário muito abaixo do piso que me pagava, com todos os anos de dedicação e bons serviços prestados. Ele olhou pra minha cara, colocou um sorrisinho irônico no canto da boca e disse: Você quem sabe. Levantou pra sair, mas antes anunciou: Contratei um novo vendedor. Tá aí fora. Explica pra ele como é o esquema. Uma voz interior me dizia que eu não tinha que explicar porra nenhuma, que nem da equipe de vendas eu era e que, além disso, eu tinha pedido demissão. Eu saí pelo corredor, enchi um copinho de plástico com água e bebi de um gole só. Expliquei pro cara, um chucro, como era o esquema. Porra.</div><div align="justify"><br />Peguei um ônibus que lá pelos lados do Bom Retiro começou a lotar. Sentou-se ao meu lado uma mulher muito gorda. E muito feia. Se esticou toda na minha frente, abriu a janela, fez um bolota com o saquinho de alguma coisa que ela tinha acabado de comer e atirou pela janela. Depois sentou-se novamente e tirou um celular da bolsa. A mulher tinha cara de pobre, e era pobre, mas o celular dela era muito mais incrementado que o meu. Então ela colocou uma merda de música alta, um forró desgraçado que não me deixava ler o que eu estava tentando ler, e eu olhei em volta e percebi que era o único incomodado com a situação, que as pessoas no ônibus já não estavam nem aí. E a gorda desligava o celular e eu pensava que aquele tormento tinha terminado, mas aí ela ligava de novo, com a mesma música, e eu fiquei com vontade de dizer pra ela que ela era uma imbecil, uma inútil, que um genocídio para pessoas como ela e os conterrâneos dela não seria uma má solução, um monte de paraíbas safados que quando não são analfabetos (não deviam deixar analfabetos comprarem telefones celulares), tem preguiça mental demais para ler aquela merda de aviso, colado no vidro do lado da cadeira do cobrador, no qual estão os dizeres “Proibido o uso de aparelhos sonoros no interior deste veículo, lei tal ano tal, etecetera”, que ela devia fazer um favor aos usuários do transporte coletivo e começar a andar somente a pé, mas isso apenas depois de fazer um curso para pedestre. E que enfiasse o celular no cu. Pensei em dizer tudo isso, mas me limitei a ficar abrindo e fechando o livro e fazendo cara feia, pra ver se a maquinista de trem fantasma se tocava. Ela notou minha irritação e riu. Acintosamente. Porra.</div><div align="justify"><br />O dia estava uma merda mesmo, então resolvi não ir direto pra casa. Fui jogar bilhar no boteco. A dinheiro. Não há nada pior para embucetar de vez com o humor de alguém do que perder um jogo estúpido. Ainda mais quando há dinheiro envolvido. E principalmente quando você acha que estão te roubando. E eu sempre acho que estão me roubando. Na quinta partida seguida que perdi, perdi também a paciência. Joguei o taco na mesa e saí, o pessoal falando “mas, o que que é isso”, “volta aqui, porra” etecetera. Mas olhei pra trás e eles estavam rindo, um até mesmo chegou a dizer “é um ganso mesmo, vacilão da porra”. Porra. </div><div align="justify"><br />Sinuca, carteado. Quanta perda de tempo. Sabia na verdade qual era o meu problema, no fundo. Falta de sexo. Já ia mais de um ano que eu não transava. Mulher nenhuma queria dar pra mim, por causa da minha feiúra – eu sou feio e atarracado - e a secura já ia alta. Pra completar, eu dividia apartamento com mais dois caras que todos os dias levavam algum brotinho pra comer lá, e eu ouvia os gemidos, os gritos e sabia que os putos atiçavam as piranhas pra gritarem e gemerem alto só pra me sacanear. E quase todo dia era assim, e por isso mesmo eu já não tinha tesão nenhum de ir pra casa, tocar aquela punheta murcha no banho, pensando na vizinha gostosa ou na secretária do chefe que só me provocava mas tirava o corpo fora na hora H. Eu estava fodido, mas tão fodido, que nem dinheiro pra pagar uma puta eu tinha. E a tendência era só piorar, eu ficava excitado só de ver a lingerie aparecendo no desenho da menina da fachada da Casa das Calcinhas. </div><div align="justify"><br />Então não sei como surgiu e se instalou na minha cabeça a ideia fixa que mudou a minha vida. Só sei que tomei um ônibus e fui para perto da casa da minha ex-namorada. Uma que tinha me dado o pé na bunda fazia mais de dois anos, não sem antes me cornear, sacanear e esculachar, me dizendo um monte de groselhas. Entre elas, a de que eu era um bunda-mole. (Tenho a impressão de que já a citei aqui). Estranho, fiquei na rua escura espreitando a casa dela, eu não sabia o que estava fazendo. Descobri quando ela chegou. Que delícia, eu estava com saudades daquele corpinho, dos gemidos dela, das loucuras que a gente fazia na cama. A verdade é que, sem ela, a minha vida tava mesmo uma merda completa. Abordei-a, ela tomou um tremendo susto. Fui direto ao assunto, eu quero você, de novo. Ela respondeu que eu estava maluco. Maluco? Eu estava maluco, porra. Puxei-a pelo braço, puxei pelos cabelos, arrastei pra uma esquina deserta. Ela ficou sem reação, talvez estivesse paralisada de medo, mas podia ser também um tesão enrustido e inconfesso. Não ofereceu resistência, e eu a empurrei contra o muro, de costas para mim, e levantei sua saia, abaixei a calcinha, tudo com uma mão só, com a outra fui abrindo meu cinto, o zíper, baixando as calças. Estava fora de mim, e foi juntando todo aquele estresse, e a energia contida de anos levando desaforo pra casa, tomando no fiofó, vendo os outros se dando bem enquanto eu estava a nenhum. Botei o pau pra fora e, puta merda. Que desgraça. Estava mole. Mandei-a agachar e me chupar, e ela chupou a contragosto, durante intermináveis minutos, e meu pau continuava mole. Eu comecei a chorar de nervoso, ela olhou pra minha cara com nojo, disse que eu continuava um bunda-mole mesmo. Então fiquei puto. Senti um troço, um afluxo de sangue, meu rosto inteiro formigava, devia estar vermelho feito um pimentão e eu tremia como se estivesse tendo um ataque epilético. Ela ainda estava com meu pau na mão e vimos quando ele começou a crescer numa ereção contínua e interminável. Aquilo era uma loucura, e só na loucura ou num sonho psicodélico se justificaria o sorriso satânico que se instalou no rosto dela, a voz mole dizendo “hum, seu safado” e depois tomarmos um puta susto quando meu saco começou a inchar, inchar, inchar e ficar do tamanho de um limão. Comecei a urrar de dor, e fiquei meio verde feito o doutor Banner se transformando no Hulk, e os músculos do meu pescoço retesaram, meus dentes trincaram, minhas pupilas se dilataram e senti que ia desmaiar. Antes de apagar, deu tempo de ouvir um barulho seco como o de uma bexiga cheia de ar sendo estourada. E vi, ainda antes do sangue sair do meu corpo e eu ficar lívido, a minha pele cedendo, e meu testículo direito sendo expelido pra fora como a espoleta saindo de um revólver.<br />Agora estou no hospital, com o escroto enfaixado. Somente amanhã vou poder ver como ficou. Minha ex teve a bondade de recolher meu testículo direito e trazer para o reimplante. O esquerdo, segundo ela, ricocheteou no ar e caiu na rua. Ela não conseguiu localizar. Deve ter caído num bueiro. Porra.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br /></div><div align="right"><em>Rafael Gimenez</em></div>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-76896708541079189372010-01-23T19:19:00.001-02:002010-01-23T19:21:56.262-02:00Cheiro de amor e de morte<p align="justify">Meu nome é Ubiracy, vulgo Bira. Trabalho no Instituto Médico Legal. Tem já mais de dez anos que trabalho como assistente dos legistas, engavetando e desengavetando cadáver, tá sabendo? Minhas narinas já se acostumaram com aquele cheiro ocre, agridoce, de maneira que nem diferencio mais o odor de um defunto ao aroma de uma torta de ameixa feita pela Larinha. Larinha é a minha mulher, tá sabendo? Quando conheci a Larinha, eu fiquei doido. Estava andando na rua e ela vinha no sentido oposto, olhei pra ela e ela olhou pra mim, mas eu sempre fui muito tímido com as mulheres e elas nunca me deram pelota porque eu não sou lá um sujeito muito bonito, tá sabendo? Mas quando a Larinha passou por mim, os cabelos lisos na altura dos ombros, olhos negros e brilhantes e um corpo que nem o melhor poeta saberia descrever, me deu uma coisa, tá sabendo? E eu fiz algo que nunca imaginara. Segurei a Larinha pelo braço, e ela fez uma expressão de espanto, imaginem, um crioulo enorme segurando ela pelo braço assim sem mais nem menos, e vi que ela ia gritar, eu precisava dizer alguma coisa, mas minha voz não saía, eu na época não era nem mesmo um verborrágico como sou hoje, e não lia poesia, e só queria saber das mulheres para foder, e pagava por sexo porque mulher alguma queria dar pra mim, e as que davam se assustavam com a minha jeba, sim, porque modéstia à parte eu sou um cara bem piçudo, tá sabendo? Mas aí fiz um esforço descomunal e enfim disse, com a voz gaguejando, “você é linda” e ela “o quê?” e eu repeti, desanimado, “você é linda”, e ela sorriu, e muito tempo depois me disse que ninguém tinha feito uma coisa assim por ela antes e que minha atitude foi romântica e corajosa. Larinha também é muito tímida, tá sabendo? Eu era apenas um chucro ignorante e semi-analfabeto quando comecei a sair todas as tardes com Larinha e ela me lia poemas de Lorca, Baudelaire, Neruda, Drummond, Bandeira e me fez ler romances e íamos às vezes ao cinema e ríamos de chorar vendo comédias e ela se assustava e me abraçava quando víamos filmes de suspense. Quando começamos a namorar, os pais dela foram contra. Os pais da Larinha são professores universitários, com mestrado e outras milongas, e não queriam me podar porque sou preto ou pobre, mas porque eu era ignorante e não fazia porra nenhuma da vida, a não ser jogar bilhar e um ou outro biscate que me possibilitasse arrumar dinheiro pras minhas apostas. Mas a Larinha me mudou, me arrumou o emprego no IML e depois me apoiou quando comecei a estudar enfermagem. Quebrei o nariz de um palhaço na vila porque ele tirou onda com a minha cara dizendo que enfermeiro é profissão de boiola, tá sabendo? Mas isso não interessa, vim aqui para falar de outra coisa, tá sabendo? Como eu disse, trabalho no IML todo dia limpando os defuntos que chegam. Um dia desses chegou de uma só vez dezessete presuntos de uma chacina no Capão e o Bira aqui estava lá fazendo seu trabalho quando pensou assim: “Porra, Bira, já faz mais de dez anos que você tá nessa vida de embalsamar presunto, tá sabendo?” e pensava que os putos dos médicos do IML nem olhavam pra minha cara quando passavam por mim no corredor de manhã, e minha vida estava cada dia mais maçante, eu já estava tão acostumado a ver cadáver, e tão acostumado com o cheiro deles, com o sangue coagulado, com as escoriações, a putrefação, os órgãos internos aparecendo e todas aquelas coisas, que podia até almoçar em cima de um finado que isso não alteraria em nada o meu apetite, tá sabendo? Mas eu não ligava para esses pensamentos, eu era feliz. Todo dia chegava em casa e a Larinha tinha feito alguma comida que eu gostava, e me falava sobre como tinha sido o dia dela e, sabendo que eu odiava falar de trabalho, nunca me perguntava como tinha sido o meu. E depois íamos pra cama e todo dia era aquela loucura, tá sabendo? O sexo que a gente fazia era coisa que devíamos cobrar entrada pro povo ver, era melhor que poesia, era arte pura, uma coisa que devia ser gravada e deixada como legado para as gerações futuras. Nesses mais de dez anos em que estava com ela e em que cuidava dos presuntos no IML, eu nunca tinha deixado de dar no coro nem um dia, fosse por cansaço, por doença ou por outro motivo qualquer, tá sabendo? Mas nesse dia em que chegaram os dezessete presuntos do Capão, tudo moleque novo, o mais velho tinha vinte e seis anos, o mais novo quinze, a maioria preto e pardo – mas tinha um japonês no meio, tá sabendo? – todos com o rosto tranqüilo, sem horror, sabendo que tinha se cumprido a sina deles e acabado a encheção de saco que é viver nesse mundo, nesse dia, sei lá, eu não consegui comer a Larinha. Ela tentou de tudo, mas meu pau, esse Hércules que é meu pau, não subiu de jeito nenhum, tá sabendo? Ficou uma minhocona mole, e a Larinha ficou balangando ele pra lá e pra cá, e rindo, e brincando com ele como se fosse uma boneca, e aquilo me irritou e eu pedi pra ela parar e me virei de lado. Ela perguntou “o que foi?” e eu respondi “nada” e ela perguntou se era algum problema no trabalho e eu disse pra ela “odeio falar de trabalho, você tá cansada de saber disso, tá sabendo?” e ela começou a chorar e eu fico com o cu na mão toda vez que a Larinha chora, tá sabendo? E fiz um carinho nela e pedi pra ela me ler um poema do Brecht e então ela leu e nós adormecemos. No outro dia eu não conseguia trabalhar e pela primeira vez tive nojo daqueles defuntos que chegavam, e náusea com o cheiro, um enjôo que só senti quando pisei naquela merda pela primeira vez mais de dez anos atrás, tá sabendo? Pra piorar, chegou o corpo de uma velha gorda, o corpo estava em péssimo estado, manchado de verde e roxo e aquilo foi me dando uma agonia e eu pensava nos dezessete defuntos do Capão, nos pretos e no japonês, e pensava no corpo da Larinha e em todas as sacanagens que fazíamos na cama, mas aquilo não me excitava nem me dava vontade nenhuma, e foi me dando vontade de chorar. Mas eu nunca chorei, tá sabendo? Então pensei “o que está acontecendo comigo?” e larguei o corpo da velha lá, e quando ia saindo percebi que não teve um puto pra fechar as pálpebras dela, e a velha estava me encarando com os olhos esbugalhados, e então eu, um sujeito que nunca tive medo nem de assombração, queimei o chão sem dar tempo nem pro pensamento me alcançar, tá sabendo? Cheguei em casa e a Larinha tava fazendo torta de ameixa, e eu disse “larga essa merda aí”, e puxei ela pro quarto e fiquei inteiramente nu e mandei ela tirar a roupa também, e a Larinha não estava entendendo nada, mas tirou o avental, depois tirou o shorts e a camiseta que estava vestindo, e ela estava de cabelos presos e aquilo me deu um princípio de ereção, e coloquei ela pra chupar meu pau e ela chupava e a ereção ia aumentando e eu não consegui conter um riso de alegria e botei ela de quatro pra comer o cuzinho dela, tá sabendo? Mas quando comecei os movimentos, lembrei dos defuntos e desesperado vi a ereção indo embora, e caí na cama suado e arrasado, a Larinha do lado sem coragem de dizer nada, e ficamos os dois muito tempo calados, até que eu disse “minha filha, vamos cuidar da vida, tá sabendo?” e fomos tomar banho.</p><p align="justify"><br />E por isso que estou aqui hoje, falando com o senhor, vendo se o distinto pode me ajudar, tá sabendo? Foram mais de dez anos lidando com aqueles malditos defuntos, fazendo sempre o trabalho mais sujo e asqueroso, mas isso nunca afetou a minha virilidade, tá sabendo? Agora, por quê não consigo tirar da minha cabeça os dezessete defuntos do Capão, a velha gorda olhando pra mim com os olhos arregalados, o cachorro atropelado na rua, que virou uma pasta vermelha no chão, e o bebê encontrado no lixo, pretinho e com dois olhinhos que mais pareciam bolinhas de gude, com um rato preso no calcanhar? Por quê não consigo mais foder com a minha mulher? Por quê, doutor? Minha cabeça percorre o cemitério enorme, sem limite, onde jazem no alvor d’uma luz branca e terna os povos da História antiga e a da moderna. É Baudelaire, tá sabendo?<br /> </p><p align="right"> <em>Por Rafael Gimenez</em></p>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-52576257813050566532010-01-17T21:17:00.002-02:002010-01-17T21:22:51.010-02:00Vão-se os dedos, ficam os anéis<div align="justify">Era pra ser uma relação estável. Sabe quando você chega naquele estágio que um completa a frase do outro? E que você nem precisa dizer algo, pois ele já sabe o que você quer falar? Bem, minha relação com o Fernando era assim. Éramos como almas gêmeas, unha e carne, tampa e panela, chinelo velho e pé cansado, cu e cueca. Dois anos de relacionamento sem enjoar um único dia. Um entendia quando o outro queria uma relação mais melosa, ou mais apimentada. Dividíamos nossas fantasias, por mais estranhas que pudessem parecer. Tudo com o maior respeito e cumplicidade.<br /><br />Um dia Fernando começou a agir de forma estranha. Estávamos no auge da relação sexual, ele por cima de mim, bombando com força e minhas pernas entrelaçadas sobre suas costas, quando ele disse: <em>“- Aperte minha bunda. Aperte forte, mais, abre...” </em>Fiz o que ele pediu e ele gozou aos urros, como nunca.<br /><br />Depois deste dia ele pedia cada vez mais: <em>“- Aperta, abre, arranha, bate na minha bunda...”</em> E eu fazia, só pra vê-lo gozando com gosto.<br />Certa vez, depois de transarmos, estávamos deitados abraçados e nos beijando, quando ele foi direcionando minha mão até a sua bunda. Como eu já sabia o que ele queria, comecei a apertar cada vez mais forte. E quando mais forte eu apertava, mais gostoso ficava o beijo. E Fernando cada vez mais tesudo. Já podia sentir seu pau crescendo entre minhas coxas, mesmo ele já tendo gozado três vezes naquela noite.<br />Fernando empurrava minha mão cada vez mais até sua bunda, até que comecei a passar o dedo em seu cuzinho. Ele começou a gemer mais, já dava pra sentir seu pau latejando. Ele ficou louco de tesão e me comeu como não havia comido até aquele dia. Uma experiência incrível.<br /><br />O tempo foi passando e aquela brincadeira começou a me preocupar. Fernando pedia que eu colocasse o dedo cada vez mais fundo, até enfiar completamente. Depois ele me comia com força, de quatro e gozava nas minhas costas, do jeito que eu gostava. Então ele passou a pedir dois dedos e a ficar de quatro, e quando estava bem excitado, ele me comia, mas gozava rápido. Até que um dia me vi enfiando três dedos no meu namorado, enquanto ele rebolava.<br />Como pode? Aquele homem viril tinha se tornado uma putinha! Onde foi que eu errei?<br />Não era a primeira vez que tinha feito fio terra em alguém, mas uma coisa é fazer isso numa transa casual, a outra é penetrar o homem que você ama, aquele que você quer que seja pai de seus filhos.<br /><br />Passei a ficar neurótica. Arranquei todos os fios-terra dos aparelhos eletrônicos de casa, tinha sonhos estranhos como chegar em casa e ver meu namorado usando minhas calcinhas ou sendo enrabado por outro cara. Até quando ouvia o presidente falar em inclusão digital eu sentia um mal estar. Mas nunca deixei Fernando perceber isso, afinal era o homem que eu amava. Um dia não agüentei. Estava em casa fazendo o jantar e Fernando me ligou. Perguntou o que eu estava fazendo, e respondi que estava cortando cenouras. Ele disse: <em>"- Hummm... que delicia."</em> Aquilo foi a gota d´agua. Pedi a ele que passasse em casa naquela noite, para conversarmos, e ele disse que estava ocupado com alguns relatórios de trabalho, e acrescentou: <em>“- Só se for rapidinho, dois dedinhos de prosa...”</em>. Meu sangue ferveu, minha boca começou a espumar e desliguei o telefone na cara dele.<br /><br />Fernando chegou até minha casa, tocou a campainha e não abri. Eu estava desmaiada no chão ensangüentado. Havia cortado minha mão direita com a faca de cozinha, afinal se não fossem os malditos dedos no cu de Fernando nossa relação continuaria normal.<br />Fernando chamou o SAMU e fugiu, com medo que a culpa recaísse sobre ele.<br /><br />Disse aos médicos que tentei me suicidar, porque meu namorado fugiu com outra. O hospital me recomendou uma psicóloga. Passei a fazer terapia com a Dra Fernanda, que se tornou mais que uma amiga. Tornou-se minha namorada.<br /><br />Hoje fazemos um ano de namoro. Nossa relação é de cumplicidade e muito sexo. Os dedos de Fernanda são maravilhosos e eu consigo trabalhar bem com a mão esquerda. E quando quero agradar, penetro-a com meu cotoco.<br /><br />Há males que vem para bem.</div>Liliane Akaminehttp://www.blogger.com/profile/00686636286260788836noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-60982138811189203182010-01-03T11:59:00.003-02:002010-01-03T12:05:39.351-02:00A falecida<div align="justify">Quando Raimundo conheceu Shirley, caiu de amores imediatos por ela. Não era para menos: a morena tinha cabelos pretos, olhos escuros, um rabo fenomenal, seios pequenos que cabiam na palma da mão, como ele gostava. Viu-a dançando agarradinha com um sujeito no forró, o sujeito tinha cara de estar maconhado, ou qualquer coisa do tipo. Assim que terminou a música, puxou-a pelo braço. O outro quis protestar - “ei!” – mas já estavam do outro lado do salão. Raimundo disse “você só sai daqui comigo hoje” e, efetivamente, assim aconteceu. Namoraram e casaram-se, tudo em menos de um ano. Se durante o namoro Raimundo ainda ia com Shirley ao risca-faca, onde tomavam cerveja e dançavam, depois de casados se tornou um marido tremendamente opressor. Não deixava a mulher botar o pé pra fora, nem fofocar com vizinha – mexeriqueiras do cão! – nem ir ao supermercado sozinha. Deixava-a ir, sob mil recomendações, à casa da mãe, também no bairro, para onde telefonava de cinco em cinco minutos a fim de saber se ela estava lá. Tanta desconfiança, na cabeça de Raimundo, tinha procedência: a mulher não era flor que se cheirasse. Ele sabia. Na sua terra, vadia é pra se comer, mulher decente para se casar. Mas Raimundo não sabia explicar a ninguém o que o levara a quebrar aquele mandamento. Só sabia que a morena era um fenômeno. Deixava-o doido na cama, como nenhuma outra conseguiu. Logo na primeira noite, enquanto se despia para ele, passou a língua nos dentes – ela tinha todos os dentes – e disse coisas impublicáveis, que ele não ouvira nem nos lupanares que freqüentara desde garotinho. E um tesão inexplicável o queimava, e se sentia confuso. Comia vadias, sempre comera, mas tinha nojo delas. Usava-as e depois de terminado o ato, queria logo se ver livre delas, pagava o quarto, saía batido. Proibia as putas de falarem palavrão pra ele e uma vez agrediu uma que o chamou de filho-da-puta no auge da ação. E agora estava ali, Shirley de quatro em sua frente, gritando “me fode, filho da puta, enfia esse pauzão em mim”, e ele mandando ver, cada vez mais rápido, mais forte, mais brutal. “Me bate”, e ele batia. “Bate forte, porra”, e ele batia com vontade, marcando as nádegas da mulher. “Mais forte, mais forte, bate que nem homem”, e ele batia com toda a força, e sentia um vigor imenso, e em seguida caía desfalecido, o pênis melado e esfolado. </div><div align="justify"><br />Era feliz com aquela mulher e acreditava que a colocaria nos eixos. Mas Shirley, evidentemente, não estava feliz. Mais do que o sexo, a luxúria para ela era se exibir. Gostava de sair na rua e sentir os homens a olhando, a comendo. Seu maior prazer, desde que começou a ganhar formas de mulher, era descobrir sempre uma maneira nova de desejo se apresentando diante dela e verificar que o grupo de homens que a devorava com os olhos era heterogêneo. Passava em frente ao convento de São Cristóvão e surpreendia, vez ou outra, um frade entortando o pescoço para contemplar sua partida. O frade se ruborizava e saía andando em passinhos apressados. Ela ia para casa e se masturbava, olhando-se no espelho, senhora de todos os desejos dos homens. </div><div align="justify"><br />Era líquido e certo que um dia a bomba estouraria. E aconteceu no dia em que Raimundo, chegando mais cedo em casa, a pegou na cama com um biriteiro afamado da vila. Ele não teve cabeça pra pensar: partiu pra cima dos dois. O sujeito, rápido e ágil, pulou pela janela, sumiu na rua. Ela gritou, esperneou, quase desfaleceu quando viu o ódio nos olhos do marido. Chorou sentida, porque no fundo amava o corno. Mas era tarde. As mãos apertavam mais e mais seu pescoço, ela sentia a visão se escurecer e ir apagando aos poucos, como uma luz dimerizada. Morreu nos braços dele, que não tinha forças pra chorar nem pra fugir. Sua vida acabara. Tratou de dar sumiço no corpo.<br /></div><div align="justify">--------------------------------------------------------------------------------------<br /><br />Dois anos depois, Raimundo estava novamente casado. Renilda, 24 anos, evangélica, casou com ele cabaço. A virtude personificada. Não gostava da rua, ficava apenas em casa, arrumando as coisas, cozinhando, vendo tevê à tarde. Raimundo jamais chegara a esquecer Shirley, mas convencera-se de que dera um passo em falso ao se casar com uma dissoluta. Uma mulherzinha sem-vergonha, dissimulada, traindo-o com um porqueira em sua própria cama. Fizera bem em esganá-la, era cabra macho. Pensava tudo isso tentando amenizar a consciência e desviar o foco de uma questão que era insuportavelmente incômoda: com Renilda, mal conseguia gozar. Ela deitava na cama, abria as pernas e mantinha no rosto uma expressão impassível, de quem estava ausente de tudo, como se não estivesse sentindo ou vivenciando coisa alguma. Não era incomum que, diante de tão mórbida passividade, Raimundo broxasse. Aquilo para ele era a morte. Nunca antes broxara em sua vida, nem com as putas que tanto desprezava. Tentou de tudo: gemada, catuaba, amendoim. Nada adiantava. Um dia, não sabendo mais a quem recorrer e já meio breaco, pediu conselho a um amigo na mesa de sinuca. O outro ouviu o relato da situação e disse: “Rapaz, tua mulher faz o que? Te chupa? Te dá o furico? Ou vocês ficam só no papai-e-mamãe?” e ele respondeu que Renilda é uma mulher séria, que com ela não rola essas sacanagens não e que é assim que deve ser. “Mas é isso, rapaz”, cravou o amigo, “por isso que tu broxa”. Rotina é o grande anti-afrodisíaco de um casamento, era a opinião do colega. </div><div align="justify"><br />Ao chegar em casa, Raimundo encontrou a esposa na cama, dormindo, de camisola, ressonando quase imperceptível como era seu jeito de sonhar. Se aproximou devagarinho, ela estava deitada de lado. Empurrou seu corpo para o lado, até que ficasse de bruços, e levantou a camisola até a altura do ventre. Depois, lentamente, desceu a calcinha larga de algodão. Apalpou seu pênis, ainda não estava duro. Acariciou as nádegas da esposa, até que essa acordou sobressaltada: “Raimundo, o que você tá fazendo?”, argüiu assustada. E completou: “Bebeste de novo, foi? Que cheiro horrível de cachaça”. Raimundo desferiu-lhe uma bofetada, deitou-a na cama com a barriga pra baixo e disse “quem manda nessa merda sou eu”. Estava decidido a comer o cu da mulher e resolver de vez aquela brochura medonha que o atormentava desde a morte de Shirley. Mas ao tentar a penetração de pinto mole, o fiasco da empreitada era fato consumado. A esposa violada não tentou qualquer reação, apenas orava baixinho, pedindo perdão a Deus e que aquilo acabasse logo. Minutos depois, acabou. Vencido e arrasado, Raimundo caiu de lado na cama e chorou até dormir, cansado.<br /><br />---------------------------------------------------------------------------------------</div><div align="justify"><br />Acordou surpreso quando sentiu a língua da mulher acariciando seu pênis, no meio da noite, assim sem mais. E logo que se deu conta do que estava acontecendo, antes que pudesse dizer qualquer coisa, sentiu o sangue fluindo todo para aquela região e seu pinto renascia, rubro e vivaz, na boca de Renilda. Quer dizer, ele sabia que era Renilda, pois somente ela estava ali, e era seu rosto e seu corpo. Mas parecia mesmo que era outra pessoa ali beijando seu caralho, cuspindo nele e dizendo, com a voz safada “que pauzão, olha como está duro”. Arrancou a camisola dela, colocou-a de quatro – Renilda nunca antes permitira o coito naquela posição – e aproveitou ao máximo aquela ereção que, agora ele sabia, só se findaria no gozo. Não acreditava no que estava acontecendo e sentiu sua espinha gelar quando Renilda lhe disse, olhando para trás e fitando seus olhos: “Me come com força, filho da puta. Mete tudo até o fim, vai”. No momento de gozar, teve a epifania: visualizou perfeitamente Shirley de quatro, sendo enrabada por ele e pedindo leite na boca. Atendeu o pedido, e era a boca de Shirley a que ele lambuzava com seu sêmen, contorcendo-se de prazer num êxtase que ele só conseguia fruir, já que havia abdicado de entender. Quando estava já caído de lado, saciado, olhou para Renilda e lá estava a mulher, o rosto com o olhar perdido além, uma expressão aparvalhada como se tivesse enlouquecido. Dormiu sem sequer se lavar e sonhou com Shirley lhe dizendo que aquela fora a despedida. Que agora ele se acostumasse a ser broxa, ele que já fora corno. E Shirley ria, ria, todos os dentes brilhando.<br /></div><div align="justify"></div><div align="right"><em>Rafael Gimenez</em></div>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-29903632354776388942009-12-27T17:53:00.003-02:002009-12-27T17:57:16.259-02:00Boas Festas<div align="justify"><em>Três contos curtos, no clima de festividades de final de ano. Boas festas e boas entradas a todos!</em><br /></div><div align="justify"><br /><strong>O Néctar da Virgem</strong><br /><br />Poliana era tímida ao extremo. Nunca namorou, não gostava de ficar com os meninos, não ia a baladas e sofria de baixa estima. Poliana se apaixonou por Matheus e teve de ceder. Começaram então a namorar, ela com 17 anos e ele 18.<br />Matheus era um bom menino. Estudioso, trabalhador, porém como todo menino de sua idade, estava com os hormônios a mil. E Poliana relutava as carícias mais íntimas. Matheus tentou de tudo: beijos no pescoço, carícias nos seios (que eram repudiadas), beijos mais longos, escapadas de mão pelo corpo de Poliana, mas ela não cedia. E por mais carinhoso e amável que Matheus fosse, não adiantava. Poliana era menina virgem, sentia-se insegura com seu corpo.<br />Um dia Matheus deu o ultimato: “- Ou elevamos nosso grau de intimidade, ou partirei para outra”. Claro que aquilo não era verdade, Matheus amava Poliana. Mas ele precisava suprir suas necessidades.<br />Era noite de Natal. Eles combinaram de sair após a ceia, para namorarem a sós. Poliana foi tomar banho e se depilar. Decidiu então se masturbar em frente o espelho do banheiro, para saber como ficaria sua cara na hora da transa. Apoiou-se na pia do banheiro, debruçando sobre ela e olhando para trás para ter a visão de sua boceta, afinal ela sabia que os homens gostam de pegar por trás. Acariciava seu corpo e se debruçava cada vez mais, até seus seios tocarem o mármore frio da pia. E ficou ali, esfregando seu clitóris e fazendo caras e bocas para o espelho. Pela primeira vez Poliana sentia aquele líquido escorrendo entre seus dedos. Colocou os dedos na boca, verificou cheiro e gosto e tudo estava aparentemente certo. Poliana se banhou, se depilou, colocou sua melhor lingerie e esperou por Matheus.<br />Logo após a ceia, eles saíram no carro do pai de Matheus. Poliana estava tão nervosa que suava frio, passava mal e Matheus tentava fazer aquilo parecer natural.<br />Encostaram o carro num lugar deserto. Matheus não parava de acariciar a boceta de Poliana, que ainda estava nervosa com aquilo. Ele decidiu ser bruto. Agarrou Poliana com força, tirou sua calcinha e caiu de boca naquele lugar ainda não explorado por homem algum. Poliana, apesar de gostar da sensação, ainda estava se sentindo mal. Mas Matheus não parava. Ele deitou o banco do carro, abaixou suas calças e puxou a cabeça de Poliana até o seu membro. Poliana chupava desajeitada, com nojo daquilo. E continuava suando frio.<br />Matheus percebeu que poderia gozar a qualquer momento. Levantou a cabeça de Poliana e segurou-a pela cintura com força, fazendo-a sentar em seu pau, que estava duro como nunca. Poliana sentiu dor. Ela queria sumir dali. Matheus estava extasiado com tudo aquilo e forçava a menina a subir e descer, num vai-vem frenético. Poliana não agüentou. Por mais que amasse Matheus, não conseguia segurar aquilo, e acabou acontecendo. Poliana se cagou.<br />Não só se cagou, mas cagou no pau de Matheus. Fezes líquidas, jatos quentes de bosta que jorravam de seu ânus, tão desejado por Matheus.<br />Poliana estava nervosa. Por mais que quisesse se segurar, sair dali ou tomar alguma atitude, quanto mais ela queria se esquivar, mais merda vinha. Ela começou a chorar descontrolada.<br />Matheus abraçou Poliana. Para a surpresa de Poliana, Matheus tinha fetiches engraçados e um deles era chuva-negra. Eles se beijaram e meteram a madrugada inteira, dentro do carro todo cagado. Matheus penetrou aquele cu, quente e umedecido pela bosta.<br />Poliana e Matheus continuaram juntos, se casaram e toda vez que estão no meio da foda, Matheus diz: Amor, cague em mim. Cague.<br /><br />**************************************************************<br /><br /><strong>Noite Feliz<br /></strong><br />Ela deixou a meia na janela. A meia luz. Aguardou seu presente sozinha, com uma garrafa de vinho na mão e a lareira como testemunha. O calor era infernal, quente como o chão de Cuiabá, mas ela acreditou que a lareira daria um toque de realismo e atrairia o bom velhinho.<br />Chegou seu presente. Não se sabe como ele entrou, isso pouco importava. Alto, forte, abdôme definido e cara de safado: tudo que era necessário para aquela noite ser feliz. Sem dizer uma palavra, ele ajudou-a a esvaziar a garrafa de vinho e entre um gole e outro, beijos avassaladores, seguidos de muita luxúria. Já não se sabia se o calor vinha da lareira, do vinho ou dos corpos que não se separavam, num vai-vem frenético. E apesar de não ter feito a tradicional ceia de natal, o frango assado estava delicioso. Já não importava se era um estranho ou se o bom velhinho realmente havia se lembrado dela. O importante naquela hora era aproveitar toda aquela voracidade do rapaz, que a devorava como um macho dominante de verdade.<br />Ela cochilou no sofá com o corpo suado, melado de uma noite cheia de sexo selvagem. Acordou e estava se masturbando com o pinheiro e duas bolinhas da árvore enfiadas no ânus. O bom velhinho não havia passado por lá.<br />Ainda bem que havia mais vinho na geladeira.<br /><br />**************************************************************<br /><br /><strong>Dando aos pobres</strong><br /><br />Ah o espírito natalino! As ruas decoradas, luzinhas piscantes, caixinhas de natal, gestos solidários... Nada é mais lindo neste mundo!<br />Hoje decidi fazer uma boa ação: alegrar o Natal de um morador de rua. Porque as pessoas que estão num patamar (bem) mais baixo, também merecem uma noite feliz. Dar o que comer é tão <em>démodé</em>.<br />Pense na carência dessas pessoas. Moradores de rua sequer têm um quarto ou banheiro para bater aquela punhetinha gostosa, onde você senta na mão pra ela adormecer e goza pensando que outra pessoa está lhe tocando. Depois tomar um banho demorado e dorme nu.<br />Sim, vou dar para um mendigo. Vou escolher aquele mais barbudo, dos calcanhares grossos e negros, unhas sujas e cabelo com bolinhas de cobertor. Claro, tem que ter no máximo quarenta anos. Se bem que é difícil adivinhar a idade dessas pessoas sofridas, mas não pode ser um senhor de idade avançada. Mendigo velho só quer saber de pinga.<br />Coloquei um vestido preto curto, sobre uma lingerie vermelha, sandálias de amarrar na perna e maquiagem pesada. Fui em busca do escolhido.<br />Andando pelas calçadas do centro da cidade só encontrei garotos viciados em cola. Até que avistei meu macho sentando na escadaria da igreja, conversando com um cão vira lata.<br />Pele escura, descalço, cabelos encaracolados pela sujeira, barbudo, mãos grandes e roupas sujas. Era ele mesmo. Me aproximei do alvo oferecendo um cigarro. Todo morador de rua fuma. Ele aceitou. Não falava coisa com coisa, acho que a rua o deixou débil, ou já era antes, não sei. O que sei é que aquele cheiro de comida azeda e aquela voz rouca me deixavam excitadíssima.<br />Convidei-o para jantar e levei a um hotel, desses do centro que não pedem documentos na porta. Pedi dois lanches e algumas cervejas. O homem estranhou o fato de estarmos num quarto, mas como ofereci comida isso pouco importava. E eu também não queria muito diálogo. Sentei no colo dele e beijei aquela boca encoberta pela barba crespa e suja. Despertei um monstro.<br />Sua língua áspera explorava meio sem jeito minha boca. Arranquei o vestido e o sutiã e ele sugava meus seios desesperadamente, como se aquilo fosse alimentá-lo. E eu enroscava meus dedos em seus cabelos embaraçados. Tirei aquela roupa suja que ele trajava e vi seu membro pulsando, peludo e ensebado. Não quis saber de nojo ou pudor. Suguei com maestria aquele pau grande e asqueroso. Ele gritava. Não sei o que cheirava pior, se era o pinto ou a boca. Mas também não me importava.<br />Tirei a calcinha e sentei de uma vez, num encaixe perfeito. Cavalguei como louca. E ele parecia não acreditar. Teve um orgasmo duplo.<br />Paramos para o lanche. O homem comeu em menos de cinco minutos os dois lanches, tomou uma cerveja e estava pronto para outra. Colocou-me de quatro na cama e sem cerimônias me penetrou por trás. Comeu meu cu feito louco. A cada estocada era um palavrão, nada que me ofendesse, mas era engraçada aquela reação. Gozamos como dois animais.<br />Para nossa surpresa não havia água no hotel. Saímos de lá sem tomar banho. Ele voltou para a escadaria e eu voltei para casa, feliz por ter realizado uma boa ação.</div>Liliane Akaminehttp://www.blogger.com/profile/00686636286260788836noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-83059740560600557972009-12-20T21:23:00.004-02:002010-03-27T16:54:14.229-03:00Uma estória verídica que se passou com o amigo de um amigo meu<p align="justify"><em>Uma estória verídica que se passou com o amigo de um amigo meu (contada em primeira pessoa para dar o tom de veracidade que a fonte duvidosa rouba) e que me foi contada pelo casal, em uma mesa de bar.</em></p><p align="justify"><br /><strong>UM LADO</strong></p><strong></strong><p align="justify"><br />Era para ser um fim de semana anormal, visto que há tempos não nos encontrávamos e uma certa falta de entrosamento poderia rolar. Mas foi normal, pois tudo o que acontece quando encontro meus amigos da faculdade aconteceu. Álcool, mulheres, coma-alcoólico, glicose, samba e uma chácara no interior do estado.</p><p align="justify"><br />As irmãs, primas e mãe do anfitrião confraternizavam com as namoradas dos nossos amigos (os que levaram) e com as prostitutas à paisana que o irmão do mesmo convidara. A banda de pagode era muito bem remunerada com dinheiro e cerveja. Mas a mesa de sinuca estava vazia e eu sem ter com quem jogar.</p><p align="justify"><br />Já estava desanimado, mas quando vi o sujeito chegar, a coisa mudou. Sabem quando embaralham as cartas e redistribuem? Então, o jogo ganhou nova cara. Descrição: tênis preto, jeans, camisa preta, óculos escuros. Cumprimentou o irmão (o cara das putas) e se pôs num canto, bebendo cerveja só quando o serviam. O fato de usar óculos escuros mesmo debaixo do grande quiosque me chamou a atenção. Peguei uma garrafa e fui servi-lo. Conversa foi e fomos jogar sinuca. Sinuca vai e ele falou que iria ao banheiro. Ok. Perguntou se eu curtia. Mandei tomar no cu. Pirlimpimpim, porra! Ok, vamos. Sai com os olhos acesos, peitos de sargento e, na boca, um gosto amargo e pequenas bolinhas que vieram do sistema respiratório.</p><p align="justify"><br />Comentei com alguns amigos que o João Estrela estava na balada e a mesa de sinuca ficou com vários times de próximo, assim como a de pebolim e tênis de mesa. Um mais elétrico que o outro.<br /><br /><strong>OUTRO LADO</strong></p><strong></strong><p align="justify"><strong><br /></strong>Mesmo eu me opondo, minhas amigas insistiam para que saíssemos para nos divertir. Essa cidade é um porre. Todo mundo que interessa se conhece. Os que não interessam não interessam e ponto. Duas casas noturnas e alguns bares (barzinhos, como dizem) e ficamos iguais bola de sinuca, cada hora em uma caçapa. Odeio. Mas Zorra-Total tira qualquer uma de casa. Não que eu estivesse entediada, carente de alguém realmente interessante, alguém que não estivesse nas barras do pai doutor ou industrial e da mãe “torta-de-maçã”. Ou estivesse, popularmente, com vontade de dar.</p><p align="justify"><br />Fomos.</p><p align="justify"><br />Quando estávamos entrando para pegarmos as comandas, um bando de homens se fez notar rindo, se apontando o dedo e brincando como filhotes de leões. Não eram da cidade. Isso me impressionou.</p><p align="justify"><br />Já dentro, deixei as meninas seguirem para a pista e fiquei perto da entrada, esperando alguém que não conhecia.</p><p align="justify"><br />Tempo depois eles passaram, com a mesma euforia da entrada. Já no primeiro posto (à minha frente) pegaram cerveja e nem brindaram, como é de costume por aqui. Foram bebendo para a caça, exceto um, que ficou parado, concentrado em virar uma longneck. Quando parou, encheu o peito de tal maneira que me roubou o ar. Notou-me o notando e jogou sobre mim um olhar e um meio sorriso safado de uma força sutil... Baixei os olhos, sorrindo. Esperei um pouco para subir e olhá-lo e quando o fiz ele já não estava mais lá.</p><p align="justify"><br />Caí para a festa introspectiva, mas não encontrava as meninas.</p><p align="justify"><br />No balcão da cerveja sofri um esbarrão. Quando me virei para reclamar eram os olhos e o meio sorriso novamente. Desculpa, escutei. Sorri. Se tem uma coisa que me dá tesão, continuou, é mulher com unhas pintadas de negro; se for pálida assim, então, dá combo; e se for loira de luzes, outro combo. Então tenho... tenho... quatro pontos. E ganhou. Dê-me o prêmio. Beijou. Pegamos as cervejas e fomos para um canto. Vamos tomar um pouco primeiro, senão vou te deixar molhadinha, me falou. Tomamos. Beijamos infinitamente e tinha um gosto meio amargo e anestésico e durante isso não conseguia pensar em nada, era como se eu não existisse. Momento iogue.</p><p align="justify"><br />Ele não era um cara grande e forte. Do meu tamanho e nem gordo nem magro. Mas seu abraço me possuía de tal maneira, me envolvia em seu campo-de-força que dava a sensação de proteção e plenitude que não sei explicar. E nem o conhecia ou já sabia tudo o que precisava saber sobre ele para poder roçar minha bunda em seu pau sem constrangimentos. E a história da unha, pele e cabelo ficara em mim: ele era totalmente o oposto.</p><p align="justify"><br />Entre amassos, cervejas e esfregações foi-se a noite mais feliz desse meu ano até então sem-graça e siririquento.</p><p align="justify"><br />Vamos para um motel, propôs. Hum... Beijo. Vamos. Chamei uma das meninas que vieram de carona comigo, apresentei meu homem. Mas vendo a situação, ela alegou já ter outra pessoa para deixá-la em casa. Na saída, cada um pagou a sua comanda e demos muitos beijos dentro do carro antes de partir (ele até me masturbou enquanto beijava, sensação única, essa).</p><p align="justify"><br />No caminho ele não tirou a mão das minhas pernas, apertando e acariciando... eu não me agüentava mais... e, quando ele me pediu para estacionar numa rua de pouco movimento para metermos ali mesmo, resisti um pouco, afinal, sou uma mulher jovem e não posso...</p><p align="justify"><br />Tá bom, vai, mas só umazinha, hein? Ele foi o maestro, como deve ser. Primeiro me fez chupá-lo e ele alisava minha cabeça e minhas costas com uma delicadeza bruta, de massagista. Puxava os cabelos e escorria dos dedos pela face e bochechas (que hora e vez recebia pancadas vindas da parte de dentro).</p><p align="justify"><br />Único.</p><p align="justify"><br />Depois me beijava e sua mão se movimentava com destreza entre minhas virilhas lisas e viscosas. Já me tirava gemidos. Tomei a iniciativa de cavalgá-lo. Pulei para o banco do passageiro. Meter e beijar ao mesmo tempo, me falou, é a vantagem dessa posição. E posso sentir o poder do peitoral junto ao meu, acrescentei.</p><p align="justify"><br />Quando eu estava quase lá, ele decidiu que queria mais cerveja. Pedi para que esperasse um pouco e chamei-o de amor. Vamos lá agora, depois te fodo mais no motel. Péra... péra... e intensifiquei a velocidade e tentei beijá-lo, mas esquivou-se. Vamos logo, caralho, depois te dou mais pinto. Brochei. Abracei-o, beijei o seu pescoço e tirei o celular do seu bolso, jogando-o para o bando de trás.</p><p align="justify"><br />No banco do motorista novamente me vesti e toquei o carro. Silêncio sepulcral. Estaciono na Conveniência 24 hrs. Heineken para você também? Silêncio. Ok, se quiser ir para a sua casa de Barbie, vá. Já poderei contar que te meti mesmo. Sai.</p><p align="justify"><br />Dou marcha ré e saio. Lágrimas esparsas caem.</p><p align="justify"><br />Quero ver como esse paulistano filho da puta vai se virar para achar a chácara dos seus amigos imbecis, sem o celular.</p><p align="justify"><br /><strong>A MOEDA</strong></p><strong></strong><p align="justify"><br />“Mesmo em casa, não tirei o telefone dele do bolso. Sou idiota e esperei a ligação sem conseguir me concentrar nos estudos para as provas finais. Estava amando, já, e ainda sentia o gosto agridoce do beijo vigoroso daquele homem. Essa palavra, agridoce, foi a que ele usou quando o indaguei sobre o gosto e se tornou um gatilho para a sua imagem em minha mente.”</p><p align="justify"><br />“Demorei um pouco a ligar. Estava receoso, afinal, uma das poucas lembranças que eu tinha ao sair de casa era de ter levado o celular. Liguei e ela atendeu, né amor? Pedi desculpas. O que conversamos exatamente não interessa agora, mas no fim de semana seguinte voltei parta a cidade dela e começamos.”</p><p align="justify"><br />“Foi mais ou menos assim...”</p><p align="justify"><br />“É, mais ou menos...”</p><p align="justify"><br />“Só não contem com tanto detalhes para a Maria Rita ou Ricardo, quando um deles nascer!”</p>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-21118074868277262302009-12-14T19:14:00.003-02:002009-12-14T19:33:21.481-02:00Garotos de Aluguel<div align="justify">Meu nome é Samira. Sou uma bem-sucedida empresária do ramo de laticínios. Meus desafetos dizem que sou uma devoradora de homens, mas não é verdade. Considero-me apenas uma caçadora. Vislumbro um alvo para saciar minhas necessidades e não sossego enquanto não o conquisto. Querem ver? Vou exemplificar contando uma situação recente pela qual passei: estava em casa assistindo televisão – tevê a cabo, entenda-se, odeio noveletas, programinhas populares e demais bobagens da tevê aberta – quando vi um comercial de creme dental que me chamou a atenção. Jovens jogando frescobol num lago, dando mergulhos, exibindo o frescor e o vigor dos seus vinte e poucos anos. Um dos rapazes me deixou fascinada: era lindo, loiro, um corpo perfeito. Tive uma vontade incomensurável de ser possuída por ele de todas as maneiras possíveis. Daria para ele de quatro, e ele fruiria cada centímetro do meu corpo sólido e bem torneado. Devo acrescentar que, não obstante ter transposto a barreira dos quarenta anos, tenho o corpo modelado por exercícios físicos diários e me cuido muito bem, controlando minha alimentação de maneira espartana. Jamais darei as mulheres de minha idade, que freqüentam a academia, os salões e as festas da high society, o gostinho de poderem dizer, pelas minhas costas, como é do feitio dessas vagabundas, que minha bunda está enorme, que sou um pudim de celulite ou que as estrias já estão tomando conta de mim.<br /><br /><br />Creio que fujo do assunto. Bom, o fato é que fiquei loucamente obcecada pelo rapaz da publicidade de pasta de dentes e comecei a mexer os meus pauzinhos para mexer o pauzinho dele. Uma mulher da minha idade que não possuísse o meu dinheiro, inteligência e vitalidade, se entregaria a devaneios e sonhos eróticos com esse homem, acordando no meio da noite toda molhada, mas se contentando em apagar o fogo da xana com o marido ou namorados machistas e inexpressivos, sempre nessa velha e mesquinha frigidez que tira todo o sentido da vida. Mas eu não. Eu corro atrás do que quero. Chequei qual agência foi a responsável pela criação e telefonei, pedindo o contato do modelo. Aleguei, para não ficar malvista, que pretendia contratá-lo para uma campanha da minha empresa. Foi moleza. Forneceram-me o número de celular dele. Liguei para o Renato, esse era o nome dele. Utilizando ainda o pretexto de seleção de casting para uma campanha da minha empresa, marquei um almoço com ele para o dia seguinte. Creio que ele tenha entendido minhas segundas intenções, pois uma empresária de grande porte como eu possui um departamento de marketing eficiente para cuidar de assuntos desse tipo. Mas nos encontramos enfim num dos melhores restaurantes da cidade e tive uma pequena decepção: achei-o mais baixo do que na propaganda de tevê. De resto, era mesmo um deus: além dos dentes perfeitos, requisito básico para um modelo como ele, o corpo era todo sarado, os olhos brilhantes e invasivos e, ao contrário da maioria dos homens que trabalham nesse ramo, Renato possuía grande cultura, inteligência e educação. Fiquei, além de transtornada de tesão, encantada com aquele homem. Mas, como é do meu estilo, fui direta. Disse: “Quero ir para a cama com você”. Ele não se mostrou surpreso, nem ofendido, tampouco constrangido. Ficou calado por alguns instantes e me disse, finalmente: “Samira, peço desculpas, mas não faço michês. Além do mais, tenho uma noiva”. Eu retorqui que jamais tinha passado pela minha cabeça que ele fizesse michês – embora muitos deles façam – mas que eu tinha uma necessidade impetuosa de que ele transasse comigo. Para enfatizar isso, por baixo da mesa, rocei minha perna na dele. É importante dizer que eu, para ter sucesso na minha empreitada, vesti meu melhor e mais provocante vestido, com um decote generoso e curto o suficiente para que ele visse minhas lindas pernas. Estava também perfumada e, quando falava, colocava no tom de voz a ênfase necessária para deixar com que aquele homem entendesse claramente todas as minhas intenções. Ficamos um bom tempo conversando, eu ousando cada vez mais, sugerindo que saíssemos dali diretamente para um motel, que eu faria tudo que ele quisesse, sacanagens que o deixariam completamente louco, que ele usaria e abusaria de todo o meu corpo. A resistência dele ia sendo vencida, afinal de contas ele era um homem e não existe nem nunca existiu um homem que pudesse resistir a uma mulher como eu. Então eu joguei a cartada final: “Vem bobinho. Vou fazer com você tudo que sua noiva não faz”. Devo admitir que foi um golpe ousadíssimo de minha parte: se ele amasse muito a noiva, poderia se ofender e tudo iria por água abaixo. Mas minha perspicácia jamais me traiu. Ele me disse, entre envergonhado e excitado: “Nunca fiz sexo anal. Minha noiva não gosta e as minhas namoradas anteriores não permitiram”. Fiquei tão comovida que tive vontade de chorar. Com esforço para não deixar transparecer minha emoção, respondi: “Então vamos. Vou dar o meu cuzinho pra você. Bem gostoso”.<br /><br /><br />Quando chegamos ao motel, foi bom. Não foi nada de outro mundo e, pra falar a verdade, já tive fodas muito melhores. O rapaz era mesmo tímido e, para minha surpresa, inexperiente. Deixei que ele fizesse o que quisesse, e ele fez um esforço descomunal para não gozar com todas as coisas que eu fazia para ele. Primeiro chupei seu pau demoradamente e com esmero, utilizando toda a técnica que possuo, engolindo até o talo, passando a língua em toda a sua extensão, da glande até a base, e depois nos testículos. Quando ele estava no ponto, deitei com as pernas bem abertas e disse: “Vem”. Enquanto ele me fodia, falava sacanagenzinhas no ouvido dele, chamava-o de “meu garanhão”, de “fodedor” e de “meu homem”. Notei que ele ficava particularmente exaltado com essa última expressão, e comecei a usá-la mais. Depois de uns vinte minutos, variando as posições, dei para ele o que lhe prometi: meu ânus. Eu também tenho a técnica perfeita para a prática do sexo anal e, quando ficava nítido que ele iria ejacular, segurava um pouco os movimentos para prolongar seu prazer. Depois de menos de dez minutos comendo meu cu, ele não agüentou mais e sinalizou que iria gozar. Pedi que ele ejaculasse na minha boca. O sêmen dele era levemente adocicado, senti vontade de engolir, mas achei que era prêmio alto demais para um rapaz que me deu um grau médio de prazer.<br /><br /><br />Quando saímos do motel, perguntei onde ele queria que eu o deixasse e, no caminho, conversamos de forma descontraída sobre vários assuntos. Chegamos ao prédio dele, ele perguntou se eu não queria subir, eu respondi que não. Então Renato perguntou-me quando nos veríamos novamente. Respondi que nunca mais. Tive um rápido momento de ternura para com ele quando me perguntou por quê, se ele tinha feito algo que eu não gostara. Argumentei que não era nada daquilo, apenas não achava prudente que nos víssemos, eu sou uma mulher conhecida, recém-divorciada, e ele tem uma noiva. Foi apenas uma aventura, nada mais. Ele balançou a cabeça afirmativamente, beijou-me no rosto e desapareceu pela porta do edifício.<br /><br /><br />Voltando para casa, me senti estranha. Mais uma vez eu tive o que queria, da forma como queria. Venci mais um jogo, era uma mulher poderosa, capaz de conquistar quem e o que quisesse. Então por que não conseguia parar de pensar em Renato, tirá-lo da minha cabeça? Tomei um banho, jantei, e fiquei na cama assistindo tevê. Quando Renato apareceu, submerso naquelas águas puras, limpas e refrescantes, não consegui conter as lágrimas. O que diabos estava acontecendo comigo?<br /><br /><br />---------------------------------------------------------------------<br /><br /><br />O gosto de uma conquista é saboríssimo, porém efêmero. Uma vez conquistado um prêmio, você já quer outro. Colecionei, ao longo da vida, namorados de todos os tipos. De todas as classes sociais. Dos mais diferentes ramos de atividades. Para alguns, dei já no primeiro encontro. Outros, cozinhei em banho-maria, para deles tirar mais vantagens e maior proveito. Com a idade que tenho, com o vigor e determinação que carrego em mim, considero-me uma mulher única, capaz de ter tudo que quero, da forma que quero.<br /><br /><br />E tive, efetivamente, tudo o que quis até então. Mas faltava uma coisa. Fui, com o passar dos anos, cedendo a um desejo voraz, até que ele se tornasse uma obsessão. Eu queria... Não sei se serei compreendida, creio que serei até discriminada ao fazer essa confissão. Mas já há algum tempo, tenho tido uma vontade incontrolável de dar para o Zé Ramalho. Não posso mais ouvir aquela voz de trovão, rascante, dizendo “pague meu dinheiro e vista sua roupa” que fico todinha molhada. Compreendi que era necessário encontrar um meio de dar para ele, sem demora. E que isso naturalmente seria mais difícil do que foi com o rapaz da propaganda de pasta de dentes. Acionei meus contatos, pessoas influentes do meio artístico. Uma delas prometeu-me um encontro com o Zé. Tratava-se de Esther, amiga de longa data e proprietária de uma casa de shows. Encontrei-me com ela em seu escritório.<br /><br /><br />“Menina, me explica essa coisa do Zé Ramalho. O que você quer com ele?”<br />“Você promete que não vai ter um troço?”<br />“Diz logo”<br />“Quero dar para o Zé”.<br /><br /><br />Esther encarou-me com olhar divertido e apalermado, como se achasse que eu estava brincando. Enfatizei que era sério. Que eu vinha sonhando todas as noites com Zé Ramalho, imaginando-o roçando aquela barba no meu púbis, me dizendo as coisas mais sacanas e sugerindo-me as maiores loucuras, aventuras, viagens. Era sexo, era transcendência, psicodelia, musicalidade, tesão. Tudo misturado.<br /><br /><br />“Olha, já vi gostos estranhos, fantasias bizarras e fetiches não-convencionais. Aliás, na idade em que estamos e com a vida que levamos, nada mais nos surpreende. Mas, amiga, mesmo assim estou bege!”, me disse Esther, enquanto discava um número no aparelho de telefone.<br />“Pra quem você está ligando?”, perguntei um pouco incomodada.<br /><br /><br />Ela não respondeu. Minutos depois, alguém atendeu e ela disse:<br /><br /><br />“Zé, tudo bem? Tenho uma amiga aqui que é uma grande fã sua. Chama-se Samira. Ela gostaria de lhe falar.”<br /><br /><br />E a filha da puta me estendeu o fone. Gesticulei desesperada. De repente, toda a segurança que sempre tive me faltou. Porra, era o Zé Ramalho! O que eu iria dizer? O que iria fazer? Esther me sussurrou “vai boba, fala com ele”.<br /><br /><br />“Alô...”<br />“Alô, Samira. Como vai? Esther me disse que você é minha fã. Amanhã estarei por aí. Posso lhe pagar um almoço?”<br /><br /><br />Só consegui responder que sim. Não consegui dizer mais nada. Travei, minha boca ficou seca. Era o Zé Ramalho, era aquela voz inconfundível, aquele sotaque. E eu estaria frente a frente com ele no dia seguinte. A noite toda não pude dormir. Entre nervosa, ansiosa e excitada, só me acalmei depois de me masturbar. Ouvindo, na minha cabeça, Zé Ramalho cantando só para mim: “Eu vou te jogar num pano de guardar confetes...”<br /><br /><br />---------------------------------------------------------------------<br /><br /><br />Cheguei com antecedência ao restaurante no qual combinei me encontrar com o Zé e, para minha surpresa, ele já me esperava degustando um vinho. Quando me aproximei, ele me abraçou e comentou algo sobre a minha exuberante beleza. Um galanteador. Não sei se pelo vinho ou pelo carisma que emana dele, mas o fato é que eu já não estava mais apreensiva. Conversávamos sobre música, sobre sucesso, sobre dinheiro, sobre viagens. Ele era tudo que eu esperava dele e um pouco mais. Contou-me que tinha alguns shows programados na cidade no próximo mês, disse que eu seria sua convidada de honra. E então começou a cantar sua música mais recente. Não pude me conter: lágrimas caíam de meus olhos aos borbotões. Ele se assustou e, todo solícito, estendeu-me um lenço – que eu guardaria por toda a vida – e perguntou-me o que havia. Contei-lhe tudo: que era apaixonada por ele – uma mentira calculada para chegar logo ao meu objetivo, que era dar para ele – e que desde criança sonhava com aquele dia. Pagamos a conta e fomos para o seu apartamento. Ele serviu-nos mais uma dose de vinho, colocou no toca-discos um vinil de Cole Porter.<br /><br /><br />“Então, minha pequena, me diga o que você quer de mim”, me disse, olhando nos olhos.<br /><br /><br />Pedi que ele me chamasse de “baby”, e ele cantarolou:<br /><br /><br />“Baby, baby, baby... uou ô ô ô ô…”<br /><br /><br />Fiquei alucinada. Pulei sobre ele, enlacei minhas pernas em sua cintura.<br /><br /><em><br />Quanto tempo falta para lhe esquecer<br />Quanto vale um homem para amar você?</em><br /><br /><br />Zé é, devo dizer, muito bom de cama. Nenhum homem me levou a um nível tão místico no sexo quanto ele. Não sei se era o homem real de carne e osso que ali estava ou se o mito que em torno dele se construiu que me levaram àquela loucura toda. E, evidentemente, o pinto dele era enorme. Fizemos, repetimos, conversamos, repetimos novamente, fumamos, demos outra. Depois eu queria mais, mais ele disse que não seria capaz nem com pílula azul.<br /><br /><br />“A idade é uma praga, meu amor”, me disse.<br /><br /><br />---------------------------------------------------------------------------<br /><br /><br />No dia seguinte, eu estava nas nuvens. Sentia-me a mais poderosa e amada das mulheres da face da Terra. Era como um garotinho que depois de encher um álbum de figurinhas todo, tirava a última que faltava, mais brilhante, especial e premiada. Minha figurinha era o Zé Ramalho. Eu tinha dado para o Zé Ramalho. Estava em casa, rememorando tudo o que havia se passado, quando Esther me ligou:<br /><br /><br />“E então, amiga? Como foi com o Zé?”<br />“Ma-ra-vi-lho-so, Esther! Que homem perfeito! Tive uma noite inesquecível!”<br />“Hum, que bom. Mas você não notou nada de diferente?”, me disse Esther, entre risos.<br />“Como assim?”, perguntei já antevendo a desgracenta revelação que se seguiria.<br />“Samira... Eu te sacaneei. Aquele não é o Zé Ramalho. É o Duda Ramalho, o maior sósia do Zé Ramalho no Brasil. O verdadeiro Zé tá numa turnê em Portugal! Ha ha ha. Não acredito que você caiu...”<br /><br /><br />Desliguei o telefone na cara da cretina. Tomei um porre de Prozac, só acordei no dia seguinte. Filha da puta, tomara que morra. Que morra!</div>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-70873472202392176442009-12-11T20:51:00.004-02:002009-12-11T21:00:20.202-02:00Eu tenho Fé<div align="justify">Era uma quarta-feira de outono, mas não fazia frio por incrível que pareça. Ele pegou seu carro e começou a procurar o que fazer na noite paulistana. Ele começou a rodar pelo centro da cidade, olhando com o rabo do olho a fauna noturna para ver se tinha algo a ser feito. Precisava ser feito, aquela era uma noite especial para ele. Antes que se desse conta, havia começado um pequeno engarrafamento nos arredores da Haddock Lobo. Discutia negócios com uma moça de pernas grossas e cabelos loiros, escondida em um canto não-iluminado. A voz sedosa e os seios fartos foram o elemento vencedor no negócio. Kátia. No caminho para o motel-abatedouro, cantarolava na cabeça a música de Fausto Fawcett, imaginando como seria uma calcinha que afundasse um navio de guerra inglês na Guerra das Malvinas. </div><div align="justify"></div><div align="justify">Mas outra coisa acabou chamando a atenção no caminho até o ponto onde a noite se consumaria: no sorriso da moça, ele notou um queixo prolongado que a escuridão encobria. Passou a mão em sua coxa esquerda como parte da preliminar, para aquecer os motores. Sentiu uma aspereza não muito comum naquela área, mesmo porque ele nunca ouviu falar de uma prostituta que usasse meia-calça no exercício da profissão. Sabia disso porque primeiramente, nunca viu uma puta de meia-calça. E porque se lembrava daquele episódio da Família Dinossauro onde o réptil-pai dizia que a punição para a mulher entrar nas regras morais de sociedade seria a meia de nylon.</div><div align="justify"></div><div align="justify">Conforme os semáforos iam passando, o sorriso e a lascívia do motorista mudavam para uma expressão taciturna, compenetrada, como se estivesse no lugar daquele piloto do Top Gun do começo do filme onde ele tenta guiar seu F-14 para a pista do porta-aviões no meio da tempestade na alvorada. Ela sentiu a vibração e também refreou-se em seus comentários. Ambos entraram no piloto automático e seguiram para seu inexorável destino. </div><div align="justify"></div><div align="justify">Chegando no quarto, que se resumia a uma cama e um criado mudo (além do emblemático televisor com circuito fechado de pornografia), ele teve uma chance melhor de ver o que havia alugado por alguns momentos. Ela era morena, tinha a pele bronzeada de sol. Uma tatuagem de beija-flor na omoplata direita. E um pênis. Não havia se assustado. Sabia desde o momento em que passou a mão nas coxas dele/a que havia comprado gato por lebre. A barreira do susto inicial de se deparar com outro pênis na sua vida senão o dele foi superada e ele tentou acionar o seu lado criativo e designer. </div><div align="justify"></div><div align="justify">Tentou tocá-la depois que ela saiu do banho, mas sem sucesso. Ela não aceitou nenhuma carícia, sequer tocar em seus seios. Limitou-se a empinar a bunda de bruços na cama de casal e dizer “vai, estrupa”, com um português desgraçado. Respirou fundo, pensou na noite que se seguia e fez o que devia. De meia e camiseta, montou em cima de “Kátia”. A ação toda durou pouco mais de sete minutos, tempo mais do que suficiente para o que pretendia. </div><div align="justify"></div><div align="justify">“Kátia” recebeu seu pagamento pela noite e saiu antes do motel. Ele ficou um pouco mais para honrar a meia-hora padrão dos abatedouros no centro da cidade. Tomou um ar, acendeu um cigarro e limpou o pinto na pia do motel. Dirigiu tranqüilo para casa, desviando das rotas que levavam ao estádio de futebol. Chegou em casa, ligou a tevê. Era a final da Taça Libertadores da América de 2005. Pênalti para o Atlético Paranaense. </div><div align="justify"></div><div align="justify">- Peguei um travesti sem saber e consegui cumprir o meu ‘dever’. Se eu consegui, ele consegue pegar esse pênalti. Eu tenho fé.<br />Rogério Ceni pulou no canto e apanhou a bola. O São Paulo Futebol Clube ia para o Japão. E ele nunca mais andou pela Haddock Lobo, fosse de dia ou de noite. </div><div align="justify"></div>Estórias Gozadashttp://www.blogger.com/profile/08977385254509288424noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-8012417815355349882009-12-08T05:40:00.008-02:002009-12-08T06:10:52.267-02:00Das fantasias de cada um<div align="justify">Nunca tive uma postura vulgar. Sou uma mulher culta. E sempre tive inteligência acima da média. Gosto de leitura, poesia, teatro e tenho pensamento crítico. Sei falar de política também. Gostar de sexo, mesmo que seja muito, nunca fez de mim uma puta. </div><div align="justify"><br />Sexo pra mim sempre foi lugar-comum. Minha mãe falava abertamente comigo, muito antes de eu me tornar “mocinha”. Minha irmã, sete anos mais velha, expunha de maneira lúdica assuntos como menstruação, reprodução, beijo de língua, entre outros. E eu, sempre muito precoce, não só entendia como queria cada vez mais experimentar aquelas sensações. Aos 11 anos de idade menstruei. Aos 11 também comecei a descobrir os prazeres da masturbação, inclusive através de estimulações anais. Não demorou muito para que eu começasse a experimentas as sensações oferecidas pelo sexo oposto, iniciando pela felação até, finalmente, ser desvirginada aos 15 anos. De lá pra cá experimentei de tudo. Não tive mais pudores quanto ao sexo, salvo algumas exceções. Gosto de sexo viscoso, de troca de fluidos. Gosto de sexo selvagem, quente, bruto. Gosto de transar menstruada, de me sentir dominada por um sujeito viril, que me faça escrava a seu bel prazer. Já experimentei todos os tipos de relações, com todos os tipos de pessoas, muitas delas ao mesmo tempo. Inúmeras vezes me vi sorvendo um membro com toda destreza, enquanto outro me penetrava com volúpia. E, como boa hedonista, me sentia realizada. Sempre quis mais, sempre tive mais.<br /><br />E no meio desta vida regada a orgias e troca de líquidos, eu o conheci. Tínhamos um amigo em comum, um dos poucos amigos com quem eu ainda não havia me deitado. Um amigo do meu lado culto, não do lado devassa. E ele era lindo. Desde o momento que o fitei, senti um enorme desejo carnal, uma vontade louca de me entregar por completo, deixá-lo explorar todos os lugares do meu corpo e me penetrar de todas as formas possíveis. Porém, o rapaz em questão era virgem. E tímido. Como me entregar para uma pessoa assim, sem parecer vulgar? Pois o segredo das mulheres que gostam de sexo está em não expor isso rotineiramente, ou seja, sua postura no dia a dia não pode ter algo a ver com seu desempenho na cama. Mesmo que déssemos alguns beijinhos freqüentemente, eu precisava guiar sua mão até meu seio para que ele avançasse o sinal, e mesmo assim não era um grande avanço. O máximo que consegui até então foi lamber seu membro. Sim, ele tinha ejaculação precoce e antes mesmo que eu o abocanhasse inteiro, senti aquela viscosidade em minha boca. Um misto de frustração e sensação de incompetência.<br /><br />Até que um dia conversamos abertamente. Perguntei se eu não o agradava, se ele não me desejava ou se poderia melhorar eu algo, e ele me confidenciou que tinha uma fantasia. Aquilo me deixou excitadíssima. Contive minha euforia e procurei explorar um pouco o assunto. Ele me disse que era complicado, pois achava que nenhuma mulher aceitaria, e tentei mostrar-me o mais compreensiva possível, rezando apenas para não se tratar de zoofilia ou sexo escatológico. Conversamos a semana inteira a respeito do assunto e resolvi pedir que ele me contasse qual era a fantasia, para que pudéssemos realizá-la junto. Assim eu me sentiria mais confiante e ele teria muito mais prazer. Ele achou por bem não me contar, mas consentiu em realizá-la comigo no final de semana. E eu não agüentava mais de excitação.<br /><br />Ele chegou a minha casa com uma mala de viagem. Percebi que a fantasia em si era realmente uma fantasia, que necessitava de apetrechos. Sentia-me eufórica, excitada, completamente molhada. Ele tímido, parecia se arrepender de ter me contado. Eu não via a hora de descobrir qual era a tal fantasia. Ele vendou meus olhos com muita delicadeza, me deu um beijo terno e me agradeceu. E eu só pensava em tirar aquela venda e descobrir a tal fantasia secreta. Já sentia meu prazer escorrendo por minhas pernas. Não lembro quanto tempo levou, mas enfim ele chegou perto de mim. Senti seu corpo quente, em seguida sua boca subindo por minhas pernas e enfim sua língua de encontro a minha. Um beijo forte, que ele nunca havia me dado. Ele tirou a venda. </div><div align="justify"><br />Para minha surpresa, ele não estava mais lá. Estava ali comigo Saint Seiya, dos Cavaleiros do Zodíaco. Contive o riso, fiquei de quatro com o rosto abaixado, quase enfiado no travesseiro e pedi para que Saint Seiya depositasse em mim toda a cólera do dragão (sim, eu confundi os personagens e fui corrigida por ele). Ele parecia gostar daquilo, demorou mais para gozar, cerca de cinco minutos. E no ápice da penetração, ele trocou o gemido por um grito excêntrico: “Me dê sua força, Pegasuuuuuus...” e caiu de lado, desfacelido. Ao acordar ele me agradeceu. Fiquei feliz por realizar sua fantasia, mais feliz ainda por descobrir que eu o amo, mesmo com essa esquisitice.<br /><br />Esta noite eu serei a Pucca e ele o Garu.<br /></div><blockquote></blockquote>Liliane Akaminehttp://www.blogger.com/profile/00686636286260788836noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-5002950958009449355.post-62894182987737800972009-12-05T21:56:00.002-02:002009-12-05T22:33:55.250-02:00Corinthians<div align="justify">Por mais que o pai tentasse focá-lo em outras coisas, só pensava em futebol. De pequeno colecionava figurinhas, tinha pôsteres no quarto do Marcelinho, Neto, Tupãzinho, Biro-Biro... Ia a todos os jogos do Corinthians, mas chegara aos 21 anos sem uma namorada que fosse. O pai era do tipo machão e temia que o filho fosse veado. Resolveu fazer o teste. </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">Calhou de chegar à casa Julieta, uma prima de 16 anos, vinda do interior. Malicioso, Oduvaldo viu que ela tinha grande potencial para a sacanagem e pensou: “Eis aí uma grande chance do Junior perder o cabaço”. Mas Junior, como sempre, só queria saber de uma coisa: Coringão. Mal olhava para a prima e o pensamento estava absorto no campeonato paulista, que chegava aos seus estertores. Domingo, o Palmeiras. O empate é nosso, a taça é nossa, pensava. Julieta, que por ele se interessou logo de cara, provocava. Usava roupas sumárias, aproveitando o mote da menina ingênua vinda da roça. Oduvaldo tentava compor climas, saía com a mulher, deixava os dois sozinhos. À volta, perguntava marotamente: “E então, minha sobrinha? O que vocês aprontaram?”. Fazia cara de choro quando ela dizia que nada, que Junior saíra para comprar ingresso com os amigos da Camisa 12, facção local. </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">Quando a esperança já estava perdida, aconteceu. Os pais saíram de casa e eles novamente ficaram sozinhos. Era o domingo da final. Julieta, para agradar, vestiu uma camisa do Corinthians do primo, que ficou larga nela. Por baixo, apenas calcinha. Suas pernas brancas e lisas, aparecendo sob o manto sagrado alvinegro, enfim pareceram despertar alguma reação no corintiano. Olhou-a profundamente, fitando longamente os seios, que na ansiedade da prima subiam e desciam num louco resfolegar, o distintivo do clube se movimentando e, enfim... Não mais puderam conter-se. Enquanto Marcelinho aproveitava uma bola que sobrou na área para fazer 1x0, ele a agarrou. Beijaram-se loucamente, avidamente. Ela ia tirar a camisa, ele pediu: “Não. Não tira.” Ela montou em cima dele, ele tirou-lhe a calcinha. Começou a comê-la, mas sentiu, desesperado, que a excitação ia diminuindo-lhe. Ela fingia não perceber, continuava os movimentos, torcendo para que o primo se recuperasse. Mas era um esforço vão. Um gol do Palmeiras, acontecendo naquele momento, terminou com tudo. Broxou. Ela procurou consolá-lo, enquanto lágrimas sinceras desciam por suas faces. “É assim mesmo, meu amor. Todos ficam nervosos na primeira vez”. Como era decidida, não desistiu. Esperou alguns minutos para que ele se recuperasse e voltou à carga. Agarrou seu pênis com as duas mãos e começou a movimentá-lo, ritmadamente. Tinha muita técnica e seu rostinho inocente não denunciava a vasta experiência que tinha atrás de cercas, pomares e igrejas na sua cidade natal. Depois de algum tempo de esforço inútil, viu que os olhos dele estavam cravados na TV, apreensivos. Veio o segundo gol do Palmeiras, a virada. Passou um infindável tempo fazendo de tudo, gastando seu repertório de sacanagens e habilidades manuais e orais. Mas nada, destruído, ele encarava o televisor. Quando Julieta ia agarrar o controle remoto e desligá-lo, uma bola de Ricardinho chegou para que Edílson empurrasse para as redes. Gol. Ele gritou, pulou, a abraçou. E, ato reflexo, pulou pra trás. Estava de pinto duro. Inexplicável, mas ela não perdeu muito tempo tentando entender. Empurrou-o para o sofá e subiu nele de novo. Depois, trocaram de posição. E foram assim, dessa vez sem parar, até que ele gozasse. Gozou no exato momento em que o Capetinha Edílson fez as famosas embaixadinhas e o jogo acabasse em pancadaria e título para o Corinthians. O êxtase era total. Era um homem.</div><div align="justify"><br /><br />Fato é que essa experiência, com todos os seus elementos, forjou sua rotina sexual. Passou a preferir, para transar, os dias de jogos do Corinthians. As parceiras estranhavam, no motel, que a TV ficasse ligada no futebol. Algumas não agüentaram mesmo a esquisitice e se mandaram. Mas ele seguiu assim durante algum tempo, sem pensar em se tratar e sem contar o fato para ninguém.</div><div align="justify"><br /><br />Em 2007, começou a namorar Regina. Uma mulher que tinha todas as qualidades, exceto uma: era palmeirense. No início, continuou com sua odisséia sexual: levou-a para motéis e transavam assistindo aos jogos. Explicou-a que só conseguia gozar assim, e ela pareceu entender. Mas a situação se complicou durante o campeonato brasileiro. Cada derrota do Corinthians significava para ele um mau desempenho sexual. A cada gol tomado pelo goleiro Felipe, correspondia uma broxada. A cada gol perdido por Lulinha, Finazzi ou Clodoaldo, outras. A situação não podia ser mais patética. Regina se esforçava, tentava criar fantasias, dizia-lhe: “Vem, me fode. Me fode como você gostaria de foder o Palmeiras”. Ele se animava, mas um segundo depois alguém cruzava bola na área do Corinthians, Betão e Zelão paravam pedindo impedimento, vinha o gol e seu pênis caía, como o Felipe dentro do gol.</div><div align="justify"><br /><br />Não podia terminar de outro jeito: no dia em que o Corinthians caiu pra Série B, como desgraça pouca é bobagem, Regina lhe abandonou. Ele deixou-se ficar, infeliz, deitado na cama. E pensava consigo mesmo: “Se não tivessem suspendido o Finazzi...”</div>Rafa Gimenezhttp://www.blogger.com/profile/00215422639537100690noreply@blogger.com4